sábado, 27 de novembro de 2010

A missão da beata Jacinta em salvar a alma dos pecadores – Parte final

Poderosa intercessora diante de Nossa Senhora

Tanto ardor de devoção ao Imaculado Coração de Maria, que queimava dentro de seu peito, nos faz compreender que era procurada já em vida para obter graças especiais de Nossa Senhora. Narra Lúcia: “Encontrou-nos, um dia, uma pobre mulher e, chorando, ajoelhou-se diante de Jacinta, a pedir-lhe que obtivesse de Nossa Senhora a cura de uma terrível doença. A Jacinta, ao ver de joelhos diante de si uma mulher, afligiu-se e pegou-lhe nas mãos trêmulas para a levantar. Mas vendo que não era capaz, ajoelhou-se também e rezou com a mulher três Ave-Marias; depois pediu-lhe que se levantasse, que Nossa Senhora havia de curá-la. E não deixou mais de rezar todos os dias por ela, até que, passado algum tempo, tornou a aparecer para agradecer a Nossa Senhora a sua cura” (I Memória, p. 40).

Um outro caso, dentre muitos, também narrado por Lúcia:

“Uma tia minha, casada na Fátima, de nome Vitória, tinha um filho que era um verdadeiro pródigo. Não sei por quê, havia tempo que tinha abandonado a casa paterna, sem se saber que era feito dele. Aflita, minha tia veio um dia a Aljustrel, para eu pedir a Nossa Senhora por aquele seu filho. Não me encontrando, fez o pedido à Jacinta. Esta prometeu pedir por ele. Passados alguns dias, apareceu em casa a pedir perdão aos pais, e depois foi a Aljustre contar a sua desventurada sorte.

Depois (contava ele) de haver gastado tudo que tinha roubado, andou vário tempo por lá, feito vadio, até que foi metido na cadeia de Torres Novas. Algum tempo depois de ali estar, conseguiu uma noite escapar-se e meteu-se por entre montes e pinhais desconhecidos. Julgando-se completamente perdido, entre o susto de ser apanhado e a escuridão da noite cerrada e tempestuosa, encontrou-se com o único recurso da oração. Caiu de joelhos e começou a rezar. Passados alguns minutos, afirmava ele, apareceu-lhe a Jacinta, pegou-lhe pela mão e o conduziu à estrada de macadame que vem do Alqueidão ao Reguengo, fazendo-lhe sinal que continuasse por ali. Quando amanheceu, achou-se a caminho de Boleiros, reconheceu o ponto onde estava e, comovido, dirigiu-se à casa dos pais.

Ora bem, ele afirmava que a Jacinta lhe tinha aparecido, que a tinha reconhecido perfeitamente. Eu perguntei a Jacinta se era verdade ela lá ter ido com ele. Respondeu-me que não, que nem sabia onde eram esses pinhais e montes onde ele se perdeu.

— Eu só rezei e pedi muito a Nossa Senhora por ele, com pena da tia Vitória.

— Como foi então isso?
— Não sei, sabe-o Deus” (IV Memória, pp. 175-176).

Podemos imaginar perfeitamente que um anjo tomou a figura de Jacinta, para indicar ao beneficiado a intercessora de sua salvação!

Se tal é o poder de intercessão de Jacinta junto a Nossa Senhora, os devotos de Fátima podem valer-se dela em suas necessidades materiais e espirituais, acrescentando no fim de sua oração a jaculatória: Beata Jacinta Marto, rogai por nós! Mas ela se identificou de tal maneira com a Mensagem de Fátima, que seria melhor invocá-la, como a chama o Pe. Fernando Leite SJ, como Beata Jacinta de Fátima.

Parece-nos que, neste ano do centenário do seu nascimento, seria esta uma homenagem que agradaria a Nossa Senhora. Julgue a Santa Igreja esta despretensiosa sugestão!

Fonte: Revista Catolicismo

Bibliografia


· Memórias da Irmã Lúcia, compilação do Pe. Luís Kondor SVD, Vice-Postulação–Fátima, 6ª Ed., 1990.


· Cônego José Galamba de Oliveira, Jacinta, Gráfica de Leiria, 7ª Ed., 1976.


· Padre Joaquín María Alonso CMF, Doctrina y espiritualidad del Mensaje de Fátima, Cap. VIII, Jacinta, la víctima de la reparación cordimariana, Arias Montano Editores, 1990, pp. 131-147

· Padre Fernando Leite SJ, Jacinta de Fátima, Editorial A.O., Braga, 5ª Ed., 1999

A missão da beata Jacinta em salvar a alma dos pecadores – Parte 4

Compenetração do castigo que paira sobre o mundo
A impressão que o segredo de Fátima causou sobre a pequena Jacinta foi tão grande que a Irmã Lúcia, diante do pedido do bispo de Leiria para que pusesse por escrito tudo mais de que se lembrasse da vida de sua prima, tomou isso como um sinal do Céu de que era chegado o momento de revelar as duas primeiras partes do segredo. Pois não lhe era possível narrar certos fatos sem mencionar a grande impressão que o segredo provocou na alma de Jacinta.

Em primeiro lugar a visão do inferno, que explica o zelo dela pela salvação das almas, como os fatos até aqui narrados demonstram de sobejo. Ademais, o castigo de guerras e perseguições à Santa Igreja, que Nossa Senhora anuncia se os homens não cessarem de ofender a Deus. Esse fundo de quadro está presente em várias visões particulares que Jacinta teve, e que denotam o fundo de suas cogitações.

Assim, por exemplo, numa tarde de agosto de 1917, estando os videntes sentados nos rochedos do outeiro do Cabeço — onde, no ano anterior, um Anjo lhes aparecera — Jacinta pôs-se subitamente a rezar a oração que o Anjo lhes ensinara, e depois de um profundo silêncio disse à prima: “Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente a chorar com fome e não têm nada para comer? E o Santo Padre numa igreja diante do Imaculado Coração de Maria a rezar? E tanta gente a rezar com ele?” (III Memória, p. 110).

A Irmã Lúcia acrescenta: “Passados alguns dias, perguntou-me:

— Posso dizer que vi o Santo Padre e toda aquela gente?

— Não. Não vês que isso faz parte do segredo?! Que por aí logo se descobria?

— Está bem. Então não digo nada” (III Memória, p. 110).
Um dia, em casa de Jacinta, Lúcia encontrou-a muito pensativa e interrogou-a:

— “Jacinta, que estás a pensar?

— Na guerra que há de vir. Há de morrer tanta gente! E vai quase toda para o inferno! Hão de ser arrasadas muitas casas e mortos muitos padres. Olha, eu vou para o Céu; e tu, quando vires de noite essa luz que aquela Senhora disse que vem antes, foge para lá também” (III Memória, p. 110).
Jacinta recomendou fidelidade a Lúcia

A compreensão profunda da Mensagem de Fátima vê-se em todos os pensamentos expressos por Jacinta. Como se sabe, na primeira aparição Nossa Senhora tinha dito que a levaria logo para o Céu. Mais tarde, em aparições particulares, disse-lhe que seria transferida para Lisboa e lá morreria sozinha; mas que não temesse, porque a própria Mãe de Deus estaria com ela, como de fato aconteceu. Os livros que tratam de Fátima descrevem os fatos com pormenores. Destaquemos um.

Pouco antes de ir para o hospital, lembrando-se de que Lúcia fraquejara em vários momentos, Jacinta disse a ela: “Já me falta pouco para ir para o Céu. Tu ficas cá para dizeres que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Quando for para dizeres isso, não te escondas, dize a toda a gente que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria, que lhas peçam a Ela, que o Coração de Jesus quer que, a seu lado, se venere o Coração Imaculado de Maria. Que peçam a paz ao Imaculado Coração de Maria, que Deus lha entregou a Ela. Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!” (III Memória, p. 112).

Fonte: Revista Catolicismo

A missão da beata Jacinta em salvar a alma dos pecadores – Parte 3

Jacinta (sentada) e Lucia
Uma corda áspera ao modo de cilício

Na aparição de agosto — realizada dias depois do dia 13, pois nesse dia haviam sido raptados pelo administrador de Ourém, que lhes quis arrancar à força o segredo — a Santíssima Virgem recomendou-lhes de novo a prática da mortificação: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas” (II Memória, p. 75).

Passados alguns dias, caminhando os videntes com suas ovelhas, Lúcia deparou com um pedaço de corda de uma carroça. Pegando-a, a brincar, atou-a num braço e logo notou que a corda a magoava. Disse então aos primos: “Olhem, isto faz doer; podíamos atá-la à cinta e oferecer a Deus este sacrifício” (II Memória, p. 75). Todos aceitaram a idéia, e retalhando a corda em três pedaços, passaram a usá-la de dia e de noite. A aspereza da corda, apertada demasiadamente, fazia-os sofrer horrivelmente. Jacinta deixava às vezes cair algumas lágrimas, pelo incômodo que sentia. Lúcia dizia-lhe para tirar a corda, mas ela respondia: “Não. Quero oferecer este sacrifício a Nosso Senhor, em reparação e pela conversão dos pecadores”
(II Memória, p. 75).

Por esta resposta, pode-se ver até que ponto Jacinta estava imbuída do espírito de reparação. Por isso, na aparição de setembro, Nossa Senhora lhes disse: “Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda, trazei-a só durante o dia” (II Memória, p. 77).

Noutra ocasião, Jacinta deparou com umas urtigas, com as quais se picou. Logo advertiu os companheiros: “Olhem, olhem outra coisa com que nos podemos mortificar!” (cfr. II Memória, p. 75-76). Desde então adotaram o costume de dar, de vez em quando, alguns golpes com as urtigas nas pernas, para oferecerem a Deus mais este sacrifício.

Fonte: Revista Catolicismo

A missão da beata Jacinta em salvar a alma dos pecadores – Parte 2

Antes das aparições de Nossa Senhora, os três videntes tinham a recomendação dos pais de rezar o terço, mas “despachavam” a oração de maneira mais rápida, para irem logo brincar: pronunciavam apenas as primeiras palavras, Padre-Nosso (como se dizia então o que hoje corresponde ao Pai-Nosso) e Ave-Maria. No dia seguinte à primeira aparição, depois de soltar as ovelhas na Cova da Iria, Jacinta sentou-se pensativa numa pedra. Lúcia disse:
— “Jacinta, anda a brincar.

— Hoje não quero brincar.

— Por que não queres brincar?

— Porque estou a pensar. Aquela Senhora nos disse para rezarmos o terço e fazermos sacrifícios pela conversão dos pecadores. Agora, quando rezarmos o terço, temos que rezar a Ave-Maria e o Padre-Nosso inteiros. E os sacrifícios, como os havemos de fazer?” (I Memória, pp. 29-30).

Fora Jacinta a primeira a compreender que essa não era uma maneira séria de rezar o terço, e tirou logo a conseqüência.

Foi também a primeira a procurar os meios de fazer sacrifícios: a primeira idéia que lhe ocorreu foi distribuir a merenda do almoço para umas crianças de uma localidade próxima, chamada Moita, que esmolavam nas aldeias vizinhas. Ao vê-las, Jacinta disse: “Demos a nossa merenda àqueles pobrezinhos, pela conversão dos pecadores” (I Memória, p. 31). E correu a levá-la.

Felizes, as referidas crianças pobres procuravam encontrar os videntes e passaram a esperá-los pelo caminho. E Jacinta, logo que as via, corria a levar-lhes tudo que não lhe fizesse falta.
Naturalmente, no fim da tarde sentiam fome. Conta a Irmã Lúcia: “Havia ali algumas azinheiras e carvalhos. A bolota estava ainda bastante verde, no entanto disse-lhe [à Jacinta] que podíamos comer dela. O Francisco subiu numa azinheira para encher os bolsos, mas a Jacinta lembrou-se de que podíamos comer das dos carvalhos, para fazer o sacrifício de comer a amarga. E lá saboreamos, naquela tarde, aquele ‘delicioso’ manjar. A Jacinta tomou este por um dos seus sacrifícios habituais. Colhia as bolotas dos carvalhos ou a azeitona das oliveiras. Um dia eu disse-lhe:

— Jacinta, não comas isso, que amarga muito.

— Pois é por amargar que como, para converter os pecadores” (I Memória, p. 31).

Outro sacrifício foi o da sede. Um dia, a mãe de Lúcia mandou-a levar o rebanho numa pastagem muito distante, que uma amiga lhe havia oferecido. Era um dia escaldante de verão. Lá chegados, a sede fazia-se sentir. A narração é da Irmã Lúcia:

“A princípio oferecíamos o sacrifício com generosidade, pela conversão dos pecadores, mas, passada a hora do meio-dia, não se resistia. Propus então aos meus companheiros ir a um lugar que ficava perto, pedir um pouco d’água. Aceitaram a proposta, e lá fui bater à porta de uma velhinha que, ao dar-me uma infusa com água, me deu também um bocado de pão, que aceitei com reconhecimento e corri a distribuir com meus companheiros. Em seguida, dei a infusa ao Francisco e disse que bebesse.

— Não quero beber – respondeu.

— Por quê?

— Quero sofrer pela conversão dos pecadores.

— Bebe tu, Jacinta.

— Também quero oferecer o sacrifício pelos pecadores.

Deitei então a água na concavidade de uma pedra, para que a bebessem as ovelhas, e fui levar a infusa à dona” (I Memória, pp. 31-32).

Os exemplos poderiam ser multiplicados, porque tinham adquirido o costume de, de vez em quando, oferecer a Deus o sacrifício de passar nove dias ou até um mês sem beber.

Fonte: Revista Catolicismo

Firmeza de Jacinta propiciou a continuidade das aparições

Jacinta é carregada depois de uma das aparições, para ser protegida da multidão

Como se sabe, a mãe de Lúcia não acreditava na realidade das aparições. Queria obrigá-la a desmentir que tivesse visto Nossa Senhora, não poupando para isso (como contou depois a própria Irmã Lúcia) “carinhos, ameaças, nem mesmo o cabo da vassoura” (I Memória, p. 32 — ver Bibliografia no fim do artigo). Levou-a ao prior da freguesia de Fátima, o qual, mantendo uma atitude de reserva, interrogou-a com amenidade, mas ao fim levantou a hipótese de que poderia “ser um engano do demônio” (II Memória, p. 68).

A hipótese desencadeou compreensível tormenta na alma de Lúcia, que começou a hesitar sobre a conveniência de se apresentar de novo no local das aparições. Ao manifestar a seus primos a dúvida em que se debatia, Jacinta logo a desfez com uma encantadora lógica infantil: “Não é o demônio, não! O demônio dizem que é muito feio e que está debaixo da terra, no inferno; e aquela Senhora é tão bonita, e nós vimo-La subir ao Céu” (II Memória, p. 68).

Isso apaziguou um tanto a alma de Lúcia, mas a dúvida persistia. Esmoreceu nela o entusiasmo inicial pela prática do sacrifício e da mortificação. Assim, na véspera da terceira aparição (13 de julho de 1917) resolveu não voltar mais à Cova da Iria (local das aparições). Chamou então Jacinta e Francisco, e informou-os de sua resolução. Eles responderam: “Nós vamos. Aquela Senhora mandou-nos lá ir” (II Memória, p. 69). E Jacinta pôs-se a chorar, por Lúcia não querer ir.

No dia seguinte, Lúcia sentiu-se de repente impelida a ir, por uma força superior à qual não resistiu. Pôs-se a caminho, passando antes pela casa dos primos. Encontrou-os no quarto, de joelhos ao pé da cama, a chorar.
— “Então, vocês não vão? – perguntou Lúcia.
— Sem ti, não nos atrevemos a ir. Anda, vem!
— Já cá vou” – respondeu Lúcia (cfr. II Memória, p. 70).

E puseram-se alegres a caminho…

Já na aparição de 13 de junho, algo semelhante ocorrera: Lúcia fraquejava diante dos “afagos” da mãe, e a firmeza de Jacinta e Francisco vencera as relutâncias da vidente mais velha das aparições.

A missão da beata Jacinta em salvar a alma dos pecadores – Parte 1

Ao criar cada alma, Deus lhe designa uma missão específica que ela deverá cumprir, ajudada pela graça.
A Igreja os apresenta como modelos e intercessores.

Analisada à luz destas considerações de índole teológica, a vida da beata Jacinta Marto — cujo centenário de nascimento celebramos no dia 11 de março de 2010 — é exemplo da alma que despertou para a sua vocação, não só por ter visto Nossa Senhora, mas também pela compreensão do sentido medular da mensagem de Fátima: a necessidade de rezar pela conversão dos pecadores e oferecer reparação pelos seus pecados, que ofendem a Deus e ferem o Coração Imaculado de Maria. Ela bem o compreendeu .

Alguns fatos da vida de Jacinta mostrarão ao leitor como ela levou a sério essa advertência, compenetrou-se de sua missão e imolou-se pela conversão dos pecadores.



Fonte: Revista Catolicismo

O pranto da imagem de Nossa Senhora de Fátima

O pranto da imagem de Nossa Senhora de Fátima, ocorrido em julho de 1972, foi uma extraordinária advertência ao mundo. A Santíssima Virgem, não tendo mais o que dizer, chora. Entretanto, a humanidade parece insensível as suas lágrimas.

Quem a conheceu, jamais a esquecerá!

Aquele que não a conheceu…, reze para que um dia obtenha essa graça. Para isso vale qualquer sacrifício, pois é um meio excepcional para se ter uma idéia, ainda nesta Terra, de como é a virginal fisionomia de Maria Santíssima no Céu.

Refiro-me à imagem peregrina internacional de Nossa Senhora de Fátima, uma das quatro esculpidas em cedro brasileiro sob orientação imediata da Irmã Lúcia uma  dos três pastorinhos a quem a Virgem Santíssima apareceu em 1917.

 Irmã Lúcia morreu em 2004.

Essa imagem é denominada peregrina internacional, porque percorre o mundo — bem como as outras três — a fim de que todos os povos tenham oportunidade de venerar a Mãe de Deus, sob a invocação de Fátima.
Nossa Senhora em prantos

Das quatro imagens “peregrinas internacionais”, esta a que nos referimos, estando exposta à veneração dos fiéis na cidade norte-americana de Nova Orleans, verteu lágrimas, por 14 vezes.

O impressionante acontecimento foi largamente noticiado por jornais do mundo inteiro, em alguns nas primeiras páginas. Inúmeras pessoas presenciaram e dão testemunho do prodígio. As fotos da imagem em prantos aqui estampadas, e divulgadas naquela época — nas quais se podem notar lágrimas nos olhos e uma gota que pende do nariz — são do Pe. Elmo Romagosa, uma das testemunhas oculares do fato. Esse sacerdote, para obter a plena comprovação de que se tratava verdadeiramente de milagre, fez várias experiências com a imagem, e não encontrando qualquer explicação natural para o ocorrido, caiu de joelhos e acreditou.

Por que chorais?

Qual o significado desse pranto da Virgem Santíssima? É, seguramente, o pranto pelos pecados dos homens . Por quê?

Lágrimas, milagroso aviso
A imprensa diária de São Paulo publicou [em 21 de julho de 1972] uma fotografia procedente de Nova Orleans, na qual se via uma imagem de Nossa Senhora de Fátima a verter lágrimas. O documento despertou vivo interesse no público paulista. Penso, pois, que algumas informações sobre este assunto satisfarão os justos anelos de muitos leitores.

Não conheço melhor fonte sobre a matéria do que um artigo intitulado, muito americanamente, “As lágrimas da imagem molharam meu dedo”. Seu autor é o Pe. Elmo Romagosa. Publicou seu trabalho o “Clarion Herald” de 20 de julho p.p., semanário de Nova Orleans, e distribuído em 11 paróquias do Estado de Louisiana.
Os antecedentes do fato são universalmente conhecidos. No ano de 1917, Lúcia, Jacinta e Francisco tiveram várias visões de Nossa Senhora em Fátima. A autenticidade dessas visões foi confirmada por vários prodígios no sol, atestados por toda uma multidão reunida enquanto a Virgem se manifestava às três crianças.

Em termos genéricos, Nossa Senhora incumbiu os pequenos pastores de comunicar ao mundo que estava profundamente desgostosa com a impiedade e a corrupção dos homens. Se estes não se emendassem, A Rússia difundiria seus erros por toda parte. O Santo Padre teria muito que sofrer. [...]
O misterioso pranto nos mostra a Virgem de Fátima a chorar sobre o mundo contemporâneo, como outrora Nosso Senhor chorou sobre Jerusalém. Lágrimas de dor profunda.

“Folha de S. Paulo”, 6-8-1972
Visita ao Brasil

Depois da milagrosa lacrimação em Nova Orleans, a imagem passou a peregrinar mais intensamente pelos países, e coube ao Brasil o privilégio de ser o primeiro a receber a augusta visitante.
Foi em maio de 1973 que essa miraculosa imagem de Nossa Senhora de Fátima, procedente dos Estados Unidos, desembarcou no aeroporto de Congonhas na capital paulista, recebendo a TFP brasileira a incumbência do trasladá-la. Primeiramente ela ficou na Sede do Conselho Nacional da TFP em São Paulo, depois percorreu várias cidades do norte fluminense e retornou aos Estados Unidos. Mas a maravilhosa imagem pôde voltar ao Brasil diversas vezes a fim de visitar outros Estados de nosso País-continente, o que se deu em 1974, 1975, 1976, 1981, 1985, 1992, 1998, 1999, 2000. A mais recente visita ocorreu em abril de 2002.

Fonte: Revista Catolicismo

Santa Catarina de Labouré

Santa Catarina de Labouré nasceu na França do século XIX numa família que, como tantas outras, sofria com as guerras napoleônicas.

Com a morte da mãe, Catarina assumiu com empenho e maternidade a educação dos irmãos, até que ao findar desta sua missão, colocou-se a serviço do Bom Mestre, quando se consagrou a Jesus na Congregação das Filhas da Caridade. Aconteceu que em 1830 sua vida se entrelaçou mais intimamente com os mistérios de Deus, pois a Virgem Maria começa a lhe aparecer, a fim de enriquecer toda a Igreja e atingir o mundo com sua Imaculada Conceição, por isso descreveu Catarina:

“A Santíssima Virgem apareceu ao lado do altar, de pé, sobre um globo com o semblante de uma senhora de beleza indizível; de veste branca, manto azul, com as mãos elevadas até à cintura, sustentava um globo figurando o mundo encimado por uma cruzinha. A Senhora era toda rodeada de tal esplendor que era impossível fixá-la. O rosto radiante de claridade celestial conservava os olhos elevados ao céu, como para oferecer o globo a Deus.. A Santíssima Virgem disse: Eis o símbolo das graças que derramo sobre todas as pessoas que mas pedem”.
Esta devoção nascida a partir de uma Providência Divina e abertura de coração da simples Catarina, tornou-se escola de santidade para muitos, a começar pela própria Catarina que muito bem soube se relacionar com Jesus por meio da Imaculada Senhora das Graças. Santa Catarina passou 45 anos de sua vida num convento, onde viveu o Evangelho, principalmente no tocante da humildade, pois ninguém sabia que ela tinha sido o canal desta aprovada devoção que antecedeu e ajudou na proclamação do Dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora em 1854. Santa Catarina de Labouré entrou no Céu, ou seja, no convívio eterno com Jesus e Maria em 1876.

Durante toda a sua permanência na “Rue du Bac”, Catarina viu Jesus na Hóstia consagrada, na Comunhão e na Exposição do Santíssimo Sacramento.

Oração de João Paulo II, na Capela.

Oh Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós!É esta a oração, o’ Maria, que tu inspiraste a Santa Catarina Labouré, neste lugar, há cento e cinqüenta anos; doravante, esta invocação, gravada na Medalha, é levada e pronunciada por tantos fiéis no mundo inteiro [...] Tu és bendita entre todas as mulheres!

Tu foste associada intimamente a todas as obras de nossa Redenção, associada à Cruz do nosso Salvador; teu coração foi transpassado, ao lado do seu coração. Agora, na glória de teu Filho, tu não cessas de interceder por nós, pobres pecadores. Tu velas pela Igreja, da qual é a Mãe. Tu velas sobre cada um de teus filhos.

Obtém de Deus, para nós, todas estas graças que simbolizam os raios de luz que irradiam de tuas mãos abertas, com a única condição: que tenhamos a ousadia de t’as pedir, que nos aproximemos de Ti com confiança, audácia e simplicidade de uma criança. É assim que Tu nos conduzes ao Teu divino Filho.

Amém
João-Paulo II (1980).

Ó Maria concebida sem pecado rogai por nós que recorremos a vós!

Santa Catarina Labouré rogai por nós.

Minha benção fraterna.

Padre Luizinho,

Com. Canção Nova.

Explicando a medalha Milagrosa

A Virgem Maria disse a Santa Catarina: “Este globo que vês representam o mundo inteiro e especialmente a França, e cada pessoa em particular. Os raios são os símbolos das Graças que derramo sobre as pessoas que me pedem”.
Enquanto Maria estava rodeada duma luz brilhante, o globo desaparece de suas mãos. Forma-se então um quadro de forma oval em que havia em letras de ouro as seguintes palavras:

Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!”

Então Nossa Senhora revelou: “Faze cunhar uma medalha conforme este modelo. As pessoas que a trouxerem ao pescoço receberão grandes graças. As graças serão abundantes para os que a trouxerem com inteira confiança”.

“A medalha milagrosa é a compilação gráfica das grandezas de Maria e de sua história no plano de Salvação de Deus.”

M:

A letra M que sustém uma Cruz sobre uma barra horizontal entrelaçada nos braços do M. Eme de Maria, Mãe de Deus, altar da encarnação divina e participante das dores de Jesus na cruz; Mãe de todos nós.

A Cruz sobre a barra:

Altar da redenção, sinal da Salvação


Dois corações:

O de Jesus, coroado de espinhos; O de Maria atravessado por uma espada, pela sua participação ativa e eminente na obra da Redenção, junto de seu Filho.

Doze estrelas:

Recordam o texto do Apocalipse:(cf. Ap 12,1) … e na sua cabeça uma coroa de doze estrelas Y, simbolizam as doze tribos de Israel, os doze apóstolos, os doze pilares da Fé.

Uma mulher Vestida de Luz:

Resplandecente, envolvida por luz e graças, significa a glória total.

A inscrição:

Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.

Mãos abertas:

Derramados rios de Graças pelo mundo, maternidade solicitada e operante.

Raios:

É específico da Virgem Milagrosa “Os raios que vês são símbolo das Graças que derramo sobre quem, mas pede”. É a expressão da sua mediação eficaz, intercede e distribui.

Globo branco sobre os pés que pisam a serpente:

Maria e o pecado são opostos. Vitória de Maria sobre o pecado e sobre o auto do pecado.

Ó Maria Concebida sem pecado rogai por nós que recorremos a vós!

Minha benção fraterna+

Padre Luizinho,

Com. Canção Nova.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

WebTVCN

WebTVCN

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Os 30 'quês' de uma pessoa madura na fé

Estamos num mundo completamente pluralista

Estamos num mundo completamente pluralista, por isso precisamos nos tornar verdadeiros especialistas em matéria de fé e conversão. Se não for dessa forma, os cristãos “mais ou menos” não vão resistir; daí a necessidade de um amadurecimento real e concreto na fé.

O Projeto Nacional de Evangelização (2004 – 2007) diz que é preciso ter e levar os outros ao encontro pessoal com Jesus, pois só assim vamos nos tornando maduros na fé, que nada mais é do que sermos crianças nas mãos de Deus. Livres da maturidade somente humana que questiona tudo vamos a caminho de sermos verdadeiros cristãos com coluna vertebral.

Textos-base para um aprofundamento e um exame de consciência a respeito da nossa fé: 1 Cor 3, 1-9; Heb 5, 12-14; Ef 4, 11-15.
A pessoa que tem uma fé vivida de forma madura com Deus é uma pessoa:

01 – Que escolhe inteiramente por Deus.
02 – Que sabe discernir a Vontade de Deus.
03 – Que faz a Vontade de Deus até o fim.
04 – Que vive o Evangelho sem questionamentos.
05 – Que é livre em Deus.
06 – Que sabe obedecer.
07 – Que sabe reconhecer os sinais do tempo.
08 – Que vive uma individualidade e não um individualismo.
09 – Que é capaz de viver a alteridade.
10 – Que vive uma fé com obras.

A pessoa que tem uma fé vivida de forma madura com o próximo é uma pessoa:

01 – Que pergunta, sem duvidar do próximo.
02 – Que vive a fé com o próximo.
03 – Que consegue se adaptar com o diferente.
04 – Que se alegra com o crescimento do próximo.
05 – Que reconhece o outro por também ser um filho de Deus.
06 – Que sabe o seu papel na sociedade.
07 – Que contagia o próximo com a santidade.
08 – Que tem como única competição amar mais o próximo.
09 – Que ama com caridade.
10 – Que é original na fé e na opinião.

A pessoa que tem uma fé vivida de forma madura consigo é uma pessoa:

01 – Que tem autonomia na fé.
02 – Que é perseverante, mesmo no sofrimento.
03 – Que se engaja e se compromete.
04 – Que é especialista no que faz.
05 – Que é como para-raios na intercessão.
06 – Que conhece a própria verdade.
07 – Que assume as experiências vividas.
08 – Que sabe receber elogios e também as críticas.
09 – Que sabe falar, mas também escutar.
10 – Que se deixa trabalhar no temperamento pelo Espírito de Deus.

Padre Anderson Marçal

http://blog.cancaonova.com/padreanderson

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mensagem de Fátima

Memórias da Irmã Lúcia, Vol. II, (p.139-140)


Apesar desta decadência, a Mãe dizia resignada: - Por este andar, não sei aonde

vamos parar! Mas confiamos em Deus que sempre nos há-de ajudar, e na protecção

de Nossa Senhora que é a minha Madrinha do baptismo. Com tudo isto, a Mãe

nunca deixou de socorrer os pobres. Dizia: “Temos pouco, mas esse pouco ainda

há-de chegar para socorrer os que têm menos do que nós”.

Cumpria assim o que nos diz Deus na Sagrada Escritura: “comerás o pão com

o suor do teu rosto. E socorrerás o pobre nas suas necessidades”.

Irmã Lúcia, Apelos da Mensagem de Fátima, p. 41

Nos seus lares, não havia riqueza de bens terrenos, que o mundo tanto preza;

mas com o pouco necessário para cada dia, havia paz, união, havia alegria e amor,

fruto da mútua compreensão, do recíproco perdão e desculpa das deficiências inerentes

à fraqueza humana. Assim todos eram felizes: todos se sentiam bem, porque0

cada um procurava servir e dar gosto a seus pais e irmãos. Assim o pouco chegava

para muitos, porque posto em comum: tudo era de todos.

A propósito, permiti que vos narre um pormenor, que prova a verdade do que

acabo de vos dizer e de que conservo uma grata lembrança, por ter ouvido a minha

mãe, comovida, repeti-lo várias vezes. Ela sabia quanto era amiga de comer fruta a

sua filhinha mais pequena. Um dia observou como esta espreitava com entusiasmo

o aparecimento dos primeiros figos lampos; logo que avistou um já maduro, colheuo

sorrateira e, correndo, veio a casa trazê-lo à mãe, para que fosse ela a comê-lo.

Então, comovida, toma nas mãos a oferta, beija a filha e diz-lhe que o guarde para

repartir à noite com o pai e os irmãos. Um figo para todos não era nada, mas o amor

que acompanhou a pequena parcela que coube a cada um, do primeiro figo amadurecido

nas figueiras da casa naquele ano, era muito e esse era o que a todos fazia

felizes, dava alegria e satisfação.

Memórias da Irmã Lúcia, Vol. II (p.83)

Do que já deixo descrito e do que ainda irei recordando dos poucos anos que

tive a felicidade de viver a seu lado, iremos vendo como tudo aparece como que

brotando de todo o seu agir, com tanta naturalidade, simples e humilde, como de

uma fonte de água cristalina brotam os riachos que regam e fertilizam as terras. Já na

Quinta Memória, deixo descrito como a nossa casa era como que a casa de todos:

tinha uma porta onde todos batiam, e a todos se abria com a mesma boa vontade

de acolhimento, serviço e caridade. A mãe parecia que só sabia dizer que sim. A

ninguém recusava os seus serviços quando os solicitavam e, muitas vezes, até se

adiantava.

Memórias da Irmã Lúcia, Vol. I (p. 46-48)


A Jacinta tomou tanto a peito os sacrifícios pela conversão dos pecadores, que

não deixava escapar ocasião alguma. Havia umas crianças, filhos de duas famílias

da Moita, que andavam pelas portas a pedir. Encontrámo-las, um dia, quando íamos

com o nosso rebanho. A Jacinta, ao vê-los, disse-nos: Damos a nossa merenda

àqueles pobrezinhos, pela conversão dos pecadores? E correu a levar-lha.

Combinámos, sempre que encontrássemos os tais pobrezinhos, dar-lhes a

nossa merenda; e as pobres crianças, contentes com a nossa esmola, procuravam

encontrar-nos e esperavam-nos pelo caminho. Logo que os víamos, a Jacinta corria

e levar-lhes todo o nosso sustento desse dia, com tanta satisfação, como se não lhe

fizesse falta.

A Jacinta parecia insaciável na prática do sacrifício. Um dia, um vizinho ofereceu

a minha mãe uma boa pastagem para o nosso rebanho; mas era bastante longe

e estávamos no pino do Verão. Minha mãe aceitou o oferecimento feito com tanta

generosidade e mandou-me para lá. Como havia perto uma lagoa, onde o rebanho

podia ir beber, disse-me que era melhor passarmos lá a sesta, à sombra das árvores.

Pelo caminho, encontrámos os nossos queridos pobrezinhos e a Jacinta correu a

levar-lhes a esmola. O dia estava lindo, mas o sol era ardente; e naquela pregueira

árida e seca, parecia querer abrasar tudo. A sede fazia-se sentir e não havia pinga

d’água para beber! A princípio, oferecíamos o sacrifício com generosidade, pela conversão

dos pecadores; mas, passada a hora do meio-dia, não se resistia. Propus,

então, aos meus companheiros, ir a um lugar, que ficava cerca, pedir uma pouca de

água. Aceitaram a proposta e lá fui bater à porta duma velhinha que, ao dar-me uma

infusa com água, me deu também um bocadinho de pão que aceitei com reconhecimento

e corri a distribuir com os meus companheiros. Em seguida, dei a infusa

ao Francisco e disse-lhe que bebesse. – Não quero beber – respondeu. – Por quê?

– Quero sofrer pela conversão dos pecadores. – Bebe tu, Jacinta! –Também quero

oferecer o sacrifício pelos pecadores!


Memórias da Irmã Lúcia, Vol. I, (p. 136-137)


Se alguma das outras crianças porfiava em tirar-lhe alguma coisa que lhe pertencesse,

dizia: - Deixa lá! A mim que me importa? Recordo que [o Francisco] chegou,

um dia, a minha casa com um lenço do bolso, com Nossa Senhora de Nazaré

pintada, que dessa praia acabavam de lhe trazer. Mostrou-mo com grande alegria e

toda aquela criançada o veio admirar. De mão em mão, a poucos instantes, o lenço

desapareceu. Procurou-se, mas não se encontrava. Pouco depois, descobri-o no

bolso dum outro pequeno. Quis-lho tirar, mas ele porfiava que era dele, que também

lho tinham trazido da praia. Então, o Francisco, para acabar com a contenda,

aproximou-se, dizendo: - Deixa-o lá! A mim que me importa o lenço?

Memórias da Irmã Lúcia, Vol. II, (p.96)

Com certa frequência, vinham a perguntar se a Mãe tinha frangos que pudesse

vender-lhes um, porque tinham alguma pessoa de família doente que não comia

outra coisa. A Mãe dizia que sim. Com um pouco de milho, chamava as galinhas

e, enquanto que elas comiam, agarrava um frango que entregava às pessoas. Elas

perguntavam quanto custava. A Mãe, se eram pessoas que podiam pagar, respondia

que era como estivessem na praça; se eram pobres, que pediam para esperar

pelo dinheiro que naquela ocasião não tinham mas que vinham trazê-lo logo que o

tivessem, a estas a Mãe respondia: - Não vos preocupeis com o ter de pagar. A mim,

já Deus me pagará. Levai lá o frango e, se for preciso mais algum, vinde buscá-lo e

Deus permita que o doente melhore e se ponha bom.

Parecia que a Mãe conhecia o que nos diz S. Paulo: «Cada um dê como dispôs

em seu coração, sem tristeza nem constrangimento, pois Deus ama quem dá com

alegria. E Deus tem poder para vos cumular de toda a espécie de graça, para que,

tendo sempre e em tudo quanto vos é necessário, ainda vos sobre para as boas

obras de todo o género. Como está escrito: ‘Distribuiu, deu aos pobres; a sua justiça

permanece para sempre’» (2 Cor 9, 7-9).


Memórias da Irmã Lúcia (p.62-63)

De novo a Santíssima Virgem se dignou visitar a Jacinta, para lhe anunciar novas

cruzes e sacrifícios. Deu-me a notícia e dizia-me: – Disse-me que vou para Lisboa,

para outro hospital; que não te torno a ver, nem os meus pais; que, depois de

sofrer muito, morro sozinha, mas que não tenha medo; que me vai lá Ela a buscar

para o Céu. E chorando, abraçava-me e dizia: – Nunca mais te torno a ver. Tu lá não

me vais a visitar. Olha, reza muito por mim, que morro sozinha. Até que chegou o

dia de ir para Lisboa, sofreu horrivelmente! Abraçava-se a mim e dizia, chorando: –

Nunca mais te hei-de tornar a ver?! Nem a minha mãe, nem os meus irmãos, nem o

meu pai?! Nunca mais hei-de ver ninguém?! E depois morro sozinha! – Não penses

nisso – Ihe disse um dia. – Deixa-me pensar, porque, quanto mais penso, mais sofro;

e eu quero sofrer por amor de Nosso Senhor e pelos pecadores. E depois não me

importo! Nossa Senhora vai-me lá a buscar para o Céu. Às vezes beijava um crucifixo

e, abraçando-o, dizia: – Ó meu Jesus, eu Vos amo e quero sofrer muito por Vosso

amor. Outras vezes dizia: – Ó Jesus, agora podes converter muitos pecadores,

porque este sacrifício é muito grande! Perguntava-me, às vezes: – E vou morrer sem

receber a Jesus escondido? Se m’O levasse Nossa Senhora, quando me for a buscar!...

Perguntei-lhe uma vez: – Que vais a fazer no Céu? – Vou amar muito a Jesus, o

Imaculado Coração de Maria, pedir muito por ti, pelos pecadores, pelo Santo Padre,

pelos meus pais e irmãos e por todas essas pessoas que me têm pedido para pedir

por elas. Quando a mãe se mostrava triste por a ver tão doentinha dizia: – Não se

aflija, minha Mãe: vou para o Céu. Lá hei-de pedir muito por si.

Memórias da Irmã Lúcia (p.162)


Na doença, o Francisco mostrou-se sempre alegre e contente. Às vezes, perguntava-

lhe: - Sofres muito, Francisco? - Bastante; mas não importa. Sofro para

consolar a Nosso Senhor; e depois, daqui a pouco, vou para o Céu! - Lá, não te

esqueças de pedir a Nossa Senhora que me leve para lá também depressa. - Isso

não peço! Tu bem sabes que Ela não te quer lá ainda.

Nas vésperas de morrer, disse-me: – Olha: estou muito mal; já me falta pouco

para ir para o Céu. – Então vê lá: não te esqueças de lá pedir muito por os pecadores,

por o Santo Padre, por mim e pela Jacinta. – Sim, eu peço. Mas olha: essas coisas

pede-as à Jacinta, que eu tenho medo de me esquecer, quando vir a Nosso Senhor!

E depois antes O quero consolar.

Irmã Lúcia, Apelos da Mensagem de Fátima (p. 203)

Sabemos também que, no espaço, há muitos planetas que ainda não vimos,

muitas estrelas cuja luz ainda não chegou até nós. Ainda ninguém foi capaz de medir

a extensão do firmamento. Ora, Deus que criou esta extensão indefinida, também

pode ter criado um «lugar», um paradeiro, uma estadia a que deu o nome de Céu,

destinado a ser a morada de Deus e a dos Seus eleitos, pelos séculos sem fim.

Dizem que o Céu consiste na posse de Deus: não há dúvida de que Deus é o manancial

de toda a felicidade e que possuindo a Deus seremos eternamente felizes.

Irmã Lúcia, Como vejo a mensagem (p. 44)

Foi então que a celeste Mensageira, abrindo os braços com um gesto de maternal

protecção, nos envolveu no reflexo da Luz do imenso Ser de Deus. Foi uma graça

que nos marcou para sempre na esfera do sobrenatural.

Oh! Não fosse Ela o refúgio dos pecadores, a Mãe de misericórdia, o auxílio dos

cristãos, que A tenha feito descer até nós, para introduzir-nos, Senhor, no Oceano do

Teu amor, do Teu poder, do Teu imenso Ser, onde essa chama ardente nos fará viver

para sempre, esse mistério do amor dos Três por mim! É com esse amor, que heide

adorar-Te, agradecer-Te, amar-Te, transformada no cântico do Teu eterno louvor.

Beata Jacinta Marto (1910-1920)

A beata Jacinta Marto (1910-1920), a mais pequena das videntes de Fátima,


é um exemplo admirável da criança evangélica, isto é, de uma pequena

criatura em quem brilham de modo admirável os dons e as maravilhas de

Deus. Já por natureza, como testemunha a prima Lúcia, “tinha um coração

muito bem inclinado, e o bom Deus tinha-a dotado dum carácter doce e

meigo, que a tornava, ao mesmo tempo, amável e atraente”. Gostava de

brincar, de contemplar as estrelas, de colher e oferecer flores, de cantar e

dançar, o que não perdeu após as Aparições. Tinha também os seus caprichos

e amuos infantis, que foi superando com as graças do Céu.

Tendo sido agraciada com as aparições do Anjo e da Virgem Maria,

deixou-se cativar pela beleza e bondade dos mensageiros do Céu e penetrar

pelo encanto do amor e da graça que deles recebeu. Depois de ver

pela primeira vez a “Senhora mais brilhante do que o sol”, com o coração

a rebentar de alegria, não se conteve sem revelar à mãe o segredo que se

comprometera a guardar juntamente com o irmão e a prima, e exclamou:

“Ó mãe, vi hoje na Cova da Iria Nossa Senhora!”. A partir de então, a boa

notícia não mais parou. Por esta fragilidade, difundiu-se em todo o mundo

a oferta da misericórdia divina que a Mãe de Cristo veio comunicar aos homens,

fazendo-lhes o apelo a não ofenderem mais a Deus, que já está muito

ofendido.

A experiência das Aparições marca profundamente a pequena Jacinta,

que, com apenas sete anos, sente o impulso forte a amar. E fá-lo com grande

generosidade. Antes de mais, o amor a Deus e a Jesus, quer na sua presença

eucarística, quer na imagem e símbolo do seu Coração. Reconhece

que Jesus é muito bonito, mais do que as estampas em que é representado.

12

Mesmo assim, manifesta o seu afecto beijando uma que a prima lhe deu.

Desejava muito receber Jesus na eucaristia, o “Jesus escondido”, como lhe

chamava. E dizia: “Gosto tanto d’Ele!”. Visitava-O na igreja paroquial e não

se cansava de lhe dizer que O amava. Quando a prima regressava da igreja

e lhe dizia que tinha comungado, pedia-lhe com grande ternura: “Chega-te

aqui bem para junto de mim, que tens em teu coração a Jesus escondido”.

Ela tinha uma real percepção da presença de Jesus no seu íntimo, embora

não soubesse explicar bem o que experimentava. Dizia: “Não sei como é!

Sinto a Nosso Senhor dentro em mim. Compreendo o que me diz e não O

vejo nem oiço; mas é tão bom estar com Ele”. Tinha dentro do peito um fogo

ardente que a levava a amar Jesus e o seu Coração. Muitos dos sacrifícios

que sofria oferecia-os por amor de Jesus e de Maria. Detinha-se longamente

a pensar em Nosso Senhor e em Nossa Senhora, nos pecadores...como

forma de meditar e de lhes manifestar o seu afecto. Enquanto esteve no

Orfanato, em Lisboa, podia fazer companhia a Jesus escondido e receber

a comunhão.

Nada menos era o seu amor à Virgem Maria, especialmente sob a imagem

do seu Coração Imaculado. Exclamava: “Eu gosto tanto do seu Coração!

É tão bom!”. Pouco antes de ir para o hospital, recomenda à prima

que difunda a sua devoção: “Diz a toda a gente que Deus nos concede as

graças por meio do Coração Imaculado de Maria; que lhas peçam a Ela; que

o Coração de Jesus quer que, a Seu lado, se venere o Coração Imaculado

de Maria; que peçam a paz ao Imaculado Coração de Maria, que Deus lha

entregou a Ela”. O seu amor e devoção manifestava-se quer no cumprimento

das recomendações e apelos da Virgem quer na oração frequente

do rosário. E ainda na repetição frequente das jaculatórias: “Doce Coração

de Maria, sede a minha salvação! Imaculado Coração de Maria, converte os

pecadores, livra as almas do inferno!”.

A salvação dos pecadores foi a grande paixão da sua vida, como reconheceu

o Papa João Paulo II, na homilia da missa da beatificação, em Fátima,

no ano 2000: A pequena Jacinta sentiu e viveu como própria a aflição

de Nossa Senhora pelos seus filhos que se perdem por não haver quem se

sacrifique e peça por eles. Por isso, ofereceu-se “heroicamente” como vítima

pelos pecadores. Um dia - já ela e Francisco tinham contraído a doença

que os obrigava a estarem na cama - a Virgem Maria veio visitá-los a casa,

como conta a pequenita: «Nossa Senhora veio-nos ver e diz que vem buscar

o Francisco muito em breve para o Céu. E a mim perguntou-me se queria

ainda converter mais pecadores. Disse-lhe que sim». E, ao aproximar-se

o momento da partida do Francisco, Jacinta recomenda-lhe: «Dá muitas

saudades minhas a Nosso Senhor e a Nossa Senhora e diz-lhes que sofro

tudo quanto Eles quiserem para converter os pecadores». Jacinta ficara tão

impressionada com a visão do inferno durante a aparição de 13 de Julho,

que nenhuma mortificação e penitência era demais para salvar os pecado13

res. Bem podia ela exclamar com São Paulo: «Alegro-me de sofrer por vós e

completo em mim próprio o que falta às tribulações de Cristo, em benefício

do seu Corpo, que é a Igreja» (Cl 1, 24).

O amor à família era constante, bem como à prima e companheira da

aventura espiritual. Exprimia-o com vários gestos de ternura, como a oferta

de flores, a oração e o sofrimento que experimentava quando estava afastada

dela. A despedida para Lisboa, que sabia ser definitiva, custou-lhe muito

e fê-la chorar. Só a certeza de que estava a cumprir as palavras de Nossa

Senhora e a oferta de mais um sacrifício por amor atenuava a sua pena.

Ouviu um sacerdote falar do Santo Padre e recomendar a oração por

ele. Associado a isso, teve uma visão em que o via em sofrimento, insultado

por muitas pessoas. A Jacinta adquiriu então um grande amor pelo Papa e

desejava muito que viesse a Fátima. Quando a proclamou beata, João Paulo

II expressou-lhe publicamente a sua gratidão “pelos sacrifícios e orações

oferecidas pelo Santo Padre”. Também os sacerdotes mereceram particular

atenção e afecto da vidente. Se é certo que os interrogatórios de alguns a

incomodavam e deles fugia, encontrou outros que lhe deram conselhos e

ensinamentos que seguia com diligência. Quando, em Lisboa, se foi confessar,

saiu consolada do Sacramento e manifestava o seu contentamento,

exclamando: “Ai, mãe, que Padre tão bom, que Padre tão bom!...”. Nessa

ocasião, recomendava a oração pelos sacerdotes e dizia que eles “só deviam

ocupar-se das coisas da Igreja”, que deviam “ser puros, muito puros”

e que a sua desobediência aos seus superiores e ao Santo Padre ofendia

muito a Nosso Senhor.

Ela, que se prendia às suas coisas e gostava de atrair a atenção sobre si

mesma, após as Aparições, tornou-se desprendida e generosa. Tomou a iniciativa

e arrastou os companheiros para darem a própria merenda às outras

crianças pobres. E fazia-o “com tanta satisfação, como se não lhe fizesse

falta”. Tomou tão a sério a prática do sacrifício para oferecer pela conversão

dos pecadores que se tornou insaciável. Não lhe bastavam os que a vida

já lhe trazia, procurava outros modos de se sacrificar, que hoje podemos

achar exagerados e mesmo perigosos para a sua saúde. O seu amor apaixonado

tornou-se desmedido para alcançar a salvação dos pecadores. Mas

manifestava-se também na compaixão com as pessoas em sofrimento e

na oração com eles, obtendo-lhes as graças do Céu, pela sua intercessão.

Encara os sofrimentos como missão, oferecendo tudo a Jesus, por amor

a Ele, em reparação pelos pecados contra o Imaculado Coração de Maria,

pela conversão dos pecadores e pelo Santo Padre. Na doença, recebe de

novo a visita da Virgem Maria que lhe revela o que ainda deveria passar e

que a iria buscar para o Céu. Assim encontrava consolação e coragem para

tudo suportar. Às vezes beijava um crucifixo e, abraçando-o, dizia: “Ó meu

Jesus, eu Vos amo e quero sofrer muito por Vosso amor”. O médico que a

operou, em Lisboa, testemunha a sua impressão de que se deparou com

14

“uma criança com muita coragem”, que deu prova de grande heroísmo no

quanto sofreu e no modo como o suportou. Nos últimos dias da sua breve

vida, Nossa Senhora apareceu-lhe e disse-lhe que lhe tirava as dores. E, de

facto, aliviada do sofrimento, falava e distraía-se à vontade, nomeadamente

vendo estampas religiosas.

Ao partir para Lisboa, na última fase da doença, sofre imenso e tem

consciência da proximidade da morte, mas conforta-a a promessa de que

iria para o Céu. Ali teria ocasião de “amar muito a Jesus e o Imaculado

Coração de Maria” e de pedir muito pelas mesmas intenções que tinha em

vida: os pecadores, o Santo Padre, os seus familiares e as pessoas que a

ela se encomendaram. Consolava a mãe, dizendo-lhe: “Não se aflija, minha

mãe: vou para o Céu. Lá hei-de pedir muito por si”. Faleceu, tranquilamente,

sozinha, como Nossa Senhora lhe tinha predito.

Sobre ela e seu irmão Francisco, o Papa João Paulo II, na referida homilia,

formulou o voto de “que a mensagem das suas vidas permaneça sempre

viva para iluminar o caminho da humanidade!” E disse que ambos se entregaram

“com total generosidade à direcção de tão boa Mestra (a Virgem

Maria) que subiram em pouco tempo aos cumes da perfeição”. Por isso,

louvou assim a Deus, dizendo:

«Eu Te bendigo, ó Pai, porque escondeste estas verdades aos sábios e

inteligentes, e as revelaste aos pequeninos». Eu Te bendigo, ó Pai, por todos

os teus pequeninos, a começar na Virgem Maria, tua humilde Serva, até aos

pastorinhos Francisco e Jacinta.

P. Jorge Guarda
 
Fonte site Santuario de Fátima.

sábado, 23 de outubro de 2010

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina

Santa Faustina pede a Nossa Senhora que mostre o caminho

Dia 5 de outubro comemoramos Santa Faustina, a secretária de Jesus, a quem Nosso Senhor revelou o mar insondável da Sua misericórdia. E durante a sua vida Santa Faustina também teve encontros com Nossa Senhora que a ajudou em muitas situações difíceis.

Hoje vamos conhecer como foi o dia que Santa Faustina estando na catedral de S. Estanislau Kostra diante do Santíssimo Sacramento ouve Jesus que lhe diz: vai imediatamente a Varsóvia e lá entrarás no convento.
Então….
Terminada a oração, lenvatei-me, fui para casa e fiz as coisas indispensáveis. Como pude relatei à minha irmã o que acontecera em minha alma; pedi que se despedisse por mim dos meus pais e assim, só com a roupa que tinha no corpo, sem mais nada vim para Varsóvia. Quando desci do trem e vi que cada um se dirigia ao seu destino, fiquei com medo e sem saber o que fazer. Para onde dirigir-me, não tendo ninguém conhecido? E disse a Nossa Senhora: Maria dirigi-me, guiai-me. Imediatamente ouvi em minha alma uma voz que me dizia que saísse da cidade e fosse a uma certa aldeia, onde poderia passar a noite com segurança. Foi o que fiz, e encontrei tudo como Nossa Senhora me havia dito (item 9 e 10)

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina

Santa Faustina vê Nossa Senhora no purgatório

Santa Faustina pergunta a Jesus por quem ela mais deveria rezar e Ele respondeu que na noite seginte me daria a conhecer por quem deveria rezar.
Então….
Vi o Anjo da Guarda que me mandou acompanha-lo. imediatamente encontrei-me num lugar enevoado, cheio de fogo e dentro deste uma grande quantidade de almas sofredoras. Essas almas rezavam com muito fervor, mas sem resultados para si mesmas; apenas nós podemos ajudá-las. As chamas que as queimam não me tocavam. O meu Anjo da Guarda não se afastava de mim nem por um momento.

E perguntei a essas almas qual era o seu maior sofrimento. Responderam-me que o maior sofrimento delas é a saudade de DEUS.
Vi Nossa Senhora que visitava as almas no Purgatório. Ela lhes traz alívio.

Queria conversar com as almas, mas meu Anjo da Guarda fez me sinal para saírmos e passamos pela porta dessa prisão de sofrimento. Ouvi uma voz interior que me disse: “A MINHA MISERICÓDIA NÃO DESEJA ISSO, MAS A JUSTIÇA MANDA”.

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina

Visão de Santa Faustina de Nossa Senhora

Vi Nossa Senhora em grande claridade e vestida de branco, cingida por um cinto de ouro, e havia pequenas estrelinhas também de ouro por toda a vestimenta, e as mangas estavam enfeitadas com triângulos de ouro. Tinha um leve manto azul-safira, na cabeça trazia um leve véu transparente, os cabelos soltos, lindamente penteados, e uma coroa de outro que tinha cruzinhas nas pontas. Na mão esquerda segurava o Menino Jesus. Uma Nossa Senhora assim nunca tinha visto. Então olhou para mim bondosamente e disse:

- Sou Nossa Senhora dos Sacerdotes.

Então colocou Jesus no chão, ergueu a mão direita para o céu e disse:

- Deus, abençoai a Polônia, abençoai os sacerdotes.
E novamente me disse:
- Conta o que viste aos sacerdotes.
Resolvi que contaria na primeira vez que me encontrasse com o Frei, mas eu mesma não posso compreender nada dessa visão.

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina (25)

À noite veio visitar-me Nossa Senhora com o Menino Jesus no colo. A alegria encheu a minha alma e eu disse:



- Maria, minha Mãe, Vós sabeis como estou sofrendo terrivelmente?



Respondeu-me Nossa Senhora:



- Sei quanto estás sofrendo, mas não tenhas medo, eu me compadeço de ti e sempre me compadecerei.



Sorriu cordialmente e desapareceu. Imediatamente surgiu em minha alma uma grande força e coragem.(item 25 do diário)



Vamos pedir que a Virgem Maria, que assim como visitou Santa Faustina, nos visite na realidade dos nossos sofrimentos e que Ela possa, compadecendo-se de nós, pedir a Jesus pela cura, libertação, graça que estamos precisando. Ela é nossa Mãe. Ela cuida de nós, pois nos ama, como a Jesus.

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina (32 e 33)

Nossa Senhora intercede pela humanidade



Uma vez ouvi estas palavras:



- Vai falar com a Superiora e pede que te permita fazer diariamente uma hora de adoração durante 9 dias; nessa adoração procura unir-te com Minha Mãe. Reza de coração em união com Maria, e também procura durante esse tempo rezar a Via-Sacra.



Recebi permissão, não para uma hora inteira, mas apenas para o quanto me permitisse o tempo após as minhas obrigações.



Eu devia fazer essa novena na intenção da Pátria.



No sétimo dia da novena vi Nossa Senhora entre o céu e a terra, vestida de branco, rezando com os braços cruzados sobre o peito, olhando para o céu, e do Seu coração saíam raios de fogo, uns para o céu, enquanto outros cobriam a nossa terra.

Nossa Senhora na Vida de Santa Faustina - 785

Diário 29/11/1936

Nossa Senhora ensinou-me como devo preparar-me para a festa do Natal. Via-a hoje sem o Menino Jesus. Ela me disse:
- Minha filha, busca o silêncio e a humildade, para que Jesus, que reside continuamente em teu coração, possa descansar. Adora- O em teu coração, não saias do teu interior. Pedirei para ti, minha filha, a graça da vida interior para que possas, sem abandonar o teu interior, cumprir exteriormente todas as tuas obrigações com uma exatidão ainda maior. Permanece com Ele continuamente em teu próprio coração. Ele será tua força; com as criatuas relaciona-te na medida em que a necessidade e a tua obrigação o exigirem. És morada agradável do Deus vivo, na qual Ele permanece continuamente com amor e prazer, e a presença viva de Deus que sentes de maneira mais viva e clara confirmar-te-á, Minha filha, naquilo que Eu te disse. Procura proceder assim até o Natal, e depois Ele mesmo te dará a entender de que maneira deverás conviver e unir-te com Ele.

Vemos aqui o carinho da Virgem Maria que promete pedir para Santa Faustina a graça da VIDA INTERIOR, desde que ela busque viver o silêncio e a humildade.

Nos preparando para o Santo Natal, como Santa Fasutina, vamos procurar o silêncio e a humildade e com a ajuda da Bem Aventurada Mãe de Deus, alcançar a graça de…………… (pedir uma graça a Ela). E ao obtê-la vamos testemunhar aqui.

Sabe o que vou pedir a Nossa Senhora: também a GRAÇA DA VIDA INTERIOR

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina - 40

Ano de 1929 Santa Faustina escreveu em seu diário assim:

Uma vez durante a Santa Missa, senti a proximidade de Deus de uma maneira especial, apesar de me distanciar e me afastar de Deus. Fugia muitas vezes de Deus porque não queria ser vítima do espírito mau, como muitas vezes me diziam que eu era. E essa incerteza durou muito tempo.



Durante a Santa Missa, antes da comunhão, havia a renovação dos votos. Quando saímos dos genuflexórios e começamos a pronunciar a fórmula dos votos, de repente Jesus colocou-se ao meu lado em vestes brancas, cingido por um cinto de ouro, e disse-me: Confiro-te o eterno amor, para que a tua pureza seja impoluta e como prova de que nunca sofrerás tentações impuras.



Jesus tirou seu cinto de ouro e cingiu com ele a minha cintura. Desde esse momento não sinto nenhum tipo de tentações contra a virtude nem no coração, nem na mente. Compreendi mais tarde que essa é uma das maiores graças que me foi conseguida pela Santíssima Virgem Maria, porque lhe pedi essa graça durante muitos anos. Desde então tenho a maior devoção para com Nossa Senhora. Foi Ela que me ensinou a amar a Deus interiormente e em tudo cumprir a Sua santa vontade



Sois alegria, ó Maria, porque por Vós Deus desceu à terra e ao meu coração.





Peçamos a Nossa Senhora, tão boa Mãe que também nos dê, através de Jesus, a graça da pureza de corpo e coração, o dom de amar a Deus interiormente e fazer a vontade do Senhor. Tres graças importantíssimas para nossa salvação.

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina - 259

Hoje, dia 27 de maio de 1933, estou partindo para Wilmo. Quando sai na frente da casa, olhei para todo o jardim e a casa, e quando olhei para o noviciado de repente meus olhos se encheram de lágrimas. Lembrei-me de todos os benefícios e graças que o Senhor me havia concedido. Então de repente vi perto do canteiro o Senhor, que me disse: não chores, eu estou sempre contigo.A presença de Deus que me envolveu quando Nosso Senhor falava durou durante todo o tempo da viagem. Tive permissão para visitar Czestochowa. Vi Nossa Senhora pela primeira vez quando fui de manhã, às cinco horas, para a exposição da imagem. Rezei sem cessar até as onze horas e parecia-me que havia acabado de chegar. Rezei sem cessar até onze horas e parecia-me que havia acabado de chegar. A Madre superiora de lá mandou uma Irmã para me chamar para o café, e estava preocupada que eu me atrasasse para o trem.

Muitas coisas me disse Nossa Senhora. Entreguei-Lhe meus votos perpétuos, e sei que sou Sua filha, e ela, minha Mãe. Nada me negou do que Lhe pedi.

Santa Fasutina entregou a Nossa Senhora o que ela tinha de mais importante: seus votos perpétuos e você o que vai entregar? Eu quero entregar todos os que neste momento estão lendo esta postagem pedindo a Ela muitas bençãos, graças e milagres para suas necessidades mais urgentes.

Agora faça você também os seus pedidos.

Que o Bom Jesus nos abençoe e nos guarde dentro de Seu coração misericordioso.

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina

No diário da Divina Misericórdia, no item 315 e 316, Santa Faustina escreve assim:

Mãe de Deus, a Vossa alma estava mergulhada num mar de amargura, olhai para Vossa filha e ensinai a sofrer e amar em silêncio. Fortalecei a minha alma; que a dor não a quebrante. Mãe da graça, ensinai-me a viver em Deus.

Em determinado momento veio visitar-me Nossa Senhora. Estava triste, tinha os olhos baixados, deu-me a conhecer que tinha alguma coisa para me dizer, e por outro lado deu-me a conhecer como se não quisesse falar-me disso. Quando compreendi isso, comecei a pedir a Nossa Senhora que me dissesse e que olhasse para mim. Imediatamente Maria olhou para mim com um sorriso cordial e disse:


- Terás alguns sofrimentos por motivo de doença e de médicos; igualmente sofrerás muito por causa dessa imagem, mas não tenhas medo de nada.


No dia seguinte fiquei doente e sofri muito, como me tinha dito Nossa Senhora, mas a minha alma está pronta para os sofrimentos. O sofrimento é o companheiro constante da minha vida.

São Miguel e Santa Faustina

Vejamos a experiência de Santa Faustina com São Miguel, tirada do seu Diário, item 706



No dia de São Miguel Arcanjo, vi esse Guia perto de mim; ele me disse estas palavras:



- Recomendou-me o Senhor que eu tivesse um especial cuidado por ti. Sabe que és odiada pelo mal, mas não temas - Quem como Deus!



E desapareceu. Contudo sinto sua presença e ajuda.

sábado, 16 de outubro de 2010

Contos Marianos

estórias que o povo conta ou lendas marianas

MARIA AMA E AMPARA NOSSOS FILHOS



O GUARDA-CHUVA DE MARIA!

A seca maltratava a região. A terra estava sulcada com as rachaduras e no solo pobre nem o mato conseguia crescer.Muitos animais já haviam morrido de sede e os poucos pássaros não conseguiam mais voar. As pessoas andavam muito para buscar um pouco de água barrenta paraajuda que o governo prometera há muito tempo não tinha chegado e todos sabiam que ela não viria.As pessoas, porém confiavam em Deus Pai e Protetor e em sua santa Mãe, Maria, a Mãe da Misericórdia, que nunca abandona seus filhos. Rezavam todos os dias nos altares humildes improvisados nas casas simples.Em uma destas casas morava também uma menina também chamada Maria. Tinha doze anos e cuidava do pai e do irmão pequeno que nem conhecera a mãe, pois ela morrera quando ele nasceu. Seus olhos eram tristes, mas ela tinha muita alegria no coração, pois sabia que Maria, a Mãe de Deus, também era sua mãe.Um dia após a oração em sua casa teve uma idéia. Deviam fazer uma procissão ao redor da cidade com o andor de Nossa Senhora pedindo que mandasse a chuva. Rezariam, cantariam e implorariam pela água.



Quando a fila estava pronta para o início da procissão, todos entreolharam-se surpresos. A menina Maria estava levando um GUARDA-CHUVA pendurado no braço e antes de alguém falar alguma coisa ela disse:-



“Tenho confiança que Nossa Senhora vai nos atender e já estou preparada para quando a chuva vier”



Maria Santíssima encantou-se com a enorme fé da pequena menina e imediatamente, providenciou para que as gotas de água começassem a cair. Choveu durante muitos dias. As plantas revigoraram-se, os animais fortaleceram-se e as represas ficaram cheias.Todos agradeciam a Virgem Maria por sua proteção.



Ao redor da casa de Maria cresceram lindas flores que nunca secaram.



E você …… têm uma fé verdadeira?



Jesus disse:



“Tenham fé em Deus. Eu garanto a vocês: se alguém disser a esta montanha: Levante-se e jogue-se no mar, e não duvidar no seu coração, mas acreditar que isso vai acontecer, assim acontecerá. É por isso que eu digo a vocês: Tudo o que pedirem na oração, acreditem que já o receberam, e assim será” MC 11, 22-24



conto marianoNossa Senhora e a Morte

Orar ou chorar ?



Dois amigos combinaram que aquele que morresse primeiro, após a morte visitaria o outro para contar-lhe como estava passando. O que estivesse vivo faria para o outro tudo o que fosse possível. Após este trato viveram muitos anos ainda como amigos leais e com saúde perfeita.



Chegou o dia em que um deles caiu gravemente doente: seu fim estava próximo. Chamou o amigo são e relembrou-lhe o que haviam combinado prometendo que cumpriria a palavra dada enquanto Deus lhe permitisse.



Logo depois o doente morreu e foi conduzido ao purgatório para ser purificado dos seus pecados. O amigo chorou muito a perda do companheiro. Rezava por ele, mas devido aos seus muitos trabalho e ocupações muitas vezes esquecia de rezar pela alma do amigo. Bem que sentia falta e muitas vezes chorava inconsolavelmente.



Estava, porém, sempre a espera do momento em que o falecido voltaria para contar como estava passando.



Certa noite, após um dia de trabalho, estando em seu quarto descansando, o amigo falecido apareceu e lhe disse:- “Pergunte que deseja saber, mas seja rápido porque não posso ficar muito tempo”.



- Como você está passando?”Disse o amigo admirado”.

- Estou sofrendo no purgatório por causa dos meus pecados. Você chorou muito a minha morte; teria sido melhor se tivesse rezado muito, pois então já estaria livre dos meus sofrimentos. Faz pouco tempo que Maria nos veio visitar no purgatório para nos consolar. Ela levou muitas almas consigo para o céu. Eu teria sido uma delas se você tivesse rezado mais intensamente. Portanto, chore menos a minha ausência e reze mais para eu pertencer ao grupo dos que ela livrará do purgatório quando ela voltar no dia da Páscoa. Se ela não me levar eu o visitarei novamente, porém, caso ela me leve, não mais me verá, o que será um sinal de que Maria levou-me consigo para o paraíso.



O amigo compreendeu a lição. Passou a dedicar-se mais à oração do que à suas lágrimas e ocupações. Com ansiedade esperou o dia da Páscoa chegar. Seu amigo não voltou a visitá-lo. Soube, assim, que suas orações foram eficazes e atendidas e que Nossa Senhora libertou seu querido amigo do purgatório e o conduziu para a eterna felicidade.



Senhor, para os que crêem em Vós a vida não é tirada, mas transformada. E desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado nos céus um corpo imperecível (Pref. Missa dos defuntos)



Faça seu comentário sobre este conto que diz muito de nós.



Nossa Senhora cozinheira

Arquivado em: Agosto 16, 2007



AS MAIS BELAS LENDAS MARIANAS



O Natal estava chegando!

O monge cozinheiro do mosteiro era um jovem, grande devoto de Nossa Senhora, simples e prestativo. Recebera do abade ordem de preparar um almoço festivo para mais de cem monges que iriam comemorar juntos o nascimento de Jesus.

Na despensa do mosteiro havia uma belíssima imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus no colo. Antes de iniciar o seu trabalho diário o monge ajoelhava-se diante da imagem e pedia benção e proteção para seus afazeres.

No dia de Natal, por ser uma festa tão grade o monge cozinheiro quis prolongar um pouco a sua oração a Nossa Senhora e pedir uma benção especial para sair-se bem no preparo do importante almoço. Pegou o menino Jesus no colo de sua Mãe, beijou-o e cheio de alegria e gratidão pelo nascimento de Jesus Salvador começou a entoar cânticos de Natal, dançando sem parar, beijando e falando com o Menino Jesus, agradecendo-lhe por ter vindo morar entre nós, para nós e por causa de nós e de nossos pecados.

Ficou tão entusiasmado, totalmente absorvido pela alegria da festa, que nem percebeu que o tempo estava passando. De repente ouviu o sino tocar para o “Ângelus”. Era meio-dia, os monges começaram a sair da capela e ir para o refeitório.

Quase desmaiou de susto! Festa de Natal, hora do almoço festivo e ele nem tinha começado os preparativos. O que fazer? O que pensariam os colegas e os convidados? Qual o castigo que receberia do abade? Que vergonha! Ficou desesperado.

Quis devolver a Nossa Senhora o Menino Jesus que tinha nos braços, depositando-o no colo dela. Outro susto! A Imagem de Nossa Senhora não estava mais na despensa. Tinha desaparecido. Colocou Jesus no chão e correu para a cozinha.

Que maravilha! Que surpresa incrível! Viu Nossa Senhora diante do fogão já fritando, cozinhando, lidando com as panelas: a comida estava pronta. Enquanto ele brincava com o Menino Jesus, ela o substituíra no fogão.

O almoço festivo foi servido. Jamais houve naquele convento um almoço tão delicioso como naquele dia de Natal. Imagine, Nossa Senhora, ela mesma, cozinhando na festa da comemoração do nascimento de seu Filho Jesus.

Maria voltou para seu lugar na despensa e o monge, fora de si de tanta alegria, recolocou carinhosamente o Menino Jesus nos seus braços.

“Não fiquem preocupados dizendo: “O que vamos comer? O que vamos beber? Os pagãos é que ficam procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso” ( Mt 6, 31-32)



Para refletir e responder:



O que você achou mais interessante nesta lenda mariana?

Os Três Segredo de Fátima

I parte do segredo

“Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados em êsse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que d’elas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faulhas em os grandes incêndios sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e ascrosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu; que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição) se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor”.



(Memórias da Ir. Lúcia)



II parte do segredo



Em seguida os olhos para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza:

“Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz”.



(Memórias da Ir. Lúcia)





III parte do Segredo



A terceira parte do segredo revelado a 13 de Julho de 1917 na Cova da Iria-Fátima.

Escrevo em acto de obediência a Vós Deus meu, que mo mandais por meio de sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe.

Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fogo em a mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos n’uma luz imensa que é Deus: “algo semelhante a como se vêem as pessoas n’um espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”. Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fôra de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, n’êles recolhiam o sangue dos Mártires e com êle regavam as almas que se aproximavam de Deus. Tuy-3-1-1944.

Distingue-se o segredo, em três partes distintas uma da outra; A primeira parte, revela-se a visão do inferno, lugar para onde se destinava as almas dos pobres pecadores. A segunda parte destaca-se, a Devoção ao Imaculado Coração de Maria em que Deus quer estabelecer no Mundo. E por fim, o terceiro segredo que só foi publicado no ano 2000, relata o terrível sofrimento que o Santo Padre passaria, e a possível perseguição que a Igreja sofreria nos séculos vindouros.

Mas é certo que muitas outras interpretações foram se desencadeando no decorrer do tempo, como constatamos na virada do século XX, onde muito se ouvia dizer que o mundo acabaria no ano 2000, e julgavam ter ligações ao terceiro segredo de Fátima.

Por isso mesmo, que a Igreja se manteve com muita prudência, no processo de publicação do terceiro segredo, e que não poupou anos e anos, para estudar com precisão uma melhor forma de interpretá-lo. Sabemos, que nós homens e mulheres, temos uma mente fértil para imaginarmos coisas que não vemos, e concluir conceitos brilhantes, mas que, muitas vezes se distancia do essencial. Desta forma, vamos caminhar sempre nos passos que a Igreja nos conduz, para que sob a luz de Cristo, possamos assimilar com tranqüilidade e precisão uma melhor interpretação das Mensagens de Fátima.



(Memórias da Ir. Lúcia)





Lúcia e o segredo

Uma Orientação do terceiro segredo dada pela irmã Lúcia.

Uma orientação para a interpretação da terceira parte do «segredo» tinha sido já oferecida pela Irmã Lúcia, numa carta dirigida ao Santo Padre a 12 de Maio de 1982, onde dizia: “A terceira parte do segredo refere-se às palavras de Nossa Senhora. - Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas (13-VII-1917). A terceira parte do segredo é uma revelação simbólica, que se refere a este trecho da Mensagem, condicionada ao fato de aceitarmos ou não o que a Mensagem nos pede:- Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo. Porque não temos atendido a este apelo da Mensagem, verificamos que ela se tem cumprido, a Rússia foi invadindo o mundo com os seus erros. E se não vemos ainda, como fato consumado, o final desta profecia, vemos que para aí caminhamos a passos largos. Se não recuarmos no caminho do pecado, do ódio, da vingança, da injustiça atropelando os direitos da pessoa humana, da imoralidade e da violência.

E não digamos que é Deus que assim nos castiga; mas, sim, que são os homens que para si mesmos se preparam o castigo. Deus apenas nos adverte e chama ao bom caminho, respeitando a liberdade que nos deu; por isso os homens são responsáveis”.

A decisão tomada pelo Santo Padre João Paulo II de tornar pública a terceira parte do «segredo» de Fátima encerra um pedaço de história, marcado por trágicas veleidades humanas de poder e de iniqüidade, mas permeada pelo amor misericordioso de Deus e pela vigilância cuidadosa da Mãe de Jesus e da Igreja.

Ação de Deus, Senhor da história, e co-responsabilidade do homem, no exercício dramático e fecundo da sua liberdade, são os dois alicerces sobre os quais se constrói a história da humanidade.

Ao aparecer em Fátima, Nossa Senhora faz-nos apelo a estes valores esquecidos, a este futuro do homem em Deus, do qual somos parte ativa e responsável. (Tarcisio Bertone, SDB – Secretário da Congregação para Doutrina da Fé)

Mesmo a Irmã Lúcia, já tendo enviado, uma carta ao Papa João Paulo II em 1982, com boas orientações para a interpretação do terceiro segredo, o Papa decidiu enviar em seu nome à Fátima, o Monsenhor Tarcisio Bertone, “Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé” com uma carta nas mãos confirmando a sua presença em Fátima no mês seguinte, dia 13 de Maio de 2000, para a beatificação dos bem-aventurados Francisco e Jacinta, onde também decidira tornar publico a terceira parte do segredo. O objetivo principal desta carta, é que Irmã Lúcia respondesse algumas perguntas a respeito da interpretação do segredo.



Colóquio

Com a Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado

O encontro da Irmã Lúcia com Sua Ex.cia Rev.ma D. Tarcisio Bertone, Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, por encargo recebido do Santo Padre, e Sua Ex.cia Rev.ma D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima, teve lugar a 27 de Abril passado (uma quinta-feira), no Carmelo de Santa Teresa em Coimbra.

A Irmã Lúcia estava lúcida e calma, dizendo-se muito feliz com a ida do Santo Padre a Fátima para a Beatificação de Francisco e Jacinta, há muito desejada por ela.

O Bispo de Leiria-Fátima leu a carta autógrafa do Santo Padre, que explicava os motivos da visita. A Irmã Lúcia disse sentir-se muito honrada, e releu pessoalmente a carta comprazendo-se por vê-la nas suas próprias mãos. Declarou-se disposta a responder francamente a todas as perguntas.

Então, o Senhor D. Tarcisio Bertone apresenta-lhe dois envelopes: um exterior que tinha dentro outro com a carta onde estava a terceira parte do «segredo» de Fátima. Tocando esta segunda com os dedos, logo exclamou: «É a minha carta», e, depois de a ler, acrescentou: «É a minha letra».

Com o auxílio do Bispo de Leiria-Fátima, foi lido e interpretado o texto original, que é em língua portuguesa. A Irmã Lúcia concorda com a interpretação segundo a qual a terceira parte do «segredo» consiste numa visão profética, comparável às da história sagrada. Ela reafirma a sua convicção de que a visão de Fátima se refere, sobretudo à luta do comunismo ateu contra a Igreja e os cristãos, e descreve o imane sofrimento das vítimas da fé no século XX.

À pergunta: «A personagem principal da visão é o Papa?», a Irmã Lúcia responde imediatamente que sim e recorda como os três Pastorinhos sentiam muita pena pelo sofrimento do Papa e Jacinta repetia: «Coitadinho do Santo Padre. Tenho muita pena dos pecadores!» A Irmã Lúcia continua: «Não sabíamos o nome do Papa; Nossa Senhora não nos disse o nome do Papa. Não sabíamos se era Bento XV, Pio XII, Paulo VI ou João Paulo II, mas que era o Papa que sofria e isso fazia-nos sofrer a nós também».

Quanto à passagem relativa ao Bispo vestido de branco, isto é, ao Santo Padre — como logo perceberam os Pastorinhos durante a «visão» — que é ferido de morte e cai por terra, a irmã Lúcia concorda plenamente com a afirmação do Papa: «Foi uma mão materna que guiou a trajectória da bala e o Santo Padre agonizante deteve-se no limiar da morte » (João Paulo II, Meditação com os Bispos Italianos, a partir da Policlínica Gemelli, 13 de Maio de 1994).

Uma vez que a Irmã Lúcia, antes de entregar ao Bispo de Leiria-Fátima de então o envelope selado com a terceira parte do «segredo», tinha escrito no envelope exterior que podia ser aberto somente depois de 1960 pelo Patriarca de Lisboa ou pelo Bispo de Leiria, o Senhor D. Bertone pergunta-lhe: «Porquê o limite de 1960? Foi Nossa Senhora que indicou aquela data?». Resposta da Irmã Lúcia: «Não foi Nossa Senhora; fui eu que meti a data de 1960 porque, segundo intuição minha antes de 1960 não se perceberia, compreender-se-ia somente depois. Agora se pode compreender melhor. Eu escrevi o que vi; não compete a mim a interpretação, mas ao Papa.

Por último, alude-se ao manuscrito, não publicado, que a Irmã Lúcia preparou para dar resposta a tantas cartas de devotos e peregrinos de Nossa Senhora. A obra intitula-se «Os apelos da Mensagem de Fátima», e contém pensamentos e reflexões que exprimem, em chave catequética e parenética, os seus sentimentos e espiritualidade cândida e simples. Perguntou-se-lhe se gostava que fosse publicado, ao que a Irmã Lúcia respondeu: «Se o Santo Padre estiver de acordo, eu fico contente; caso contrário, obedeço àquilo que decidir o Santo Padre». A Irmã Lúcia deseja sujeitar o texto à aprovação da Autoridade Eclesiástica, esperando que o seu escrito possa contribuir para guiar os homens e mulheres de boa vontade no caminho que conduz a Deus, meta última de todo o anseio humano.

O colóquio termina com uma troca de terços: à Irmã Lúcia foi dado o terço oferecido pelo Santo Padre, e ela, por sua vez, entrega alguns terços confeccionados pessoalmente por ela.

A Bênção, concedida em nome do Santo Padre, concluiu o encontro.



Revelação oficial da terceira parte do segredo



Irmãos e irmãs no Senhor!

No termo desta solene celebração, sinto o dever de apresentar ao nosso amado Santo Padre João Paulo II os votos mais cordiais de todos os presentes pelo seu próximo octogésimo aniversário natalício, agradecidos pelo seu precioso ministério pastoral em benefício de toda a Santa Igreja de Deus.

Na circunstância solene da sua vinda a Fátima, o Sumo Pontífice incumbiu-me de vos comunicar uma notícia. Como é sabido, a finalidade da vinda do Santo Padre a Fátima é a beatificação dos dois Pastorinhos. Contudo Ele quer dar a esta sua peregrinação também o valor de um renovado preito de gratidão a Nossa Senhora pela protecção que Ela Lhe tem concedido durante estes anos de pontificado. É uma proteção que parece ter a ver também com a chamada terceira parte do «segredo» de Fátima.

Tal texto constitui uma visão profética comparável às da Sagrada Escritura, que não descrevem de forma fotográfica os detalhes dos acontecimentos futuros, mas sintetizam e condensam sobre a mesma linha de fundo, fatos que se prolongam no tempo numa sucessão e duração não especificadas. Em conseqüência, a chave de leitura do texto só pode ser de caráter simbólico.

A visão de Fátima refere-se, sobretudo à luta dos sistemas ateus contra a Igreja e os cristãos e descreve o sofrimento imane das testemunhas da fé do último século do segundo milênio. É uma Via-sacra sem fim, guiada pelos Papas do século vinte.

Segundo a interpretação dos Pastorinhos, interpretação confirmada ainda recentemente pela Irmã Lúcia, o «Bispo vestido de branco» que reza por todos os fiéis é o Papa. Também Ele, caminhando penosamente para a Cruz por entre os cadáveres dos martirizados (bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e várias pessoas seculares), cai por terra como morto sob os tiros de uma arma de fogo.

Depois do atentado de 13 de Maio de 1981, pareceu claramente a Sua Santidade que foi «uma mão materna a guiar a trajetória da bala», permitindo que o «Papa agonizante» se detivesse «no limiar da morte» [João Paulo II, Meditação com os Bispos Italianos, a partir da Policlínica Gemelli, em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XVII-1 (Città del Vaticano 1994), 1061]. Certa ocasião em que o Bispo de Leiria-Fátima de então, passara por Roma, o Papa decidiu entregar-lhe à bala que tinha ficado no jeep depois do atentado, para ser guardada no Santuário. Por iniciativa do Bispo, essa bala foi depois encastoada na coroa da imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Depois, os acontecimentos de 1989 levaram, quer na União Soviética, quer em numerosos Países do Leste, à queda do regime comunista que propugnava o ateísmo. O Sumo Pontífice agradece do fundo do coração à Virgem Santíssima também por isso. Mas, noutras partes do mundo, os ataques contra a Igreja e os cristãos, com a carga de sofrimento que eles provocam, infelizmente não cessaram. Embora os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do «segredo» de Fátima pareçam pertencer já ao passado, o apelo à conversão e à penitência, manifestado por Nossa Senhora ao início do século vinte, conserva ainda hoje uma estimulante actualidade. «A Senhora da Mensagem parece ler com uma perspicácia singular os sinais dos tempos, os sinais do nosso tempo. (…) O convite insistente de Maria Santíssima à penitência não é senão a manifestação da sua solicitude materna pelos destinos da família humana, necessitada de conversão e de perdão» [João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial do Doente - 1997, n. 1, em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XIX 2 (Città del Vaticano 1996), 561].

Para consentir que os fiéis recebam melhor a mensagem da Virgem de Fátima, o Papa confiou à Congregação para a Doutrina da Fé o encargo de tornar pública a terceira parte do «segredo», depois de lhe ter preparado um adequado comentário.

Irmãos e irmãs, damos graças a Nossa Senhora de Fátima pela sua proteção. Confiamos à sua materna intercessão a Igreja do Terceiro Milênio.



Sub tuum præsidium confugimus, Sancta Dei Genetrix! Intercede pro Ecclesia. Intercede pro Papa nostro Joanne Paulo II. Amem. Fátima, 13 de Maio de 2000.



Comentário Teológico

Quem lê com atenção o texto do chamado terceiro «segredo» de Fátima, que depois de longo tempo, por disposição do Santo Padre, é aqui publicado integralmente, ficará presumivelmente desiludido ou maravilhado depois de todas as especulações que foram feitas. Não é revelado nenhum grande mistério; o véu do futuro não é rasgado. Vemos a Igreja dos mártires deste século que está para findar, representada através duma cena descrita numa linguagem simbólica de difícil decifração. É isto o que a Mãe do Senhor queria comunicar à cristandade, à humanidade num tempo de grandes problemas e angústias? Serve-nos de ajuda no início do novo milênio? Ou, não serão talvez apenas projeções do mundo interior de crianças, crescidas num ambiente de profunda piedade, mas simultaneamente assustadas pelas tempestades que ameaçavam o seu tempo? Como devemos entender a visão, o que pensar dela?



Uma tentativa de interpretação do segredo de Fátima

A primeira e a segunda parte do «segredo» de Fátima foram já discutidas tão amplamente por específicas publicações, que não necessitam de ser ilustradas novamente aqui. Queria apenas chamar brevemente a atenção para o ponto mais significativo. Os Pastorinhos experimentaram, durante um instante terrível, uma visão do inferno. Viram a queda das «almas dos pobres pecadores». Em seguida, foi-lhes dito o motivo pelo qual tiveram de passar por esse instante: para «salvá-las» — para mostrar um caminho de salvação. Isto faz-nos recordar uma frase da primeira Carta de Pedro que diz: «Estais certos de obter, como prêmio da vossa fé, a salvação das almas» (1, 9). Como caminho para se chegar a tal objectivo, é indicado de modo surpreendente para pessoas originárias do ambiente cultural anglo-saxônico e germânico - a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Para compreender isto, deveria bastar uma breve explicação. O termo «coração», na linguagem da Bíblia, significa o centro da existência humana, uma confluência da razão, vontade, temperamento e sensibilidade, onde a pessoa encontra a sua unidade e orientação interior. O «coração imaculado» é, segundo o evangelho de Mateus (5, 8), um coração que a partir de Deus chegou a uma perfeita unidade interior e, consequentemente, «vê a Deus». Portanto, «devoção» ao Imaculado Coração de Maria é aproximar-se desta atitude do coração, na qual o fiat — «seja feita avossa vontade» — se torna o centro conformador de toda a existência. Se porventura alguém objectasse que não se deve interpor um ser humano entre nós e Cristo, lembre-se de que Paulo não tem medo de dizer às suas comunidades: «Imitai-me» (cf. 1 Cor 4, 16; Fil 3, 17; 1 Tes 1, 6; 2 Tes 3, 7.9). No Apóstolo, elas podem verificar concretamente o que significa seguir Cristo. Mas, com quem poderemos nós aprender sempre melhor do que com a Mãe do Senhor?

Chegamos assim finalmente à terceira parte do «segredo» de Fátima, publicado aqui pela primeira vez integralmente. Como resulta da documentação anterior, a interpretação dada pelo Cardeal Sodano, no seu texto do dia 13 de Maio, tinha antes sido apresentada pessoalmente à Irmã Lúcia. A tal propósito, ela começou por observar que lhe foi dada a visão, mas não a sua interpretação. A interpretação, dizia, não compete ao vidente, mas à Igreja. No entanto, depois da leitura do texto, a Irmã Lúcia disse que tal interpretação corresponde àquilo que ela mesma tinha sentido e que, pela sua parte, reconhecia essa interpretação como correcta. Sendo assim, limitar-nos-emos, naquilo que vem a seguir, a dar de forma profunda um fundamento à referida interpretação, partindo dos critérios anteriormente desenvolvidos.

Do mesmo modo que tínhamos identificado, como palavra-chave da primeira e segunda parte do «segredo», a frase «salvar as almas», assim agora a palavra-chave desta parte do «segredo» é o tríplice grito: «Penitência, Penitência, Penitência!» Volta-nos ao pensamento o início do Evangelho: « Pænitemini et credite evangelio » (Mc 1, 15). Perceber os sinais do tempo significa compreender a urgência da penitência, da conversão, da fé. Tal é a resposta justa a uma época histórica caracterizada por grandes perigos, que serão delineados nas sucessivas imagens. Deixo aqui uma recordação pessoal: num colóquio que a Irmã Lúcia teve comigo, ela disse-me que lhe parecia cada vez mais claramente que o objectivo de todas as aparições era fazer crescer sempre mais na fé, na esperança e na caridade; tudo o mais pretendia apenas levar a isso.

Examinemos agora mais de perto as diversas imagens. O anjo com a espada de fogo à esquerda da Mãe de Deus lembra imagens análogas do Apocalipse: ele representa a ameaça do juízo que pende sobre o mundo. A possibilidade que este acabe reduzido a cinzas num mar de chamas, hoje já não aparece de forma alguma como pura fantasia: o próprio homem preparou, com suas invenções, a espada de fogo. Em seguida, a visão mostra a força que se contrapõe ao poder da destruição: o brilho da Mãe de Deus e, de algum modo proveniente do mesmo, o apelo à penitência. Deste modo, é sublinhada a importância da liberdade do homem: o futuro não está de forma alguma determinado imutavelmente, e a imagem vista pelos Pastorinhos não é, absolutamente, um filme antecipado do futuro, do qual já nada se poderia mudar. Na realidade, toda a visão acontece só para chamar em campo a liberdade e orientá-la numa direcção positiva. O sentido da visão não é, portanto, o de mostrar um filme sobre o futuro, já fixo irremediavelmente; mas exactamente o contrário: o seu sentido é mobilizar as forças da mudança em bem. Por isso, há que considerar completamente extraviadas aquelas explicações fatalistas do «segredo» que dizem, por exemplo, que o autor do atentado de 13 de Maio de 1981 teria sido, em última análise, um instrumento do plano divino predisposto pela Providência e, por conseguinte, não poderia ter agido livremente, ou outras idéias semelhantes que por aí andam. A visão fala, sobretudo de perigos e do caminho para salvar-se deles.

As frases seguintes do texto mostram uma vez mais e de forma muito clara o carácter simbólico da visão: Deus permanece o incomensurável e a luz que está para além de qualquer visão nossa. As pessoas humanas são vistas como que num espelho. Devemos ter continuamente presente esta limitação inerente à visão, cujos confins estão aqui visivelmente indicados. O futuro é visto apenas «como que num espelho, de maneira confusa» (cf. 1 Cor 13, 12). Consideremos agora as diversas imagens que se sucedem no texto do «segredo». O lugar da acção é descrito com três símbolos: uma montanha íngreme, uma grande cidade meia em ruínas e finalmente uma grande cruz de troncos toscos. A montanha e a cidade simbolizam o lugar da história humana: a história como árdua subida para o alto, a história como lugar da criatividade e convivência humana e simultaneamente de destruições pelas quais o homem aniquila a obra do seu próprio trabalho. A cidade pode ser lugar de comunhão e progresso, mas também lugar do perigo e da ameaça mais extrema. No cimo da montanha, está a cruz: meta e ponto de orientação da história. Na cruz, a destruição é transformada em salvação; ergue-se como sinal da miséria da história e como promessa para a mesma.

Aparecem lá, depois, pessoas humanas: o Bispo vestido de branco (« tivemos o pressentimento que era o Santo Padre »), outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e, finalmente, homens e mulheres de todas as classes e posições sociais. O Papa parece caminhar à frente dos outros, tremendo e sofrendo por todos os horrores que o circundam. E não são apenas as casas da cidade que jazem meio em ruínas; o seu caminho é ladeado pelos cadáveres dos mortos. Deste modo, o caminho da Igreja é descrito como uma Via-sacra, como um caminho num tempo de violência, destruições e perseguições. Nesta imagem, pode-se ver representada a história dum século inteiro. Tal como os lugares da terra aparecem sinteticamente representados nas duas imagens da montanha e da cidade e estão orientados para a cruz, assim também os tempos são apresentados de forma contraída: na visão, podemos reconhecer o século vinte como século dos mártires, como século dos sofrimentos e perseguições à Igreja, como o século das guerras mundiais e de muitas guerras locais que ocuparam toda a segunda metade do mesmo, tendo feito experimentar novas formas de crueldade. No «espelho» desta visão, vemos passar as testemunhas da fé de decênios. A este respeito, é oportuno mencionar uma frase da carta que a Irmã Lúcia escreveu ao Santo Padre no dia 12 de Maio de 1982: «A terceira parte do “segredo” refere-se às palavras de Nossa Senhora: “Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas”».

Na Via-sacra deste século, tem um papel especial a figura do Papa. Na árdua subida da montanha, podemos sem dúvida ver figurados conjuntamente diversos Papas, começando de Pio X até ao Papa actual, que partilharam os sofrimentos deste século e se esforçaram por avançar, no meio deles, pelo caminho que leva à cruz. Na visão, também o Papa é morto na estrada dos mártires. Não era razoável que o Santo Padre, quando, depois do atentado de 13 de Maio de 1981, mandou trazer o texto da terceira parte do «segredo», tivesse lá identificado o seu próprio destino? Esteve muito perto da fronteira da morte, tendo ele mesmo explicado a sua salvação com as palavras seguintes: «Foi uma mão materna que guiou a trajectória da bala e o Papa agonizante deteve-se no limiar da morte» (13 de Maio de 1994). O facto de ter havido lá uma «mão materna» que desviou a bala mortífera demonstra uma vez mais que não existe um destino imutável, que a fé e a oração são forças que podem influir na história e que, em última análise, a oração é mais forte que as balas, a fé mais poderosa que os exércitos.

A conclusão do «segredo» lembra imagens, que Lúcia pode ter visto em livros de piedade e cujo conteúdo deriva de antigas intuições de fé. É uma visão consoladora, que quer tornar permeável à força santificante de Deus uma história de sangue e de lágrimas. Anjos recolhem, sob os braços da cruz, o sangue dos mártires e com ele regam as almas que se aproximam de Deus. O sangue de Cristo e o sangue dos mártires são vistos aqui juntos: o sangue dos mártires escorre dos braços da cruz. O seu martírio realiza-se solidariamente com a paixão de Cristo, identificando-se com ela. Eles completam em favor do corpo de Cristo o que ainda falta aos seus sofrimentos (cf. Col 1, 24). A sua própria vida tornou-se eucaristia, inserindo-se no mistério do grão de trigo que morre e se torna fecundo. O sangue dos mártires é semente de cristãos, disse Tertuliano. Tal como nasceu a Igreja da morte de Cristo, do seu lado aberto, assim também a morte das testemunhas é fecunda para a vida futura da Igreja. Deste modo, a visão da terceira parte do «segredo», tão angustiante ao início, termina numa imagem de esperança: nenhum sofrimento é vão, e precisamente uma Igreja sofredora, uma Igreja dos mártires torna-se sinal indicador para o homem na sua busca de Deus. Não se trata apenas de ver os que sofrem acolhidos na mão amorosa de Deus como Lázaro, que encontrou a grande consolação e misteriosamente representa Cristo, que por nós Se quis fazer o pobre Lázaro; mas há algo mais: do sofrimento das testemunhas deriva uma força de purificação e renovamento, porque é a actualização do próprio sofrimento de Cristo e transmite ao tempo presente a sua eficácia salvífica.

Chegamos assim a uma última pergunta: O que é que significa no seu conjunto (nas suas três partes) o «segredo» de Fátima? O que é nos diz a nós? Em primeiro lugar, devemos supor, como afirma o Cardeal Sodano, que «os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do “segredo” de Fátima parecem pertencer já ao passado». Os diversos acontecimentos, na medida em que lá são representados, pertencem já ao passado. Quem estava à espera de impressionantes revelações apocalípticas sobre o fim do mundo ou sobre o futuro desenrolar da história, deve ficar desiludido. Fátima não oferece tais satisfações à nossa curiosidade, como, aliás, a fé cristã em geral que não pretende nem pode ser alimento para a nossa curiosidade. O que permanece — dissemo-lo logo ao início das nossas reflexões sobre o texto do «segredo» — é a exortação à oração como caminho para a «salvação das almas», e no mesmo sentido o apelo à penitência e à conversão.

Queria, no fim, tomar uma vez mais outra palavra-chave do «segredo» que justamente se tornou famosa: «O meu Imaculado Coração triunfará». Que significa isto? Significa que este Coração aberto a Deus, purificado pela contemplação de Deus, é mais forte que as pistolas ou outras armas de qualquer espécie. O fiat de Maria, a palavra do seu Coração, mudou a história do mundo, porque introduziu neste mundo o Salvador: graças àquele «Sim», Deus pôde fazer-Se homem no nosso meio e tal permanece para sempre. Que o maligno tem poder neste mundo, vemo-lo e experimentamo-lo continuamente; tem poder, porque a nossa liberdade se deixa continuamente desviar de Deus. Mas, desde que Deus passou a ter um coração humano e deste modo orientou a liberdade do homem para o bem, para Deus, a liberdade para o mal deixou de ter a última palavra. O que vale desde então, está expresso nesta frase: «No mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o mundo» (Jo 16, 33). A mensagem de Fátima convida a confiar nesta promessa.



(Joseph Card. Ratzinger - Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé) atual Papa Bento XVI