sábado, 23 de outubro de 2010

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina

Santa Faustina pede a Nossa Senhora que mostre o caminho

Dia 5 de outubro comemoramos Santa Faustina, a secretária de Jesus, a quem Nosso Senhor revelou o mar insondável da Sua misericórdia. E durante a sua vida Santa Faustina também teve encontros com Nossa Senhora que a ajudou em muitas situações difíceis.

Hoje vamos conhecer como foi o dia que Santa Faustina estando na catedral de S. Estanislau Kostra diante do Santíssimo Sacramento ouve Jesus que lhe diz: vai imediatamente a Varsóvia e lá entrarás no convento.
Então….
Terminada a oração, lenvatei-me, fui para casa e fiz as coisas indispensáveis. Como pude relatei à minha irmã o que acontecera em minha alma; pedi que se despedisse por mim dos meus pais e assim, só com a roupa que tinha no corpo, sem mais nada vim para Varsóvia. Quando desci do trem e vi que cada um se dirigia ao seu destino, fiquei com medo e sem saber o que fazer. Para onde dirigir-me, não tendo ninguém conhecido? E disse a Nossa Senhora: Maria dirigi-me, guiai-me. Imediatamente ouvi em minha alma uma voz que me dizia que saísse da cidade e fosse a uma certa aldeia, onde poderia passar a noite com segurança. Foi o que fiz, e encontrei tudo como Nossa Senhora me havia dito (item 9 e 10)

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina

Santa Faustina vê Nossa Senhora no purgatório

Santa Faustina pergunta a Jesus por quem ela mais deveria rezar e Ele respondeu que na noite seginte me daria a conhecer por quem deveria rezar.
Então….
Vi o Anjo da Guarda que me mandou acompanha-lo. imediatamente encontrei-me num lugar enevoado, cheio de fogo e dentro deste uma grande quantidade de almas sofredoras. Essas almas rezavam com muito fervor, mas sem resultados para si mesmas; apenas nós podemos ajudá-las. As chamas que as queimam não me tocavam. O meu Anjo da Guarda não se afastava de mim nem por um momento.

E perguntei a essas almas qual era o seu maior sofrimento. Responderam-me que o maior sofrimento delas é a saudade de DEUS.
Vi Nossa Senhora que visitava as almas no Purgatório. Ela lhes traz alívio.

Queria conversar com as almas, mas meu Anjo da Guarda fez me sinal para saírmos e passamos pela porta dessa prisão de sofrimento. Ouvi uma voz interior que me disse: “A MINHA MISERICÓDIA NÃO DESEJA ISSO, MAS A JUSTIÇA MANDA”.

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina

Visão de Santa Faustina de Nossa Senhora

Vi Nossa Senhora em grande claridade e vestida de branco, cingida por um cinto de ouro, e havia pequenas estrelinhas também de ouro por toda a vestimenta, e as mangas estavam enfeitadas com triângulos de ouro. Tinha um leve manto azul-safira, na cabeça trazia um leve véu transparente, os cabelos soltos, lindamente penteados, e uma coroa de outro que tinha cruzinhas nas pontas. Na mão esquerda segurava o Menino Jesus. Uma Nossa Senhora assim nunca tinha visto. Então olhou para mim bondosamente e disse:

- Sou Nossa Senhora dos Sacerdotes.

Então colocou Jesus no chão, ergueu a mão direita para o céu e disse:

- Deus, abençoai a Polônia, abençoai os sacerdotes.
E novamente me disse:
- Conta o que viste aos sacerdotes.
Resolvi que contaria na primeira vez que me encontrasse com o Frei, mas eu mesma não posso compreender nada dessa visão.

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina (25)

À noite veio visitar-me Nossa Senhora com o Menino Jesus no colo. A alegria encheu a minha alma e eu disse:



- Maria, minha Mãe, Vós sabeis como estou sofrendo terrivelmente?



Respondeu-me Nossa Senhora:



- Sei quanto estás sofrendo, mas não tenhas medo, eu me compadeço de ti e sempre me compadecerei.



Sorriu cordialmente e desapareceu. Imediatamente surgiu em minha alma uma grande força e coragem.(item 25 do diário)



Vamos pedir que a Virgem Maria, que assim como visitou Santa Faustina, nos visite na realidade dos nossos sofrimentos e que Ela possa, compadecendo-se de nós, pedir a Jesus pela cura, libertação, graça que estamos precisando. Ela é nossa Mãe. Ela cuida de nós, pois nos ama, como a Jesus.

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina (32 e 33)

Nossa Senhora intercede pela humanidade



Uma vez ouvi estas palavras:



- Vai falar com a Superiora e pede que te permita fazer diariamente uma hora de adoração durante 9 dias; nessa adoração procura unir-te com Minha Mãe. Reza de coração em união com Maria, e também procura durante esse tempo rezar a Via-Sacra.



Recebi permissão, não para uma hora inteira, mas apenas para o quanto me permitisse o tempo após as minhas obrigações.



Eu devia fazer essa novena na intenção da Pátria.



No sétimo dia da novena vi Nossa Senhora entre o céu e a terra, vestida de branco, rezando com os braços cruzados sobre o peito, olhando para o céu, e do Seu coração saíam raios de fogo, uns para o céu, enquanto outros cobriam a nossa terra.

Nossa Senhora na Vida de Santa Faustina - 785

Diário 29/11/1936

Nossa Senhora ensinou-me como devo preparar-me para a festa do Natal. Via-a hoje sem o Menino Jesus. Ela me disse:
- Minha filha, busca o silêncio e a humildade, para que Jesus, que reside continuamente em teu coração, possa descansar. Adora- O em teu coração, não saias do teu interior. Pedirei para ti, minha filha, a graça da vida interior para que possas, sem abandonar o teu interior, cumprir exteriormente todas as tuas obrigações com uma exatidão ainda maior. Permanece com Ele continuamente em teu próprio coração. Ele será tua força; com as criatuas relaciona-te na medida em que a necessidade e a tua obrigação o exigirem. És morada agradável do Deus vivo, na qual Ele permanece continuamente com amor e prazer, e a presença viva de Deus que sentes de maneira mais viva e clara confirmar-te-á, Minha filha, naquilo que Eu te disse. Procura proceder assim até o Natal, e depois Ele mesmo te dará a entender de que maneira deverás conviver e unir-te com Ele.

Vemos aqui o carinho da Virgem Maria que promete pedir para Santa Faustina a graça da VIDA INTERIOR, desde que ela busque viver o silêncio e a humildade.

Nos preparando para o Santo Natal, como Santa Fasutina, vamos procurar o silêncio e a humildade e com a ajuda da Bem Aventurada Mãe de Deus, alcançar a graça de…………… (pedir uma graça a Ela). E ao obtê-la vamos testemunhar aqui.

Sabe o que vou pedir a Nossa Senhora: também a GRAÇA DA VIDA INTERIOR

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina - 40

Ano de 1929 Santa Faustina escreveu em seu diário assim:

Uma vez durante a Santa Missa, senti a proximidade de Deus de uma maneira especial, apesar de me distanciar e me afastar de Deus. Fugia muitas vezes de Deus porque não queria ser vítima do espírito mau, como muitas vezes me diziam que eu era. E essa incerteza durou muito tempo.



Durante a Santa Missa, antes da comunhão, havia a renovação dos votos. Quando saímos dos genuflexórios e começamos a pronunciar a fórmula dos votos, de repente Jesus colocou-se ao meu lado em vestes brancas, cingido por um cinto de ouro, e disse-me: Confiro-te o eterno amor, para que a tua pureza seja impoluta e como prova de que nunca sofrerás tentações impuras.



Jesus tirou seu cinto de ouro e cingiu com ele a minha cintura. Desde esse momento não sinto nenhum tipo de tentações contra a virtude nem no coração, nem na mente. Compreendi mais tarde que essa é uma das maiores graças que me foi conseguida pela Santíssima Virgem Maria, porque lhe pedi essa graça durante muitos anos. Desde então tenho a maior devoção para com Nossa Senhora. Foi Ela que me ensinou a amar a Deus interiormente e em tudo cumprir a Sua santa vontade



Sois alegria, ó Maria, porque por Vós Deus desceu à terra e ao meu coração.





Peçamos a Nossa Senhora, tão boa Mãe que também nos dê, através de Jesus, a graça da pureza de corpo e coração, o dom de amar a Deus interiormente e fazer a vontade do Senhor. Tres graças importantíssimas para nossa salvação.

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina - 259

Hoje, dia 27 de maio de 1933, estou partindo para Wilmo. Quando sai na frente da casa, olhei para todo o jardim e a casa, e quando olhei para o noviciado de repente meus olhos se encheram de lágrimas. Lembrei-me de todos os benefícios e graças que o Senhor me havia concedido. Então de repente vi perto do canteiro o Senhor, que me disse: não chores, eu estou sempre contigo.A presença de Deus que me envolveu quando Nosso Senhor falava durou durante todo o tempo da viagem. Tive permissão para visitar Czestochowa. Vi Nossa Senhora pela primeira vez quando fui de manhã, às cinco horas, para a exposição da imagem. Rezei sem cessar até as onze horas e parecia-me que havia acabado de chegar. Rezei sem cessar até onze horas e parecia-me que havia acabado de chegar. A Madre superiora de lá mandou uma Irmã para me chamar para o café, e estava preocupada que eu me atrasasse para o trem.

Muitas coisas me disse Nossa Senhora. Entreguei-Lhe meus votos perpétuos, e sei que sou Sua filha, e ela, minha Mãe. Nada me negou do que Lhe pedi.

Santa Fasutina entregou a Nossa Senhora o que ela tinha de mais importante: seus votos perpétuos e você o que vai entregar? Eu quero entregar todos os que neste momento estão lendo esta postagem pedindo a Ela muitas bençãos, graças e milagres para suas necessidades mais urgentes.

Agora faça você também os seus pedidos.

Que o Bom Jesus nos abençoe e nos guarde dentro de Seu coração misericordioso.

Nossa Senhora na vida de Santa Faustina

No diário da Divina Misericórdia, no item 315 e 316, Santa Faustina escreve assim:

Mãe de Deus, a Vossa alma estava mergulhada num mar de amargura, olhai para Vossa filha e ensinai a sofrer e amar em silêncio. Fortalecei a minha alma; que a dor não a quebrante. Mãe da graça, ensinai-me a viver em Deus.

Em determinado momento veio visitar-me Nossa Senhora. Estava triste, tinha os olhos baixados, deu-me a conhecer que tinha alguma coisa para me dizer, e por outro lado deu-me a conhecer como se não quisesse falar-me disso. Quando compreendi isso, comecei a pedir a Nossa Senhora que me dissesse e que olhasse para mim. Imediatamente Maria olhou para mim com um sorriso cordial e disse:


- Terás alguns sofrimentos por motivo de doença e de médicos; igualmente sofrerás muito por causa dessa imagem, mas não tenhas medo de nada.


No dia seguinte fiquei doente e sofri muito, como me tinha dito Nossa Senhora, mas a minha alma está pronta para os sofrimentos. O sofrimento é o companheiro constante da minha vida.

São Miguel e Santa Faustina

Vejamos a experiência de Santa Faustina com São Miguel, tirada do seu Diário, item 706



No dia de São Miguel Arcanjo, vi esse Guia perto de mim; ele me disse estas palavras:



- Recomendou-me o Senhor que eu tivesse um especial cuidado por ti. Sabe que és odiada pelo mal, mas não temas - Quem como Deus!



E desapareceu. Contudo sinto sua presença e ajuda.

sábado, 16 de outubro de 2010

Contos Marianos

estórias que o povo conta ou lendas marianas

MARIA AMA E AMPARA NOSSOS FILHOS



O GUARDA-CHUVA DE MARIA!

A seca maltratava a região. A terra estava sulcada com as rachaduras e no solo pobre nem o mato conseguia crescer.Muitos animais já haviam morrido de sede e os poucos pássaros não conseguiam mais voar. As pessoas andavam muito para buscar um pouco de água barrenta paraajuda que o governo prometera há muito tempo não tinha chegado e todos sabiam que ela não viria.As pessoas, porém confiavam em Deus Pai e Protetor e em sua santa Mãe, Maria, a Mãe da Misericórdia, que nunca abandona seus filhos. Rezavam todos os dias nos altares humildes improvisados nas casas simples.Em uma destas casas morava também uma menina também chamada Maria. Tinha doze anos e cuidava do pai e do irmão pequeno que nem conhecera a mãe, pois ela morrera quando ele nasceu. Seus olhos eram tristes, mas ela tinha muita alegria no coração, pois sabia que Maria, a Mãe de Deus, também era sua mãe.Um dia após a oração em sua casa teve uma idéia. Deviam fazer uma procissão ao redor da cidade com o andor de Nossa Senhora pedindo que mandasse a chuva. Rezariam, cantariam e implorariam pela água.



Quando a fila estava pronta para o início da procissão, todos entreolharam-se surpresos. A menina Maria estava levando um GUARDA-CHUVA pendurado no braço e antes de alguém falar alguma coisa ela disse:-



“Tenho confiança que Nossa Senhora vai nos atender e já estou preparada para quando a chuva vier”



Maria Santíssima encantou-se com a enorme fé da pequena menina e imediatamente, providenciou para que as gotas de água começassem a cair. Choveu durante muitos dias. As plantas revigoraram-se, os animais fortaleceram-se e as represas ficaram cheias.Todos agradeciam a Virgem Maria por sua proteção.



Ao redor da casa de Maria cresceram lindas flores que nunca secaram.



E você …… têm uma fé verdadeira?



Jesus disse:



“Tenham fé em Deus. Eu garanto a vocês: se alguém disser a esta montanha: Levante-se e jogue-se no mar, e não duvidar no seu coração, mas acreditar que isso vai acontecer, assim acontecerá. É por isso que eu digo a vocês: Tudo o que pedirem na oração, acreditem que já o receberam, e assim será” MC 11, 22-24



conto marianoNossa Senhora e a Morte

Orar ou chorar ?



Dois amigos combinaram que aquele que morresse primeiro, após a morte visitaria o outro para contar-lhe como estava passando. O que estivesse vivo faria para o outro tudo o que fosse possível. Após este trato viveram muitos anos ainda como amigos leais e com saúde perfeita.



Chegou o dia em que um deles caiu gravemente doente: seu fim estava próximo. Chamou o amigo são e relembrou-lhe o que haviam combinado prometendo que cumpriria a palavra dada enquanto Deus lhe permitisse.



Logo depois o doente morreu e foi conduzido ao purgatório para ser purificado dos seus pecados. O amigo chorou muito a perda do companheiro. Rezava por ele, mas devido aos seus muitos trabalho e ocupações muitas vezes esquecia de rezar pela alma do amigo. Bem que sentia falta e muitas vezes chorava inconsolavelmente.



Estava, porém, sempre a espera do momento em que o falecido voltaria para contar como estava passando.



Certa noite, após um dia de trabalho, estando em seu quarto descansando, o amigo falecido apareceu e lhe disse:- “Pergunte que deseja saber, mas seja rápido porque não posso ficar muito tempo”.



- Como você está passando?”Disse o amigo admirado”.

- Estou sofrendo no purgatório por causa dos meus pecados. Você chorou muito a minha morte; teria sido melhor se tivesse rezado muito, pois então já estaria livre dos meus sofrimentos. Faz pouco tempo que Maria nos veio visitar no purgatório para nos consolar. Ela levou muitas almas consigo para o céu. Eu teria sido uma delas se você tivesse rezado mais intensamente. Portanto, chore menos a minha ausência e reze mais para eu pertencer ao grupo dos que ela livrará do purgatório quando ela voltar no dia da Páscoa. Se ela não me levar eu o visitarei novamente, porém, caso ela me leve, não mais me verá, o que será um sinal de que Maria levou-me consigo para o paraíso.



O amigo compreendeu a lição. Passou a dedicar-se mais à oração do que à suas lágrimas e ocupações. Com ansiedade esperou o dia da Páscoa chegar. Seu amigo não voltou a visitá-lo. Soube, assim, que suas orações foram eficazes e atendidas e que Nossa Senhora libertou seu querido amigo do purgatório e o conduziu para a eterna felicidade.



Senhor, para os que crêem em Vós a vida não é tirada, mas transformada. E desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado nos céus um corpo imperecível (Pref. Missa dos defuntos)



Faça seu comentário sobre este conto que diz muito de nós.



Nossa Senhora cozinheira

Arquivado em: Agosto 16, 2007



AS MAIS BELAS LENDAS MARIANAS



O Natal estava chegando!

O monge cozinheiro do mosteiro era um jovem, grande devoto de Nossa Senhora, simples e prestativo. Recebera do abade ordem de preparar um almoço festivo para mais de cem monges que iriam comemorar juntos o nascimento de Jesus.

Na despensa do mosteiro havia uma belíssima imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus no colo. Antes de iniciar o seu trabalho diário o monge ajoelhava-se diante da imagem e pedia benção e proteção para seus afazeres.

No dia de Natal, por ser uma festa tão grade o monge cozinheiro quis prolongar um pouco a sua oração a Nossa Senhora e pedir uma benção especial para sair-se bem no preparo do importante almoço. Pegou o menino Jesus no colo de sua Mãe, beijou-o e cheio de alegria e gratidão pelo nascimento de Jesus Salvador começou a entoar cânticos de Natal, dançando sem parar, beijando e falando com o Menino Jesus, agradecendo-lhe por ter vindo morar entre nós, para nós e por causa de nós e de nossos pecados.

Ficou tão entusiasmado, totalmente absorvido pela alegria da festa, que nem percebeu que o tempo estava passando. De repente ouviu o sino tocar para o “Ângelus”. Era meio-dia, os monges começaram a sair da capela e ir para o refeitório.

Quase desmaiou de susto! Festa de Natal, hora do almoço festivo e ele nem tinha começado os preparativos. O que fazer? O que pensariam os colegas e os convidados? Qual o castigo que receberia do abade? Que vergonha! Ficou desesperado.

Quis devolver a Nossa Senhora o Menino Jesus que tinha nos braços, depositando-o no colo dela. Outro susto! A Imagem de Nossa Senhora não estava mais na despensa. Tinha desaparecido. Colocou Jesus no chão e correu para a cozinha.

Que maravilha! Que surpresa incrível! Viu Nossa Senhora diante do fogão já fritando, cozinhando, lidando com as panelas: a comida estava pronta. Enquanto ele brincava com o Menino Jesus, ela o substituíra no fogão.

O almoço festivo foi servido. Jamais houve naquele convento um almoço tão delicioso como naquele dia de Natal. Imagine, Nossa Senhora, ela mesma, cozinhando na festa da comemoração do nascimento de seu Filho Jesus.

Maria voltou para seu lugar na despensa e o monge, fora de si de tanta alegria, recolocou carinhosamente o Menino Jesus nos seus braços.

“Não fiquem preocupados dizendo: “O que vamos comer? O que vamos beber? Os pagãos é que ficam procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso” ( Mt 6, 31-32)



Para refletir e responder:



O que você achou mais interessante nesta lenda mariana?

Os Três Segredo de Fátima

I parte do segredo

“Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados em êsse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que d’elas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faulhas em os grandes incêndios sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e ascrosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu; que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição) se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor”.



(Memórias da Ir. Lúcia)



II parte do segredo



Em seguida os olhos para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza:

“Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz”.



(Memórias da Ir. Lúcia)





III parte do Segredo



A terceira parte do segredo revelado a 13 de Julho de 1917 na Cova da Iria-Fátima.

Escrevo em acto de obediência a Vós Deus meu, que mo mandais por meio de sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe.

Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fogo em a mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos n’uma luz imensa que é Deus: “algo semelhante a como se vêem as pessoas n’um espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”. Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fôra de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, n’êles recolhiam o sangue dos Mártires e com êle regavam as almas que se aproximavam de Deus. Tuy-3-1-1944.

Distingue-se o segredo, em três partes distintas uma da outra; A primeira parte, revela-se a visão do inferno, lugar para onde se destinava as almas dos pobres pecadores. A segunda parte destaca-se, a Devoção ao Imaculado Coração de Maria em que Deus quer estabelecer no Mundo. E por fim, o terceiro segredo que só foi publicado no ano 2000, relata o terrível sofrimento que o Santo Padre passaria, e a possível perseguição que a Igreja sofreria nos séculos vindouros.

Mas é certo que muitas outras interpretações foram se desencadeando no decorrer do tempo, como constatamos na virada do século XX, onde muito se ouvia dizer que o mundo acabaria no ano 2000, e julgavam ter ligações ao terceiro segredo de Fátima.

Por isso mesmo, que a Igreja se manteve com muita prudência, no processo de publicação do terceiro segredo, e que não poupou anos e anos, para estudar com precisão uma melhor forma de interpretá-lo. Sabemos, que nós homens e mulheres, temos uma mente fértil para imaginarmos coisas que não vemos, e concluir conceitos brilhantes, mas que, muitas vezes se distancia do essencial. Desta forma, vamos caminhar sempre nos passos que a Igreja nos conduz, para que sob a luz de Cristo, possamos assimilar com tranqüilidade e precisão uma melhor interpretação das Mensagens de Fátima.



(Memórias da Ir. Lúcia)





Lúcia e o segredo

Uma Orientação do terceiro segredo dada pela irmã Lúcia.

Uma orientação para a interpretação da terceira parte do «segredo» tinha sido já oferecida pela Irmã Lúcia, numa carta dirigida ao Santo Padre a 12 de Maio de 1982, onde dizia: “A terceira parte do segredo refere-se às palavras de Nossa Senhora. - Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas (13-VII-1917). A terceira parte do segredo é uma revelação simbólica, que se refere a este trecho da Mensagem, condicionada ao fato de aceitarmos ou não o que a Mensagem nos pede:- Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo. Porque não temos atendido a este apelo da Mensagem, verificamos que ela se tem cumprido, a Rússia foi invadindo o mundo com os seus erros. E se não vemos ainda, como fato consumado, o final desta profecia, vemos que para aí caminhamos a passos largos. Se não recuarmos no caminho do pecado, do ódio, da vingança, da injustiça atropelando os direitos da pessoa humana, da imoralidade e da violência.

E não digamos que é Deus que assim nos castiga; mas, sim, que são os homens que para si mesmos se preparam o castigo. Deus apenas nos adverte e chama ao bom caminho, respeitando a liberdade que nos deu; por isso os homens são responsáveis”.

A decisão tomada pelo Santo Padre João Paulo II de tornar pública a terceira parte do «segredo» de Fátima encerra um pedaço de história, marcado por trágicas veleidades humanas de poder e de iniqüidade, mas permeada pelo amor misericordioso de Deus e pela vigilância cuidadosa da Mãe de Jesus e da Igreja.

Ação de Deus, Senhor da história, e co-responsabilidade do homem, no exercício dramático e fecundo da sua liberdade, são os dois alicerces sobre os quais se constrói a história da humanidade.

Ao aparecer em Fátima, Nossa Senhora faz-nos apelo a estes valores esquecidos, a este futuro do homem em Deus, do qual somos parte ativa e responsável. (Tarcisio Bertone, SDB – Secretário da Congregação para Doutrina da Fé)

Mesmo a Irmã Lúcia, já tendo enviado, uma carta ao Papa João Paulo II em 1982, com boas orientações para a interpretação do terceiro segredo, o Papa decidiu enviar em seu nome à Fátima, o Monsenhor Tarcisio Bertone, “Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé” com uma carta nas mãos confirmando a sua presença em Fátima no mês seguinte, dia 13 de Maio de 2000, para a beatificação dos bem-aventurados Francisco e Jacinta, onde também decidira tornar publico a terceira parte do segredo. O objetivo principal desta carta, é que Irmã Lúcia respondesse algumas perguntas a respeito da interpretação do segredo.



Colóquio

Com a Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado

O encontro da Irmã Lúcia com Sua Ex.cia Rev.ma D. Tarcisio Bertone, Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, por encargo recebido do Santo Padre, e Sua Ex.cia Rev.ma D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima, teve lugar a 27 de Abril passado (uma quinta-feira), no Carmelo de Santa Teresa em Coimbra.

A Irmã Lúcia estava lúcida e calma, dizendo-se muito feliz com a ida do Santo Padre a Fátima para a Beatificação de Francisco e Jacinta, há muito desejada por ela.

O Bispo de Leiria-Fátima leu a carta autógrafa do Santo Padre, que explicava os motivos da visita. A Irmã Lúcia disse sentir-se muito honrada, e releu pessoalmente a carta comprazendo-se por vê-la nas suas próprias mãos. Declarou-se disposta a responder francamente a todas as perguntas.

Então, o Senhor D. Tarcisio Bertone apresenta-lhe dois envelopes: um exterior que tinha dentro outro com a carta onde estava a terceira parte do «segredo» de Fátima. Tocando esta segunda com os dedos, logo exclamou: «É a minha carta», e, depois de a ler, acrescentou: «É a minha letra».

Com o auxílio do Bispo de Leiria-Fátima, foi lido e interpretado o texto original, que é em língua portuguesa. A Irmã Lúcia concorda com a interpretação segundo a qual a terceira parte do «segredo» consiste numa visão profética, comparável às da história sagrada. Ela reafirma a sua convicção de que a visão de Fátima se refere, sobretudo à luta do comunismo ateu contra a Igreja e os cristãos, e descreve o imane sofrimento das vítimas da fé no século XX.

À pergunta: «A personagem principal da visão é o Papa?», a Irmã Lúcia responde imediatamente que sim e recorda como os três Pastorinhos sentiam muita pena pelo sofrimento do Papa e Jacinta repetia: «Coitadinho do Santo Padre. Tenho muita pena dos pecadores!» A Irmã Lúcia continua: «Não sabíamos o nome do Papa; Nossa Senhora não nos disse o nome do Papa. Não sabíamos se era Bento XV, Pio XII, Paulo VI ou João Paulo II, mas que era o Papa que sofria e isso fazia-nos sofrer a nós também».

Quanto à passagem relativa ao Bispo vestido de branco, isto é, ao Santo Padre — como logo perceberam os Pastorinhos durante a «visão» — que é ferido de morte e cai por terra, a irmã Lúcia concorda plenamente com a afirmação do Papa: «Foi uma mão materna que guiou a trajectória da bala e o Santo Padre agonizante deteve-se no limiar da morte » (João Paulo II, Meditação com os Bispos Italianos, a partir da Policlínica Gemelli, 13 de Maio de 1994).

Uma vez que a Irmã Lúcia, antes de entregar ao Bispo de Leiria-Fátima de então o envelope selado com a terceira parte do «segredo», tinha escrito no envelope exterior que podia ser aberto somente depois de 1960 pelo Patriarca de Lisboa ou pelo Bispo de Leiria, o Senhor D. Bertone pergunta-lhe: «Porquê o limite de 1960? Foi Nossa Senhora que indicou aquela data?». Resposta da Irmã Lúcia: «Não foi Nossa Senhora; fui eu que meti a data de 1960 porque, segundo intuição minha antes de 1960 não se perceberia, compreender-se-ia somente depois. Agora se pode compreender melhor. Eu escrevi o que vi; não compete a mim a interpretação, mas ao Papa.

Por último, alude-se ao manuscrito, não publicado, que a Irmã Lúcia preparou para dar resposta a tantas cartas de devotos e peregrinos de Nossa Senhora. A obra intitula-se «Os apelos da Mensagem de Fátima», e contém pensamentos e reflexões que exprimem, em chave catequética e parenética, os seus sentimentos e espiritualidade cândida e simples. Perguntou-se-lhe se gostava que fosse publicado, ao que a Irmã Lúcia respondeu: «Se o Santo Padre estiver de acordo, eu fico contente; caso contrário, obedeço àquilo que decidir o Santo Padre». A Irmã Lúcia deseja sujeitar o texto à aprovação da Autoridade Eclesiástica, esperando que o seu escrito possa contribuir para guiar os homens e mulheres de boa vontade no caminho que conduz a Deus, meta última de todo o anseio humano.

O colóquio termina com uma troca de terços: à Irmã Lúcia foi dado o terço oferecido pelo Santo Padre, e ela, por sua vez, entrega alguns terços confeccionados pessoalmente por ela.

A Bênção, concedida em nome do Santo Padre, concluiu o encontro.



Revelação oficial da terceira parte do segredo



Irmãos e irmãs no Senhor!

No termo desta solene celebração, sinto o dever de apresentar ao nosso amado Santo Padre João Paulo II os votos mais cordiais de todos os presentes pelo seu próximo octogésimo aniversário natalício, agradecidos pelo seu precioso ministério pastoral em benefício de toda a Santa Igreja de Deus.

Na circunstância solene da sua vinda a Fátima, o Sumo Pontífice incumbiu-me de vos comunicar uma notícia. Como é sabido, a finalidade da vinda do Santo Padre a Fátima é a beatificação dos dois Pastorinhos. Contudo Ele quer dar a esta sua peregrinação também o valor de um renovado preito de gratidão a Nossa Senhora pela protecção que Ela Lhe tem concedido durante estes anos de pontificado. É uma proteção que parece ter a ver também com a chamada terceira parte do «segredo» de Fátima.

Tal texto constitui uma visão profética comparável às da Sagrada Escritura, que não descrevem de forma fotográfica os detalhes dos acontecimentos futuros, mas sintetizam e condensam sobre a mesma linha de fundo, fatos que se prolongam no tempo numa sucessão e duração não especificadas. Em conseqüência, a chave de leitura do texto só pode ser de caráter simbólico.

A visão de Fátima refere-se, sobretudo à luta dos sistemas ateus contra a Igreja e os cristãos e descreve o sofrimento imane das testemunhas da fé do último século do segundo milênio. É uma Via-sacra sem fim, guiada pelos Papas do século vinte.

Segundo a interpretação dos Pastorinhos, interpretação confirmada ainda recentemente pela Irmã Lúcia, o «Bispo vestido de branco» que reza por todos os fiéis é o Papa. Também Ele, caminhando penosamente para a Cruz por entre os cadáveres dos martirizados (bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e várias pessoas seculares), cai por terra como morto sob os tiros de uma arma de fogo.

Depois do atentado de 13 de Maio de 1981, pareceu claramente a Sua Santidade que foi «uma mão materna a guiar a trajetória da bala», permitindo que o «Papa agonizante» se detivesse «no limiar da morte» [João Paulo II, Meditação com os Bispos Italianos, a partir da Policlínica Gemelli, em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XVII-1 (Città del Vaticano 1994), 1061]. Certa ocasião em que o Bispo de Leiria-Fátima de então, passara por Roma, o Papa decidiu entregar-lhe à bala que tinha ficado no jeep depois do atentado, para ser guardada no Santuário. Por iniciativa do Bispo, essa bala foi depois encastoada na coroa da imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Depois, os acontecimentos de 1989 levaram, quer na União Soviética, quer em numerosos Países do Leste, à queda do regime comunista que propugnava o ateísmo. O Sumo Pontífice agradece do fundo do coração à Virgem Santíssima também por isso. Mas, noutras partes do mundo, os ataques contra a Igreja e os cristãos, com a carga de sofrimento que eles provocam, infelizmente não cessaram. Embora os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do «segredo» de Fátima pareçam pertencer já ao passado, o apelo à conversão e à penitência, manifestado por Nossa Senhora ao início do século vinte, conserva ainda hoje uma estimulante actualidade. «A Senhora da Mensagem parece ler com uma perspicácia singular os sinais dos tempos, os sinais do nosso tempo. (…) O convite insistente de Maria Santíssima à penitência não é senão a manifestação da sua solicitude materna pelos destinos da família humana, necessitada de conversão e de perdão» [João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial do Doente - 1997, n. 1, em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XIX 2 (Città del Vaticano 1996), 561].

Para consentir que os fiéis recebam melhor a mensagem da Virgem de Fátima, o Papa confiou à Congregação para a Doutrina da Fé o encargo de tornar pública a terceira parte do «segredo», depois de lhe ter preparado um adequado comentário.

Irmãos e irmãs, damos graças a Nossa Senhora de Fátima pela sua proteção. Confiamos à sua materna intercessão a Igreja do Terceiro Milênio.



Sub tuum præsidium confugimus, Sancta Dei Genetrix! Intercede pro Ecclesia. Intercede pro Papa nostro Joanne Paulo II. Amem. Fátima, 13 de Maio de 2000.



Comentário Teológico

Quem lê com atenção o texto do chamado terceiro «segredo» de Fátima, que depois de longo tempo, por disposição do Santo Padre, é aqui publicado integralmente, ficará presumivelmente desiludido ou maravilhado depois de todas as especulações que foram feitas. Não é revelado nenhum grande mistério; o véu do futuro não é rasgado. Vemos a Igreja dos mártires deste século que está para findar, representada através duma cena descrita numa linguagem simbólica de difícil decifração. É isto o que a Mãe do Senhor queria comunicar à cristandade, à humanidade num tempo de grandes problemas e angústias? Serve-nos de ajuda no início do novo milênio? Ou, não serão talvez apenas projeções do mundo interior de crianças, crescidas num ambiente de profunda piedade, mas simultaneamente assustadas pelas tempestades que ameaçavam o seu tempo? Como devemos entender a visão, o que pensar dela?



Uma tentativa de interpretação do segredo de Fátima

A primeira e a segunda parte do «segredo» de Fátima foram já discutidas tão amplamente por específicas publicações, que não necessitam de ser ilustradas novamente aqui. Queria apenas chamar brevemente a atenção para o ponto mais significativo. Os Pastorinhos experimentaram, durante um instante terrível, uma visão do inferno. Viram a queda das «almas dos pobres pecadores». Em seguida, foi-lhes dito o motivo pelo qual tiveram de passar por esse instante: para «salvá-las» — para mostrar um caminho de salvação. Isto faz-nos recordar uma frase da primeira Carta de Pedro que diz: «Estais certos de obter, como prêmio da vossa fé, a salvação das almas» (1, 9). Como caminho para se chegar a tal objectivo, é indicado de modo surpreendente para pessoas originárias do ambiente cultural anglo-saxônico e germânico - a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Para compreender isto, deveria bastar uma breve explicação. O termo «coração», na linguagem da Bíblia, significa o centro da existência humana, uma confluência da razão, vontade, temperamento e sensibilidade, onde a pessoa encontra a sua unidade e orientação interior. O «coração imaculado» é, segundo o evangelho de Mateus (5, 8), um coração que a partir de Deus chegou a uma perfeita unidade interior e, consequentemente, «vê a Deus». Portanto, «devoção» ao Imaculado Coração de Maria é aproximar-se desta atitude do coração, na qual o fiat — «seja feita avossa vontade» — se torna o centro conformador de toda a existência. Se porventura alguém objectasse que não se deve interpor um ser humano entre nós e Cristo, lembre-se de que Paulo não tem medo de dizer às suas comunidades: «Imitai-me» (cf. 1 Cor 4, 16; Fil 3, 17; 1 Tes 1, 6; 2 Tes 3, 7.9). No Apóstolo, elas podem verificar concretamente o que significa seguir Cristo. Mas, com quem poderemos nós aprender sempre melhor do que com a Mãe do Senhor?

Chegamos assim finalmente à terceira parte do «segredo» de Fátima, publicado aqui pela primeira vez integralmente. Como resulta da documentação anterior, a interpretação dada pelo Cardeal Sodano, no seu texto do dia 13 de Maio, tinha antes sido apresentada pessoalmente à Irmã Lúcia. A tal propósito, ela começou por observar que lhe foi dada a visão, mas não a sua interpretação. A interpretação, dizia, não compete ao vidente, mas à Igreja. No entanto, depois da leitura do texto, a Irmã Lúcia disse que tal interpretação corresponde àquilo que ela mesma tinha sentido e que, pela sua parte, reconhecia essa interpretação como correcta. Sendo assim, limitar-nos-emos, naquilo que vem a seguir, a dar de forma profunda um fundamento à referida interpretação, partindo dos critérios anteriormente desenvolvidos.

Do mesmo modo que tínhamos identificado, como palavra-chave da primeira e segunda parte do «segredo», a frase «salvar as almas», assim agora a palavra-chave desta parte do «segredo» é o tríplice grito: «Penitência, Penitência, Penitência!» Volta-nos ao pensamento o início do Evangelho: « Pænitemini et credite evangelio » (Mc 1, 15). Perceber os sinais do tempo significa compreender a urgência da penitência, da conversão, da fé. Tal é a resposta justa a uma época histórica caracterizada por grandes perigos, que serão delineados nas sucessivas imagens. Deixo aqui uma recordação pessoal: num colóquio que a Irmã Lúcia teve comigo, ela disse-me que lhe parecia cada vez mais claramente que o objectivo de todas as aparições era fazer crescer sempre mais na fé, na esperança e na caridade; tudo o mais pretendia apenas levar a isso.

Examinemos agora mais de perto as diversas imagens. O anjo com a espada de fogo à esquerda da Mãe de Deus lembra imagens análogas do Apocalipse: ele representa a ameaça do juízo que pende sobre o mundo. A possibilidade que este acabe reduzido a cinzas num mar de chamas, hoje já não aparece de forma alguma como pura fantasia: o próprio homem preparou, com suas invenções, a espada de fogo. Em seguida, a visão mostra a força que se contrapõe ao poder da destruição: o brilho da Mãe de Deus e, de algum modo proveniente do mesmo, o apelo à penitência. Deste modo, é sublinhada a importância da liberdade do homem: o futuro não está de forma alguma determinado imutavelmente, e a imagem vista pelos Pastorinhos não é, absolutamente, um filme antecipado do futuro, do qual já nada se poderia mudar. Na realidade, toda a visão acontece só para chamar em campo a liberdade e orientá-la numa direcção positiva. O sentido da visão não é, portanto, o de mostrar um filme sobre o futuro, já fixo irremediavelmente; mas exactamente o contrário: o seu sentido é mobilizar as forças da mudança em bem. Por isso, há que considerar completamente extraviadas aquelas explicações fatalistas do «segredo» que dizem, por exemplo, que o autor do atentado de 13 de Maio de 1981 teria sido, em última análise, um instrumento do plano divino predisposto pela Providência e, por conseguinte, não poderia ter agido livremente, ou outras idéias semelhantes que por aí andam. A visão fala, sobretudo de perigos e do caminho para salvar-se deles.

As frases seguintes do texto mostram uma vez mais e de forma muito clara o carácter simbólico da visão: Deus permanece o incomensurável e a luz que está para além de qualquer visão nossa. As pessoas humanas são vistas como que num espelho. Devemos ter continuamente presente esta limitação inerente à visão, cujos confins estão aqui visivelmente indicados. O futuro é visto apenas «como que num espelho, de maneira confusa» (cf. 1 Cor 13, 12). Consideremos agora as diversas imagens que se sucedem no texto do «segredo». O lugar da acção é descrito com três símbolos: uma montanha íngreme, uma grande cidade meia em ruínas e finalmente uma grande cruz de troncos toscos. A montanha e a cidade simbolizam o lugar da história humana: a história como árdua subida para o alto, a história como lugar da criatividade e convivência humana e simultaneamente de destruições pelas quais o homem aniquila a obra do seu próprio trabalho. A cidade pode ser lugar de comunhão e progresso, mas também lugar do perigo e da ameaça mais extrema. No cimo da montanha, está a cruz: meta e ponto de orientação da história. Na cruz, a destruição é transformada em salvação; ergue-se como sinal da miséria da história e como promessa para a mesma.

Aparecem lá, depois, pessoas humanas: o Bispo vestido de branco (« tivemos o pressentimento que era o Santo Padre »), outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e, finalmente, homens e mulheres de todas as classes e posições sociais. O Papa parece caminhar à frente dos outros, tremendo e sofrendo por todos os horrores que o circundam. E não são apenas as casas da cidade que jazem meio em ruínas; o seu caminho é ladeado pelos cadáveres dos mortos. Deste modo, o caminho da Igreja é descrito como uma Via-sacra, como um caminho num tempo de violência, destruições e perseguições. Nesta imagem, pode-se ver representada a história dum século inteiro. Tal como os lugares da terra aparecem sinteticamente representados nas duas imagens da montanha e da cidade e estão orientados para a cruz, assim também os tempos são apresentados de forma contraída: na visão, podemos reconhecer o século vinte como século dos mártires, como século dos sofrimentos e perseguições à Igreja, como o século das guerras mundiais e de muitas guerras locais que ocuparam toda a segunda metade do mesmo, tendo feito experimentar novas formas de crueldade. No «espelho» desta visão, vemos passar as testemunhas da fé de decênios. A este respeito, é oportuno mencionar uma frase da carta que a Irmã Lúcia escreveu ao Santo Padre no dia 12 de Maio de 1982: «A terceira parte do “segredo” refere-se às palavras de Nossa Senhora: “Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas”».

Na Via-sacra deste século, tem um papel especial a figura do Papa. Na árdua subida da montanha, podemos sem dúvida ver figurados conjuntamente diversos Papas, começando de Pio X até ao Papa actual, que partilharam os sofrimentos deste século e se esforçaram por avançar, no meio deles, pelo caminho que leva à cruz. Na visão, também o Papa é morto na estrada dos mártires. Não era razoável que o Santo Padre, quando, depois do atentado de 13 de Maio de 1981, mandou trazer o texto da terceira parte do «segredo», tivesse lá identificado o seu próprio destino? Esteve muito perto da fronteira da morte, tendo ele mesmo explicado a sua salvação com as palavras seguintes: «Foi uma mão materna que guiou a trajectória da bala e o Papa agonizante deteve-se no limiar da morte» (13 de Maio de 1994). O facto de ter havido lá uma «mão materna» que desviou a bala mortífera demonstra uma vez mais que não existe um destino imutável, que a fé e a oração são forças que podem influir na história e que, em última análise, a oração é mais forte que as balas, a fé mais poderosa que os exércitos.

A conclusão do «segredo» lembra imagens, que Lúcia pode ter visto em livros de piedade e cujo conteúdo deriva de antigas intuições de fé. É uma visão consoladora, que quer tornar permeável à força santificante de Deus uma história de sangue e de lágrimas. Anjos recolhem, sob os braços da cruz, o sangue dos mártires e com ele regam as almas que se aproximam de Deus. O sangue de Cristo e o sangue dos mártires são vistos aqui juntos: o sangue dos mártires escorre dos braços da cruz. O seu martírio realiza-se solidariamente com a paixão de Cristo, identificando-se com ela. Eles completam em favor do corpo de Cristo o que ainda falta aos seus sofrimentos (cf. Col 1, 24). A sua própria vida tornou-se eucaristia, inserindo-se no mistério do grão de trigo que morre e se torna fecundo. O sangue dos mártires é semente de cristãos, disse Tertuliano. Tal como nasceu a Igreja da morte de Cristo, do seu lado aberto, assim também a morte das testemunhas é fecunda para a vida futura da Igreja. Deste modo, a visão da terceira parte do «segredo», tão angustiante ao início, termina numa imagem de esperança: nenhum sofrimento é vão, e precisamente uma Igreja sofredora, uma Igreja dos mártires torna-se sinal indicador para o homem na sua busca de Deus. Não se trata apenas de ver os que sofrem acolhidos na mão amorosa de Deus como Lázaro, que encontrou a grande consolação e misteriosamente representa Cristo, que por nós Se quis fazer o pobre Lázaro; mas há algo mais: do sofrimento das testemunhas deriva uma força de purificação e renovamento, porque é a actualização do próprio sofrimento de Cristo e transmite ao tempo presente a sua eficácia salvífica.

Chegamos assim a uma última pergunta: O que é que significa no seu conjunto (nas suas três partes) o «segredo» de Fátima? O que é nos diz a nós? Em primeiro lugar, devemos supor, como afirma o Cardeal Sodano, que «os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do “segredo” de Fátima parecem pertencer já ao passado». Os diversos acontecimentos, na medida em que lá são representados, pertencem já ao passado. Quem estava à espera de impressionantes revelações apocalípticas sobre o fim do mundo ou sobre o futuro desenrolar da história, deve ficar desiludido. Fátima não oferece tais satisfações à nossa curiosidade, como, aliás, a fé cristã em geral que não pretende nem pode ser alimento para a nossa curiosidade. O que permanece — dissemo-lo logo ao início das nossas reflexões sobre o texto do «segredo» — é a exortação à oração como caminho para a «salvação das almas», e no mesmo sentido o apelo à penitência e à conversão.

Queria, no fim, tomar uma vez mais outra palavra-chave do «segredo» que justamente se tornou famosa: «O meu Imaculado Coração triunfará». Que significa isto? Significa que este Coração aberto a Deus, purificado pela contemplação de Deus, é mais forte que as pistolas ou outras armas de qualquer espécie. O fiat de Maria, a palavra do seu Coração, mudou a história do mundo, porque introduziu neste mundo o Salvador: graças àquele «Sim», Deus pôde fazer-Se homem no nosso meio e tal permanece para sempre. Que o maligno tem poder neste mundo, vemo-lo e experimentamo-lo continuamente; tem poder, porque a nossa liberdade se deixa continuamente desviar de Deus. Mas, desde que Deus passou a ter um coração humano e deste modo orientou a liberdade do homem para o bem, para Deus, a liberdade para o mal deixou de ter a última palavra. O que vale desde então, está expresso nesta frase: «No mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o mundo» (Jo 16, 33). A mensagem de Fátima convida a confiar nesta promessa.



(Joseph Card. Ratzinger - Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé) atual Papa Bento XVI

Nossa Senhora do Rosário

A festa de Nossa Senhora do Rosário foi instituída pelo papa Pio V, em 1571, quando se celebrava o aniversário da batalha naval de Lepanto. Segundo consta, os cristãos saíram vitoriosos porque invocaram o auxílio da Santa Mãe de Deus, rezando o rosário. A origem do terço é muito antiga. Remonta aos anacoretas orientais que usavam pedrinhas para contar suas orações vocais. O Venerável Beda sugerira aos irmãos leigos, pouco familiarizados com o Saltério latino, que se utilizassem de grãos enfiados em um barbante na recitação dos pai-nossos e ave-marias. Segundo a lenda, em 1328 Nossa Senhora apareceu a São Domingos, recomendando-lhe a reza do rosário para a salvação do mundo. Rosário significa coroa de rosas oferecidas à Nossa Senhora. Os promotores e divulgadores da devoção do rosário no mundo inteiro foram os dominicanos. Somos hoje, portanto, convidados a meditar sobre os mistérios de Cristo Jesus, associando-nos como Maria Santíssima à encarnação, paixão e gloriosa ressurreição do Filho de Deus.


Diz o Papa João Paulo II na sua Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariae”: “O Rosário, de facto, ainda que caracterizado pela sua fisionomia mariana, no seu âmago é oração cristológica. Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica,da qual é quase um compêndio. Nele ecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora iniciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor. Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor.”



Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós