Jacinta é carregada depois de uma das aparições, para ser protegida da multidão |
A hipótese desencadeou compreensível tormenta na alma de Lúcia, que começou a hesitar sobre a conveniência de se apresentar de novo no local das aparições. Ao manifestar a seus primos a dúvida em que se debatia, Jacinta logo a desfez com uma encantadora lógica infantil: “Não é o demônio, não! O demônio dizem que é muito feio e que está debaixo da terra, no inferno; e aquela Senhora é tão bonita, e nós vimo-La subir ao Céu” (II Memória, p. 68).
Isso apaziguou um tanto a alma de Lúcia, mas a dúvida persistia. Esmoreceu nela o entusiasmo inicial pela prática do sacrifício e da mortificação. Assim, na véspera da terceira aparição (13 de julho de 1917) resolveu não voltar mais à Cova da Iria (local das aparições). Chamou então Jacinta e Francisco, e informou-os de sua resolução. Eles responderam: “Nós vamos. Aquela Senhora mandou-nos lá ir” (II Memória, p. 69). E Jacinta pôs-se a chorar, por Lúcia não querer ir.
No dia seguinte, Lúcia sentiu-se de repente impelida a ir, por uma força superior à qual não resistiu. Pôs-se a caminho, passando antes pela casa dos primos. Encontrou-os no quarto, de joelhos ao pé da cama, a chorar.
— “Então, vocês não vão? – perguntou Lúcia.
— Sem ti, não nos atrevemos a ir. Anda, vem!
— Já cá vou” – respondeu Lúcia (cfr. II Memória, p. 70).
E puseram-se alegres a caminho…
Já na aparição de 13 de junho, algo semelhante ocorrera: Lúcia fraquejava diante dos “afagos” da mãe, e a firmeza de Jacinta e Francisco vencera as relutâncias da vidente mais velha das aparições.
Sem comentários:
Enviar um comentário