sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Oração de Santa Terezinha do Menino Jesus pelos sacerdotes


Ó Jesus, Sumo e Eterno Sacerdote, conservai todos os vossos sacerdotes sob a proteção do vosso Coração amabilíssimo, onde nada de mal lhes possa suceder. Conservai ilibadas as suas mãos ungidas, que tocam todos os dias em vosso Corpo santíssimo. Conservai puros os seus lábios, tintos pelo vosso Sangue preciosíssimo. Conservai puros e desapegados dos bens da terra, os seus corações que foram selados com o caráter sublime do vosso glorioso sacerdócio. Fazei-os crescer no amor e fidelidade para convosco e preservai-os do contágio do mundo. Dai-lhes também, juntamente com o poder que têm de transubstanciar o pão e vinho em vosso Corpo e Sangue, o poder de transformar o coração dos homens. Abençoai os seus trabalhos com copiosos frutos, e concedei-lhes um dia a coroa da vida eterna. Assim seja.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Relato das Aparições do Anjo e de N. Senhora



 Aparição do Anjo-1916

Ciclo das Aparições

As aparições estão contextualizadas em três ciclos muito bem definidos. O primeiro ciclo é marcado pela aparição do Anjo em 1916.

1ª Aparição do Anjo

Como que preparando as aparições de Nossa Senhora, em 1916, em plena Primavera, estando os três pastorinhos a brincar numa colina chamada Loca do Cabeço, Apareceu-lhes um Anjo. Um jovem que aparentava ter entre 14 a 15 anos, tão branco como a neve, e de uma beleza divina, disse:

“Não temais! Sou o Anjo da Paz. Orai comigo.

- E ajoelhando em terra curvou a cabeça até ao chão,

e fez-nos repetir três vezes estas palavras:

Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos.


Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram,


não esperam e não Vos amam.

- Depois erguendo-se, disse:

Orai assim. Os corações de Jesus e Maria estão atentos às vossas súplicas.

E desapareceu”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

2ª Aparição do Anjo


A segunda aparição do Anjo, já no verão do mesmo ano, deu-se no poço do quintal da família de Lúcia. Estando aí os três pequeninos pastores a brincar, tornaram a ver o mesmo Anjo, que lhes disse:

“ – Que fazeis? Orai, orai muito. Os corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei, constantemente,ao altíssimo, orações e sacrifícios.

- Como nós havemos de sacrificar? – Perguntou Lúcia. De tudo o que puderdes, oferecei a Deus um sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores.

Atraí assim, sobre a vossa Pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai, com submissão, o sofrimento que o Senhor vos enviar”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

3ª Aparição do Anjo

Em Outubro de 1916, na Loca do Cabeço, no mesmo lugar da primeira aparição, o Anjo de Portugal repete o gesto da face no chão, recitando a mesma oração ensinada na primeira aparição. De repente, viram brilhar sobre eles um grande clarão.

“Erguemo-nos para ver o que se passava e vimos o Anjo, tendo na mão esquerda um cálix, sobre o qual está suspensa uma Hóstia, da qual caem algumas gotas de Sangue dentro do cálix. O Anjo deixa suspenso no ar o cálix, ajoelha junto de nós, e faz-nos repetir três vezes:

- Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos
a conversão dos pobres pecadores.

Depois levanta-se, toma em suas mãos o Cálix e a Hóstia. Dá-me a Sagrada Hóstia a mim e o Sangue do Cálix divide-O pela Jacinta e o Francisco, dizendo ao mesmo tempo:

- Tomai e bebei o Corpo e Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.

E prostrando-se de novo em terra, repetiu conosco outras três vezes a mesma oração: Santíssima Trindade…, e desapareceu”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

Nossa Senhora-1917

Ciclo das aparições de Nossa Senhora em Fátima

O segundo ciclo resume-se nas aparições de Nossa Senhora em Fátima por seis vezes consecutivas, de Maio a Outubro de 1917. E o terceiro é reconhecido como o “Ciclo Cordimariana”, que vem do coração de Maria.

1ª Aparição de Nossa Senhora

Era Domingo, e os Pastorinhos estavam brincando na Cova da Iria. Por volta do meio-dia viram uns relâmpagos. Temendo que viesse trovoada, desceram pela encosta e contemplaram, sobre uma azinheira, “uma pequena árvore muito típica de Portugal”, uma Senhora vestida de branco, mais brilhante que o sol. Nossa Senhora, disse-lhes:

“Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.

- De onde é Vossemecê? Lhe perguntei (Lúcia)

Sou do Céu.

- E que é que Vossemecê me quer?

Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos,

no dia 13, a esta mesma hora.

Depois vos direi quem sou e o que quero.

- E eu também vou para o Céu?

Sim, vais.

- E a Jacinta?

Também.

- E o Francisco?

Também, mas tem que rezar muitos terços…

Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?

- Sim, queremos.

Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto

Por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente:

Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro.
Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.

Nossa Senhora acrescentou:

Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.

Em seguida, começou-se a elevar serenamente,subindo em direção ao nascente…”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

2ª Aparição de Nossa Senhora

Neste dia, a branca Senhora disse:

“Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que aprendais a ler. Depois direi o que quero.

Quando a Lúcia pede para os levar a todos para o Céu,


a Senhora responde:

Sim; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a Devoção ao Meu Imaculado Coração. A quem a abraçar prometo a Salvação, e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o Seu trono.

- Fico cá sozinha? Perguntei com pena.

Não filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O Meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá a Deus.

- Foi no momento que disse estas últimas palavras que abriu as mãos e nos comunicou, pela segunda vez, o reflexo desta luz imensa. Nela nos víamos como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco pareciam estar na parte desta luz que se elevava para o Céu e eu na que se espargia sobre a terra. À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora, estava um coração cercado de espinhos que parecia estarem-lhe cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

3° Aparição de Nossa Senhora

Rodeados por três a quatro mil pessoas, Nossa Senhora, disse:

“Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.

- Queria pedir-Lhes para nos dizer quem é, para fazer um milagre para que todos acreditem que Vossemecê nos aparece.

Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi quem eu sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver, para acreditar. Pouco depois acrescentou:

Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício:

Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.

A Senhora abriu as mãos, das quais saiu um farol de luz que pareceu penetrar pela terra dentro. Diante dos olhos aterrados dos Pastorinhos espraia-se um imenso mar de fogo em que estão mergulhados os demónios em figuras horríveis e asquerosas, e as almas dos condenados, em forma humana, flutuando sem peso, nem equilíbrio, no turbilhão de labaredas e nuvens de fumo, soltando gritos de dor e desespero.

- Assustados e como que a pedir socorro, levantamos a vista para Nossa Senhora, que nos disse, com bondade e tristeza:

Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores.

E ensina-lhes esta súplica humilde para intercalarem nos mistérios do terço:

Ó meu Jesus perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno: levai as alminhas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

Faremos aqui uma pausa explicativa, para assimilar o contexto de “tempo”, em que nesta aparição de Julho Nossa Senhora revela aos Pastorinhos o Grande Segredo de Fátima, que entende estar dividido em três partes distintas, sendo que parte deste segredo ficou guardada em silêncio nos cofres da Santa Igreja durante quase 83 anos, só revelado por João Paulo II, em Fátima, no ano 2000.

Na primeira parte deste segredo distingue-se a visão do inferno, onde os Pastorinhos aterrorizados com aquela visão, vêem mergulhados em um mar de fogo muitos demônios mas, também as almas dos condenados. Nisto implica, o castigo pelo pecado neste mundo de guerras, erros e fome que espalhados pela Rússia, tornam-se um grande inimigo da Paz.

Em sequência desta visão Nossa Senhora afirmou:

“Para Salvar as almas, Deus quer estabelecer no mundo a Devoção ao Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão a paz. A Guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de ofenderem a Deus… Começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e da perseguição à Igreja e ao Santo Padre.

Para impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração e a Comunhão Reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão a paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal conservar-se-á sempre o dogma da Fé, etc. Isto não o digais a ninguém.

Ao Francisco, sim, podeis dizê-lo”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

Portanto, neste trecho está contida a segunda parte do Segredo, que traduz m uma intervenção de Deus como um remédio espiritual, onde, por meio da devoção ao Imaculado Coração de Maria e da Comunhão Reparadora dos Primeiros Sábados, poderá evitar todos estes males das guerras.

Até então, a segunda parte do segredo ficou guardada na memória dos Pastorinhos durante alguns anos. Só em Dezembro de 1925, em Pontevedra – Espanha, é que Nossa Senhora autoriza Lúcia já a se preparar para a vida religiosa, a torná-la pública. Quanto à terceira parte do segredo, manteve-se em segredo por mais alguns anos, a pedido da própria Nossa Senhora.

 Porém o mais importante aqui, é percebermos que na segunda parte do Segredo, Nossa Senhora fala, não de forma conclusiva mas, ainda a lapidar a respeito das duas devoções; a Devoção ao Imaculado Coração de Maria e a Devoção Reparadora dos Primeiros Sábados.

Podemos dizer que, a primeira etapa da segunda parte do Segredo já foi cumprida, quando a Devoção ao Imaculado Coração de Maria correspondia em si à Consagração da Rússia e do Mundo ao Seu Imaculado Coração, concluída no dia 25 de Março de 1984, pelo Papa João Paulo II, em Roma.

Porém a segunda etapa está ainda em plena revelação, quando diz respeito à Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados, que só foi então esclarecida mais tarde, numa terceira sequência das aparições, na Espanha.

4ª Aparição de Nossa Senhora

Era de manhã quando o administrador de Ourém prendeu os Pastorinhos por três dias, exatamente no dia em que Nossa Senhora havia de aparecer.

Esta foi a única das aparições que não aconteceu no dia 13, conforme a Senhora Branca havia predito. As forças dominantes e políticas do governo naquela época dominavam Portugal, que por sua vez lançavam grandes perseguições religiosas. O Administrador do Concelho de Ourém, Artur de Oliveira dos Santos querendo arrancar dos Pastorinhos o segredo que Nossa Senhora havia lhes confiado nas aparições, mas também, com medo das manifestações de fé em massa que estavam a crescer mês a mês na pequena aldeia de Aljustrel, vendo ameaçar o seu governo, pondo em perigo sua liberdade democrática e temendo um descontrole socio-político, mandou prender os pequeninos Pastorinhos contagiados pela forte presença de Nossa Senhora nas aparições.

Nem mesmo as tortuosas ameaças do administrador, puderam impedir que Nossa Senhora voltasse a aparecer aos três videntes de Fátima, que no Domingo, dia 19 de Agosto, portanto, sete dias depois de estarem presos nas mãos do administrador, a Senhora mais branca do que a neve voltou a aparecer nos Valinhos aos três Pastorinhos, e disse:


“Quero que continueis a vir à Cova da Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês, farei o milagre, para que todos acreditem.

- Que é que Vossemecê quer que se faça com o dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?

Façam dois andores: um, leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas vestidas de branco; o outro, que o leve Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar é para ajuda de uma capela que hão-de mandar fazer.

E, tomando um aspecto mais triste, Nossa Senhora acrescentou:

Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.”

(Memórias da Ir. Lúcia)


Os Pastorinhos de Fátima eram tão convincentes no que se referia aos pedidos de Nossa Senhora que logo no ano seguinte, em Julho de 1918, foi realizada a festa de Nossa Senhora do Rosário, e em Agosto do mesmo ano começou a ser construída a primeira capela, conforme pedia a Santa Mãe de Deus.

5ª Aparição de Nossa Senhora

Rodeados por mais de 25 mil pessoas, e assediados por todos os lados com diversos pedidos, os Pastorinhos compareceram novamente na Cova da Iria, diante da típica azinheira, Nossa Senhora pousa os pés em meio a uma nuvem de luz, e diz:

“Continuem a rezar o terço para alcançarem o fim da guerra. Em Outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus para abençoarem o Mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda; trazei-a só durante o dia.

- Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas: a cura de alguns doentes, dum surdo-mudo…

Sim, alguns curarei; outros, não. Em Outubro farei o milagre, para que todos acreditem.”

E como de costume, começou a se elevar e desapareceu.

(Memórias da Ir. Lúcia)

6ª Aparição de Nossa Senhora

Debaixo de uma forte chuva e cercados por uma multidão de mais de 70 mil pessoas, a Cova da Iria tornou-se palco do mais belo espetáculo atmosférico, jamais visto até hoje.

“Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra,que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas.

- Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir: se curava uns doentes, se convertia uns pecadores, etc.

Uns, sim: outros, não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados.

E tomando um aspecto mais triste:

Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor,que já está muito ofendido.

E abrindo as mãos, fê-las refletir o sol, prometido três meses antes, como prova da verdade das aparições de Fátima. Pára a chuva e o sol por três vezes gira sobre si mesmo lançando para todos os lados feixes de luz e de várias cores. Parece a dada altura desprender-se do firmamento e cair sobre a multidão. Após dez minutos de prodígio, tomou o sol o seu estado normal. Entretanto, os Pastorinhos eram favorecidos com outras aparições.

Desaparecida Nossa Senhora na imensa distância do firmamento, vimos ao lado do sol, São José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul. São José com o Menino parecia abençoar o Mundo, com um gesto que fazia com a mão em forma de cruz. Pouco depois, desvanecida esta aparição, vi Nosso Senhor e Nossa Senhora que me dava a idéia de ser Nossa Senhora das Dores. Nosso Senhor parecia abençoar o Mundo da mesma forma que São José. Desvaneceu-se esta aparição e pareceu-me ver ainda Nossa Senhora em forma semelhante a Nossa Senhora do Carmo”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

A Mensagem de Fátima é um convite e uma escola de Salvação

Foi iniciada pelo Anjo da Paz (1916) e completada por Nossa Senhora (1917). Foi vivida de maneira heróica pelos Três Pastorinhos – Lúcia, Francisco e Jacinta.

A mensagem de Fátima sublinha os seguintes pontos:

- a conversão permanente, dia-dia.

- a oração ,nomeadamente o Rosário e a Adoração Eucaristica.

- o sentido da responsabilidade colectiva e a prática da reparação.

A aceitação desta mensagem traz consigo a Consagração ao Coração Imaculado de Maria, que é símbolo de um compromisso de fidelidade e de apostolado.

Novena a Nossa Senhora da Confiança

Ó Maria, em vossas mãos ponho esta súplica...

 Abençoai-a e depois apresentai ao seu Filho Jesus.

Fazei valer vosso amor de Mãe e vosso poder de Rainha.

Ó Maria conto com vosso auxílio;

 Confio na vossa Intercessão.

Entrego-me à vossa vontade.

Estou seguro de vossa misericórdia.

Ó Mãe de Deus e minha, rogai por mim.

Nossa Senhora da Confiança, rogai por nós.

Amém.

1 Pai Nosso, 1 Ave Maria e 1 Gloria ao Pai

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE O PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2010

 A justiça de Deus está manifestada

mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3, 21–22 )

Queridos irmãos e irmãs,

todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida á luz dos ensinamentos evangélicos . Este ano desejaria propor-vos algumas reflexões sobre o tema vasto da justiça, partindo da afirmação Paulina: A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3,21 – 22 ).

Justiça: “dare cuique suum”

Detenho-me em primeiro lugar sobre o significado da palavra “justiça” que na linguagem comum implica “dar a cada um o que é seu – dare cuique suum”, segundo a conhecida expressão de Ulpiano, jurista romana do século III. Porém, na realidade, tal definição clássica não precisa em que é que consiste aquele “suo” que se deve assegurar a cada um. Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais intimo que lhe pode ser concedido somente gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado á sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais – no fim de contas o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam e certamente condena a indiferença que também hoje condena centenas de milhões de seres humanos á morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos - , mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o “suo” que lhe é devido. Como e mais do que o pão ele de facto precisa de Deus. Nora Santo Agostinho: se “ a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu…não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus” (De civitate Dei, XIX, 21).

De onde vem a injustiça?

O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus, que se inserem no debate de então acerca do que é puro e impuro: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens, que saem os maus pensamentos” (Mc 7,14-15.20-21). Para além da questão imediata relativo ao alimento, podemos entrever nas reacções dos fariseus uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem “de fora”, para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua actuação: Esta maneira de pensar - admoesta Jesus – é ingénua e míope. A injustiça, fruto do mal , não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. Reconhece-o com amargura o Salmista:”Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se no pecado” (Sl. 51,7). Sim, o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha, adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra os outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, seduzidos pela mentira de Satanás, pegando no fruto misterioso contra a vontade divina, substituíram á lógica de confiar no Amor aquela da suspeita e da competição ; á lógica do receber, da espera confiante do Outro, aquela ansiosa do agarrar, do fazer sozinho (cfr Gn 3,1-6) experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza. Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?

Justiça e Sedaqah

No coração da sabedoria de Israel encontramos um laço profundo entre fé em Deus que “levanta do pó o indigente (Sl 113,7) e justiça em relação ao próximo. A própria palavra com a qual em hebraico se indica a virtude da justiça, sedaqah, exprime-o bem. De facto sedaqah significa, dum lado a aceitação plena da vontade do Deus de Israel; do outro, equidade em relação ao próximo (cfr Ex 29,12-17), de maneira especial ao pobre, ao estrangeiro, ao órfão e á viúva ( cfr Dt 10,18-19). Mas os dois significados estão ligados, porque o dar ao pobre, para o israelita nada mais é senão a retribuição que se deve a Deus, que teve piedade da miséria do seu povo. Não é por acaso que o dom das tábuas da Lei a Moisés, no monte Sinai, se verifica depois da passagem do Mar Vermelho. Isto é, a escuta da Lei , pressupõe a fé no Deus que foi o primeiro a ouvir o lamento do seu povo e desceu para o libertar do poder do Egipto (cfr Ex s,8). Deus está atento ao grito do pobre e em resposta pede para ser ouvido: pede justiça para o pobre ( cfr.Ecli 4,4-5.8-9), o estrangeiro ( cfr Ex 22,20), o escravo ( cfr Dt 15,12-18). Para entrar na justiça é portanto necessário sair daquela ilusão de auto – suficiência , daquele estado profundo de fecho, que á a própria origem da injustiça. Por outras palavras, é necessário um “êxodo” mais profundo do que aquele que Deus efectuou com Moisés, uma libertação do coração, que a palavra da Lei, sozinha, é impotente a realizar. Existe portanto para o homem esperança de justiça?

Cristo, justiça de Deus

O anuncio cristão responde positivamente á sede de justiça do homem, como afirma o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: “ Mas agora, é sem a lei que está manifestada a justiça de Deus… mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os crentes. De facto não há distinção, porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que se realiza em Jesus Cristo, que Deus apresentou como vitima de propiciação pelo Seu próprio sangue, mediante a fé” (3,21-25)

Qual é portanto a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros. O facto de que a “expiação” se verifique no “sangue” de Jesus significa que não são os sacrifícios do homem a libertá-lo do peso das suas culpas, mas o gesto do amor de Deus que se abre até ao extremo, até fazer passar em si “ a maldição” que toca ao homem, para lhe transmitir em troca a “bênção” que toca a Deus (cfr Gal 3,13-14). Mas isto levanta imediatamente uma objecção: que justiça existe lá onde o justo morre pelo culpado e o culpado recebe em troca a bênção que toca ao justo? Desta maneira cada um não recebe o contrário do que é “seu”? Na realidade, aqui manifesta-se a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana. Deus pagou por nós no seu Filho o preço do resgate, um preço verdadeiramente exorbitante. Perante a justiça da Cruz o homem pode revoltar-se, porque ele põe em evidencia que o homem não é um ser autárquico , mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da auto suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade.

Compreende-se então como a fé não é um facto natural, cómodo, obvio: é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do “meu”, para me dar gratuitamente o “seu”. Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitencia e da Eucaristia. Graças á acção de Cristo, nós podemos entrar na justiça “ maior”, que é aquela do amor ( cfr Rom 13,8-10), a justiça de quem se sente em todo o caso sempre mais devedor do que credor, porque recebeu mais do que aquilo que poderia esperar.

Precisamente fortalecido por esta experiencia, o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor.

Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma culmina no Tríduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autentica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça. Com estes sentimentos, a todos concedo de coração, a Bênção Apostólica.

Vaticano, 30 de Outubro de 2009

 BENEDICTUS PP. XVI