sábado, 27 de novembro de 2010

A missão da beata Jacinta em salvar a alma dos pecadores – Parte final

Poderosa intercessora diante de Nossa Senhora

Tanto ardor de devoção ao Imaculado Coração de Maria, que queimava dentro de seu peito, nos faz compreender que era procurada já em vida para obter graças especiais de Nossa Senhora. Narra Lúcia: “Encontrou-nos, um dia, uma pobre mulher e, chorando, ajoelhou-se diante de Jacinta, a pedir-lhe que obtivesse de Nossa Senhora a cura de uma terrível doença. A Jacinta, ao ver de joelhos diante de si uma mulher, afligiu-se e pegou-lhe nas mãos trêmulas para a levantar. Mas vendo que não era capaz, ajoelhou-se também e rezou com a mulher três Ave-Marias; depois pediu-lhe que se levantasse, que Nossa Senhora havia de curá-la. E não deixou mais de rezar todos os dias por ela, até que, passado algum tempo, tornou a aparecer para agradecer a Nossa Senhora a sua cura” (I Memória, p. 40).

Um outro caso, dentre muitos, também narrado por Lúcia:

“Uma tia minha, casada na Fátima, de nome Vitória, tinha um filho que era um verdadeiro pródigo. Não sei por quê, havia tempo que tinha abandonado a casa paterna, sem se saber que era feito dele. Aflita, minha tia veio um dia a Aljustrel, para eu pedir a Nossa Senhora por aquele seu filho. Não me encontrando, fez o pedido à Jacinta. Esta prometeu pedir por ele. Passados alguns dias, apareceu em casa a pedir perdão aos pais, e depois foi a Aljustre contar a sua desventurada sorte.

Depois (contava ele) de haver gastado tudo que tinha roubado, andou vário tempo por lá, feito vadio, até que foi metido na cadeia de Torres Novas. Algum tempo depois de ali estar, conseguiu uma noite escapar-se e meteu-se por entre montes e pinhais desconhecidos. Julgando-se completamente perdido, entre o susto de ser apanhado e a escuridão da noite cerrada e tempestuosa, encontrou-se com o único recurso da oração. Caiu de joelhos e começou a rezar. Passados alguns minutos, afirmava ele, apareceu-lhe a Jacinta, pegou-lhe pela mão e o conduziu à estrada de macadame que vem do Alqueidão ao Reguengo, fazendo-lhe sinal que continuasse por ali. Quando amanheceu, achou-se a caminho de Boleiros, reconheceu o ponto onde estava e, comovido, dirigiu-se à casa dos pais.

Ora bem, ele afirmava que a Jacinta lhe tinha aparecido, que a tinha reconhecido perfeitamente. Eu perguntei a Jacinta se era verdade ela lá ter ido com ele. Respondeu-me que não, que nem sabia onde eram esses pinhais e montes onde ele se perdeu.

— Eu só rezei e pedi muito a Nossa Senhora por ele, com pena da tia Vitória.

— Como foi então isso?
— Não sei, sabe-o Deus” (IV Memória, pp. 175-176).

Podemos imaginar perfeitamente que um anjo tomou a figura de Jacinta, para indicar ao beneficiado a intercessora de sua salvação!

Se tal é o poder de intercessão de Jacinta junto a Nossa Senhora, os devotos de Fátima podem valer-se dela em suas necessidades materiais e espirituais, acrescentando no fim de sua oração a jaculatória: Beata Jacinta Marto, rogai por nós! Mas ela se identificou de tal maneira com a Mensagem de Fátima, que seria melhor invocá-la, como a chama o Pe. Fernando Leite SJ, como Beata Jacinta de Fátima.

Parece-nos que, neste ano do centenário do seu nascimento, seria esta uma homenagem que agradaria a Nossa Senhora. Julgue a Santa Igreja esta despretensiosa sugestão!

Fonte: Revista Catolicismo

Bibliografia


· Memórias da Irmã Lúcia, compilação do Pe. Luís Kondor SVD, Vice-Postulação–Fátima, 6ª Ed., 1990.


· Cônego José Galamba de Oliveira, Jacinta, Gráfica de Leiria, 7ª Ed., 1976.


· Padre Joaquín María Alonso CMF, Doctrina y espiritualidad del Mensaje de Fátima, Cap. VIII, Jacinta, la víctima de la reparación cordimariana, Arias Montano Editores, 1990, pp. 131-147

· Padre Fernando Leite SJ, Jacinta de Fátima, Editorial A.O., Braga, 5ª Ed., 1999

A missão da beata Jacinta em salvar a alma dos pecadores – Parte 4

Compenetração do castigo que paira sobre o mundo
A impressão que o segredo de Fátima causou sobre a pequena Jacinta foi tão grande que a Irmã Lúcia, diante do pedido do bispo de Leiria para que pusesse por escrito tudo mais de que se lembrasse da vida de sua prima, tomou isso como um sinal do Céu de que era chegado o momento de revelar as duas primeiras partes do segredo. Pois não lhe era possível narrar certos fatos sem mencionar a grande impressão que o segredo provocou na alma de Jacinta.

Em primeiro lugar a visão do inferno, que explica o zelo dela pela salvação das almas, como os fatos até aqui narrados demonstram de sobejo. Ademais, o castigo de guerras e perseguições à Santa Igreja, que Nossa Senhora anuncia se os homens não cessarem de ofender a Deus. Esse fundo de quadro está presente em várias visões particulares que Jacinta teve, e que denotam o fundo de suas cogitações.

Assim, por exemplo, numa tarde de agosto de 1917, estando os videntes sentados nos rochedos do outeiro do Cabeço — onde, no ano anterior, um Anjo lhes aparecera — Jacinta pôs-se subitamente a rezar a oração que o Anjo lhes ensinara, e depois de um profundo silêncio disse à prima: “Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente a chorar com fome e não têm nada para comer? E o Santo Padre numa igreja diante do Imaculado Coração de Maria a rezar? E tanta gente a rezar com ele?” (III Memória, p. 110).

A Irmã Lúcia acrescenta: “Passados alguns dias, perguntou-me:

— Posso dizer que vi o Santo Padre e toda aquela gente?

— Não. Não vês que isso faz parte do segredo?! Que por aí logo se descobria?

— Está bem. Então não digo nada” (III Memória, p. 110).
Um dia, em casa de Jacinta, Lúcia encontrou-a muito pensativa e interrogou-a:

— “Jacinta, que estás a pensar?

— Na guerra que há de vir. Há de morrer tanta gente! E vai quase toda para o inferno! Hão de ser arrasadas muitas casas e mortos muitos padres. Olha, eu vou para o Céu; e tu, quando vires de noite essa luz que aquela Senhora disse que vem antes, foge para lá também” (III Memória, p. 110).
Jacinta recomendou fidelidade a Lúcia

A compreensão profunda da Mensagem de Fátima vê-se em todos os pensamentos expressos por Jacinta. Como se sabe, na primeira aparição Nossa Senhora tinha dito que a levaria logo para o Céu. Mais tarde, em aparições particulares, disse-lhe que seria transferida para Lisboa e lá morreria sozinha; mas que não temesse, porque a própria Mãe de Deus estaria com ela, como de fato aconteceu. Os livros que tratam de Fátima descrevem os fatos com pormenores. Destaquemos um.

Pouco antes de ir para o hospital, lembrando-se de que Lúcia fraquejara em vários momentos, Jacinta disse a ela: “Já me falta pouco para ir para o Céu. Tu ficas cá para dizeres que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Quando for para dizeres isso, não te escondas, dize a toda a gente que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria, que lhas peçam a Ela, que o Coração de Jesus quer que, a seu lado, se venere o Coração Imaculado de Maria. Que peçam a paz ao Imaculado Coração de Maria, que Deus lha entregou a Ela. Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!” (III Memória, p. 112).

Fonte: Revista Catolicismo

A missão da beata Jacinta em salvar a alma dos pecadores – Parte 3

Jacinta (sentada) e Lucia
Uma corda áspera ao modo de cilício

Na aparição de agosto — realizada dias depois do dia 13, pois nesse dia haviam sido raptados pelo administrador de Ourém, que lhes quis arrancar à força o segredo — a Santíssima Virgem recomendou-lhes de novo a prática da mortificação: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas” (II Memória, p. 75).

Passados alguns dias, caminhando os videntes com suas ovelhas, Lúcia deparou com um pedaço de corda de uma carroça. Pegando-a, a brincar, atou-a num braço e logo notou que a corda a magoava. Disse então aos primos: “Olhem, isto faz doer; podíamos atá-la à cinta e oferecer a Deus este sacrifício” (II Memória, p. 75). Todos aceitaram a idéia, e retalhando a corda em três pedaços, passaram a usá-la de dia e de noite. A aspereza da corda, apertada demasiadamente, fazia-os sofrer horrivelmente. Jacinta deixava às vezes cair algumas lágrimas, pelo incômodo que sentia. Lúcia dizia-lhe para tirar a corda, mas ela respondia: “Não. Quero oferecer este sacrifício a Nosso Senhor, em reparação e pela conversão dos pecadores”
(II Memória, p. 75).

Por esta resposta, pode-se ver até que ponto Jacinta estava imbuída do espírito de reparação. Por isso, na aparição de setembro, Nossa Senhora lhes disse: “Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda, trazei-a só durante o dia” (II Memória, p. 77).

Noutra ocasião, Jacinta deparou com umas urtigas, com as quais se picou. Logo advertiu os companheiros: “Olhem, olhem outra coisa com que nos podemos mortificar!” (cfr. II Memória, p. 75-76). Desde então adotaram o costume de dar, de vez em quando, alguns golpes com as urtigas nas pernas, para oferecerem a Deus mais este sacrifício.

Fonte: Revista Catolicismo

A missão da beata Jacinta em salvar a alma dos pecadores – Parte 2

Antes das aparições de Nossa Senhora, os três videntes tinham a recomendação dos pais de rezar o terço, mas “despachavam” a oração de maneira mais rápida, para irem logo brincar: pronunciavam apenas as primeiras palavras, Padre-Nosso (como se dizia então o que hoje corresponde ao Pai-Nosso) e Ave-Maria. No dia seguinte à primeira aparição, depois de soltar as ovelhas na Cova da Iria, Jacinta sentou-se pensativa numa pedra. Lúcia disse:
— “Jacinta, anda a brincar.

— Hoje não quero brincar.

— Por que não queres brincar?

— Porque estou a pensar. Aquela Senhora nos disse para rezarmos o terço e fazermos sacrifícios pela conversão dos pecadores. Agora, quando rezarmos o terço, temos que rezar a Ave-Maria e o Padre-Nosso inteiros. E os sacrifícios, como os havemos de fazer?” (I Memória, pp. 29-30).

Fora Jacinta a primeira a compreender que essa não era uma maneira séria de rezar o terço, e tirou logo a conseqüência.

Foi também a primeira a procurar os meios de fazer sacrifícios: a primeira idéia que lhe ocorreu foi distribuir a merenda do almoço para umas crianças de uma localidade próxima, chamada Moita, que esmolavam nas aldeias vizinhas. Ao vê-las, Jacinta disse: “Demos a nossa merenda àqueles pobrezinhos, pela conversão dos pecadores” (I Memória, p. 31). E correu a levá-la.

Felizes, as referidas crianças pobres procuravam encontrar os videntes e passaram a esperá-los pelo caminho. E Jacinta, logo que as via, corria a levar-lhes tudo que não lhe fizesse falta.
Naturalmente, no fim da tarde sentiam fome. Conta a Irmã Lúcia: “Havia ali algumas azinheiras e carvalhos. A bolota estava ainda bastante verde, no entanto disse-lhe [à Jacinta] que podíamos comer dela. O Francisco subiu numa azinheira para encher os bolsos, mas a Jacinta lembrou-se de que podíamos comer das dos carvalhos, para fazer o sacrifício de comer a amarga. E lá saboreamos, naquela tarde, aquele ‘delicioso’ manjar. A Jacinta tomou este por um dos seus sacrifícios habituais. Colhia as bolotas dos carvalhos ou a azeitona das oliveiras. Um dia eu disse-lhe:

— Jacinta, não comas isso, que amarga muito.

— Pois é por amargar que como, para converter os pecadores” (I Memória, p. 31).

Outro sacrifício foi o da sede. Um dia, a mãe de Lúcia mandou-a levar o rebanho numa pastagem muito distante, que uma amiga lhe havia oferecido. Era um dia escaldante de verão. Lá chegados, a sede fazia-se sentir. A narração é da Irmã Lúcia:

“A princípio oferecíamos o sacrifício com generosidade, pela conversão dos pecadores, mas, passada a hora do meio-dia, não se resistia. Propus então aos meus companheiros ir a um lugar que ficava perto, pedir um pouco d’água. Aceitaram a proposta, e lá fui bater à porta de uma velhinha que, ao dar-me uma infusa com água, me deu também um bocado de pão, que aceitei com reconhecimento e corri a distribuir com meus companheiros. Em seguida, dei a infusa ao Francisco e disse que bebesse.

— Não quero beber – respondeu.

— Por quê?

— Quero sofrer pela conversão dos pecadores.

— Bebe tu, Jacinta.

— Também quero oferecer o sacrifício pelos pecadores.

Deitei então a água na concavidade de uma pedra, para que a bebessem as ovelhas, e fui levar a infusa à dona” (I Memória, pp. 31-32).

Os exemplos poderiam ser multiplicados, porque tinham adquirido o costume de, de vez em quando, oferecer a Deus o sacrifício de passar nove dias ou até um mês sem beber.

Fonte: Revista Catolicismo

Firmeza de Jacinta propiciou a continuidade das aparições

Jacinta é carregada depois de uma das aparições, para ser protegida da multidão

Como se sabe, a mãe de Lúcia não acreditava na realidade das aparições. Queria obrigá-la a desmentir que tivesse visto Nossa Senhora, não poupando para isso (como contou depois a própria Irmã Lúcia) “carinhos, ameaças, nem mesmo o cabo da vassoura” (I Memória, p. 32 — ver Bibliografia no fim do artigo). Levou-a ao prior da freguesia de Fátima, o qual, mantendo uma atitude de reserva, interrogou-a com amenidade, mas ao fim levantou a hipótese de que poderia “ser um engano do demônio” (II Memória, p. 68).

A hipótese desencadeou compreensível tormenta na alma de Lúcia, que começou a hesitar sobre a conveniência de se apresentar de novo no local das aparições. Ao manifestar a seus primos a dúvida em que se debatia, Jacinta logo a desfez com uma encantadora lógica infantil: “Não é o demônio, não! O demônio dizem que é muito feio e que está debaixo da terra, no inferno; e aquela Senhora é tão bonita, e nós vimo-La subir ao Céu” (II Memória, p. 68).

Isso apaziguou um tanto a alma de Lúcia, mas a dúvida persistia. Esmoreceu nela o entusiasmo inicial pela prática do sacrifício e da mortificação. Assim, na véspera da terceira aparição (13 de julho de 1917) resolveu não voltar mais à Cova da Iria (local das aparições). Chamou então Jacinta e Francisco, e informou-os de sua resolução. Eles responderam: “Nós vamos. Aquela Senhora mandou-nos lá ir” (II Memória, p. 69). E Jacinta pôs-se a chorar, por Lúcia não querer ir.

No dia seguinte, Lúcia sentiu-se de repente impelida a ir, por uma força superior à qual não resistiu. Pôs-se a caminho, passando antes pela casa dos primos. Encontrou-os no quarto, de joelhos ao pé da cama, a chorar.
— “Então, vocês não vão? – perguntou Lúcia.
— Sem ti, não nos atrevemos a ir. Anda, vem!
— Já cá vou” – respondeu Lúcia (cfr. II Memória, p. 70).

E puseram-se alegres a caminho…

Já na aparição de 13 de junho, algo semelhante ocorrera: Lúcia fraquejava diante dos “afagos” da mãe, e a firmeza de Jacinta e Francisco vencera as relutâncias da vidente mais velha das aparições.

A missão da beata Jacinta em salvar a alma dos pecadores – Parte 1

Ao criar cada alma, Deus lhe designa uma missão específica que ela deverá cumprir, ajudada pela graça.
A Igreja os apresenta como modelos e intercessores.

Analisada à luz destas considerações de índole teológica, a vida da beata Jacinta Marto — cujo centenário de nascimento celebramos no dia 11 de março de 2010 — é exemplo da alma que despertou para a sua vocação, não só por ter visto Nossa Senhora, mas também pela compreensão do sentido medular da mensagem de Fátima: a necessidade de rezar pela conversão dos pecadores e oferecer reparação pelos seus pecados, que ofendem a Deus e ferem o Coração Imaculado de Maria. Ela bem o compreendeu .

Alguns fatos da vida de Jacinta mostrarão ao leitor como ela levou a sério essa advertência, compenetrou-se de sua missão e imolou-se pela conversão dos pecadores.



Fonte: Revista Catolicismo

O pranto da imagem de Nossa Senhora de Fátima

O pranto da imagem de Nossa Senhora de Fátima, ocorrido em julho de 1972, foi uma extraordinária advertência ao mundo. A Santíssima Virgem, não tendo mais o que dizer, chora. Entretanto, a humanidade parece insensível as suas lágrimas.

Quem a conheceu, jamais a esquecerá!

Aquele que não a conheceu…, reze para que um dia obtenha essa graça. Para isso vale qualquer sacrifício, pois é um meio excepcional para se ter uma idéia, ainda nesta Terra, de como é a virginal fisionomia de Maria Santíssima no Céu.

Refiro-me à imagem peregrina internacional de Nossa Senhora de Fátima, uma das quatro esculpidas em cedro brasileiro sob orientação imediata da Irmã Lúcia uma  dos três pastorinhos a quem a Virgem Santíssima apareceu em 1917.

 Irmã Lúcia morreu em 2004.

Essa imagem é denominada peregrina internacional, porque percorre o mundo — bem como as outras três — a fim de que todos os povos tenham oportunidade de venerar a Mãe de Deus, sob a invocação de Fátima.
Nossa Senhora em prantos

Das quatro imagens “peregrinas internacionais”, esta a que nos referimos, estando exposta à veneração dos fiéis na cidade norte-americana de Nova Orleans, verteu lágrimas, por 14 vezes.

O impressionante acontecimento foi largamente noticiado por jornais do mundo inteiro, em alguns nas primeiras páginas. Inúmeras pessoas presenciaram e dão testemunho do prodígio. As fotos da imagem em prantos aqui estampadas, e divulgadas naquela época — nas quais se podem notar lágrimas nos olhos e uma gota que pende do nariz — são do Pe. Elmo Romagosa, uma das testemunhas oculares do fato. Esse sacerdote, para obter a plena comprovação de que se tratava verdadeiramente de milagre, fez várias experiências com a imagem, e não encontrando qualquer explicação natural para o ocorrido, caiu de joelhos e acreditou.

Por que chorais?

Qual o significado desse pranto da Virgem Santíssima? É, seguramente, o pranto pelos pecados dos homens . Por quê?

Lágrimas, milagroso aviso
A imprensa diária de São Paulo publicou [em 21 de julho de 1972] uma fotografia procedente de Nova Orleans, na qual se via uma imagem de Nossa Senhora de Fátima a verter lágrimas. O documento despertou vivo interesse no público paulista. Penso, pois, que algumas informações sobre este assunto satisfarão os justos anelos de muitos leitores.

Não conheço melhor fonte sobre a matéria do que um artigo intitulado, muito americanamente, “As lágrimas da imagem molharam meu dedo”. Seu autor é o Pe. Elmo Romagosa. Publicou seu trabalho o “Clarion Herald” de 20 de julho p.p., semanário de Nova Orleans, e distribuído em 11 paróquias do Estado de Louisiana.
Os antecedentes do fato são universalmente conhecidos. No ano de 1917, Lúcia, Jacinta e Francisco tiveram várias visões de Nossa Senhora em Fátima. A autenticidade dessas visões foi confirmada por vários prodígios no sol, atestados por toda uma multidão reunida enquanto a Virgem se manifestava às três crianças.

Em termos genéricos, Nossa Senhora incumbiu os pequenos pastores de comunicar ao mundo que estava profundamente desgostosa com a impiedade e a corrupção dos homens. Se estes não se emendassem, A Rússia difundiria seus erros por toda parte. O Santo Padre teria muito que sofrer. [...]
O misterioso pranto nos mostra a Virgem de Fátima a chorar sobre o mundo contemporâneo, como outrora Nosso Senhor chorou sobre Jerusalém. Lágrimas de dor profunda.

“Folha de S. Paulo”, 6-8-1972
Visita ao Brasil

Depois da milagrosa lacrimação em Nova Orleans, a imagem passou a peregrinar mais intensamente pelos países, e coube ao Brasil o privilégio de ser o primeiro a receber a augusta visitante.
Foi em maio de 1973 que essa miraculosa imagem de Nossa Senhora de Fátima, procedente dos Estados Unidos, desembarcou no aeroporto de Congonhas na capital paulista, recebendo a TFP brasileira a incumbência do trasladá-la. Primeiramente ela ficou na Sede do Conselho Nacional da TFP em São Paulo, depois percorreu várias cidades do norte fluminense e retornou aos Estados Unidos. Mas a maravilhosa imagem pôde voltar ao Brasil diversas vezes a fim de visitar outros Estados de nosso País-continente, o que se deu em 1974, 1975, 1976, 1981, 1985, 1992, 1998, 1999, 2000. A mais recente visita ocorreu em abril de 2002.

Fonte: Revista Catolicismo

Santa Catarina de Labouré

Santa Catarina de Labouré nasceu na França do século XIX numa família que, como tantas outras, sofria com as guerras napoleônicas.

Com a morte da mãe, Catarina assumiu com empenho e maternidade a educação dos irmãos, até que ao findar desta sua missão, colocou-se a serviço do Bom Mestre, quando se consagrou a Jesus na Congregação das Filhas da Caridade. Aconteceu que em 1830 sua vida se entrelaçou mais intimamente com os mistérios de Deus, pois a Virgem Maria começa a lhe aparecer, a fim de enriquecer toda a Igreja e atingir o mundo com sua Imaculada Conceição, por isso descreveu Catarina:

“A Santíssima Virgem apareceu ao lado do altar, de pé, sobre um globo com o semblante de uma senhora de beleza indizível; de veste branca, manto azul, com as mãos elevadas até à cintura, sustentava um globo figurando o mundo encimado por uma cruzinha. A Senhora era toda rodeada de tal esplendor que era impossível fixá-la. O rosto radiante de claridade celestial conservava os olhos elevados ao céu, como para oferecer o globo a Deus.. A Santíssima Virgem disse: Eis o símbolo das graças que derramo sobre todas as pessoas que mas pedem”.
Esta devoção nascida a partir de uma Providência Divina e abertura de coração da simples Catarina, tornou-se escola de santidade para muitos, a começar pela própria Catarina que muito bem soube se relacionar com Jesus por meio da Imaculada Senhora das Graças. Santa Catarina passou 45 anos de sua vida num convento, onde viveu o Evangelho, principalmente no tocante da humildade, pois ninguém sabia que ela tinha sido o canal desta aprovada devoção que antecedeu e ajudou na proclamação do Dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora em 1854. Santa Catarina de Labouré entrou no Céu, ou seja, no convívio eterno com Jesus e Maria em 1876.

Durante toda a sua permanência na “Rue du Bac”, Catarina viu Jesus na Hóstia consagrada, na Comunhão e na Exposição do Santíssimo Sacramento.

Oração de João Paulo II, na Capela.

Oh Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós!É esta a oração, o’ Maria, que tu inspiraste a Santa Catarina Labouré, neste lugar, há cento e cinqüenta anos; doravante, esta invocação, gravada na Medalha, é levada e pronunciada por tantos fiéis no mundo inteiro [...] Tu és bendita entre todas as mulheres!

Tu foste associada intimamente a todas as obras de nossa Redenção, associada à Cruz do nosso Salvador; teu coração foi transpassado, ao lado do seu coração. Agora, na glória de teu Filho, tu não cessas de interceder por nós, pobres pecadores. Tu velas pela Igreja, da qual é a Mãe. Tu velas sobre cada um de teus filhos.

Obtém de Deus, para nós, todas estas graças que simbolizam os raios de luz que irradiam de tuas mãos abertas, com a única condição: que tenhamos a ousadia de t’as pedir, que nos aproximemos de Ti com confiança, audácia e simplicidade de uma criança. É assim que Tu nos conduzes ao Teu divino Filho.

Amém
João-Paulo II (1980).

Ó Maria concebida sem pecado rogai por nós que recorremos a vós!

Santa Catarina Labouré rogai por nós.

Minha benção fraterna.

Padre Luizinho,

Com. Canção Nova.

Explicando a medalha Milagrosa

A Virgem Maria disse a Santa Catarina: “Este globo que vês representam o mundo inteiro e especialmente a França, e cada pessoa em particular. Os raios são os símbolos das Graças que derramo sobre as pessoas que me pedem”.
Enquanto Maria estava rodeada duma luz brilhante, o globo desaparece de suas mãos. Forma-se então um quadro de forma oval em que havia em letras de ouro as seguintes palavras:

Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!”

Então Nossa Senhora revelou: “Faze cunhar uma medalha conforme este modelo. As pessoas que a trouxerem ao pescoço receberão grandes graças. As graças serão abundantes para os que a trouxerem com inteira confiança”.

“A medalha milagrosa é a compilação gráfica das grandezas de Maria e de sua história no plano de Salvação de Deus.”

M:

A letra M que sustém uma Cruz sobre uma barra horizontal entrelaçada nos braços do M. Eme de Maria, Mãe de Deus, altar da encarnação divina e participante das dores de Jesus na cruz; Mãe de todos nós.

A Cruz sobre a barra:

Altar da redenção, sinal da Salvação


Dois corações:

O de Jesus, coroado de espinhos; O de Maria atravessado por uma espada, pela sua participação ativa e eminente na obra da Redenção, junto de seu Filho.

Doze estrelas:

Recordam o texto do Apocalipse:(cf. Ap 12,1) … e na sua cabeça uma coroa de doze estrelas Y, simbolizam as doze tribos de Israel, os doze apóstolos, os doze pilares da Fé.

Uma mulher Vestida de Luz:

Resplandecente, envolvida por luz e graças, significa a glória total.

A inscrição:

Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.

Mãos abertas:

Derramados rios de Graças pelo mundo, maternidade solicitada e operante.

Raios:

É específico da Virgem Milagrosa “Os raios que vês são símbolo das Graças que derramo sobre quem, mas pede”. É a expressão da sua mediação eficaz, intercede e distribui.

Globo branco sobre os pés que pisam a serpente:

Maria e o pecado são opostos. Vitória de Maria sobre o pecado e sobre o auto do pecado.

Ó Maria Concebida sem pecado rogai por nós que recorremos a vós!

Minha benção fraterna+

Padre Luizinho,

Com. Canção Nova.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

WebTVCN

WebTVCN

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Os 30 'quês' de uma pessoa madura na fé

Estamos num mundo completamente pluralista

Estamos num mundo completamente pluralista, por isso precisamos nos tornar verdadeiros especialistas em matéria de fé e conversão. Se não for dessa forma, os cristãos “mais ou menos” não vão resistir; daí a necessidade de um amadurecimento real e concreto na fé.

O Projeto Nacional de Evangelização (2004 – 2007) diz que é preciso ter e levar os outros ao encontro pessoal com Jesus, pois só assim vamos nos tornando maduros na fé, que nada mais é do que sermos crianças nas mãos de Deus. Livres da maturidade somente humana que questiona tudo vamos a caminho de sermos verdadeiros cristãos com coluna vertebral.

Textos-base para um aprofundamento e um exame de consciência a respeito da nossa fé: 1 Cor 3, 1-9; Heb 5, 12-14; Ef 4, 11-15.
A pessoa que tem uma fé vivida de forma madura com Deus é uma pessoa:

01 – Que escolhe inteiramente por Deus.
02 – Que sabe discernir a Vontade de Deus.
03 – Que faz a Vontade de Deus até o fim.
04 – Que vive o Evangelho sem questionamentos.
05 – Que é livre em Deus.
06 – Que sabe obedecer.
07 – Que sabe reconhecer os sinais do tempo.
08 – Que vive uma individualidade e não um individualismo.
09 – Que é capaz de viver a alteridade.
10 – Que vive uma fé com obras.

A pessoa que tem uma fé vivida de forma madura com o próximo é uma pessoa:

01 – Que pergunta, sem duvidar do próximo.
02 – Que vive a fé com o próximo.
03 – Que consegue se adaptar com o diferente.
04 – Que se alegra com o crescimento do próximo.
05 – Que reconhece o outro por também ser um filho de Deus.
06 – Que sabe o seu papel na sociedade.
07 – Que contagia o próximo com a santidade.
08 – Que tem como única competição amar mais o próximo.
09 – Que ama com caridade.
10 – Que é original na fé e na opinião.

A pessoa que tem uma fé vivida de forma madura consigo é uma pessoa:

01 – Que tem autonomia na fé.
02 – Que é perseverante, mesmo no sofrimento.
03 – Que se engaja e se compromete.
04 – Que é especialista no que faz.
05 – Que é como para-raios na intercessão.
06 – Que conhece a própria verdade.
07 – Que assume as experiências vividas.
08 – Que sabe receber elogios e também as críticas.
09 – Que sabe falar, mas também escutar.
10 – Que se deixa trabalhar no temperamento pelo Espírito de Deus.

Padre Anderson Marçal

http://blog.cancaonova.com/padreanderson

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mensagem de Fátima

Memórias da Irmã Lúcia, Vol. II, (p.139-140)


Apesar desta decadência, a Mãe dizia resignada: - Por este andar, não sei aonde

vamos parar! Mas confiamos em Deus que sempre nos há-de ajudar, e na protecção

de Nossa Senhora que é a minha Madrinha do baptismo. Com tudo isto, a Mãe

nunca deixou de socorrer os pobres. Dizia: “Temos pouco, mas esse pouco ainda

há-de chegar para socorrer os que têm menos do que nós”.

Cumpria assim o que nos diz Deus na Sagrada Escritura: “comerás o pão com

o suor do teu rosto. E socorrerás o pobre nas suas necessidades”.

Irmã Lúcia, Apelos da Mensagem de Fátima, p. 41

Nos seus lares, não havia riqueza de bens terrenos, que o mundo tanto preza;

mas com o pouco necessário para cada dia, havia paz, união, havia alegria e amor,

fruto da mútua compreensão, do recíproco perdão e desculpa das deficiências inerentes

à fraqueza humana. Assim todos eram felizes: todos se sentiam bem, porque0

cada um procurava servir e dar gosto a seus pais e irmãos. Assim o pouco chegava

para muitos, porque posto em comum: tudo era de todos.

A propósito, permiti que vos narre um pormenor, que prova a verdade do que

acabo de vos dizer e de que conservo uma grata lembrança, por ter ouvido a minha

mãe, comovida, repeti-lo várias vezes. Ela sabia quanto era amiga de comer fruta a

sua filhinha mais pequena. Um dia observou como esta espreitava com entusiasmo

o aparecimento dos primeiros figos lampos; logo que avistou um já maduro, colheuo

sorrateira e, correndo, veio a casa trazê-lo à mãe, para que fosse ela a comê-lo.

Então, comovida, toma nas mãos a oferta, beija a filha e diz-lhe que o guarde para

repartir à noite com o pai e os irmãos. Um figo para todos não era nada, mas o amor

que acompanhou a pequena parcela que coube a cada um, do primeiro figo amadurecido

nas figueiras da casa naquele ano, era muito e esse era o que a todos fazia

felizes, dava alegria e satisfação.

Memórias da Irmã Lúcia, Vol. II (p.83)

Do que já deixo descrito e do que ainda irei recordando dos poucos anos que

tive a felicidade de viver a seu lado, iremos vendo como tudo aparece como que

brotando de todo o seu agir, com tanta naturalidade, simples e humilde, como de

uma fonte de água cristalina brotam os riachos que regam e fertilizam as terras. Já na

Quinta Memória, deixo descrito como a nossa casa era como que a casa de todos:

tinha uma porta onde todos batiam, e a todos se abria com a mesma boa vontade

de acolhimento, serviço e caridade. A mãe parecia que só sabia dizer que sim. A

ninguém recusava os seus serviços quando os solicitavam e, muitas vezes, até se

adiantava.

Memórias da Irmã Lúcia, Vol. I (p. 46-48)


A Jacinta tomou tanto a peito os sacrifícios pela conversão dos pecadores, que

não deixava escapar ocasião alguma. Havia umas crianças, filhos de duas famílias

da Moita, que andavam pelas portas a pedir. Encontrámo-las, um dia, quando íamos

com o nosso rebanho. A Jacinta, ao vê-los, disse-nos: Damos a nossa merenda

àqueles pobrezinhos, pela conversão dos pecadores? E correu a levar-lha.

Combinámos, sempre que encontrássemos os tais pobrezinhos, dar-lhes a

nossa merenda; e as pobres crianças, contentes com a nossa esmola, procuravam

encontrar-nos e esperavam-nos pelo caminho. Logo que os víamos, a Jacinta corria

e levar-lhes todo o nosso sustento desse dia, com tanta satisfação, como se não lhe

fizesse falta.

A Jacinta parecia insaciável na prática do sacrifício. Um dia, um vizinho ofereceu

a minha mãe uma boa pastagem para o nosso rebanho; mas era bastante longe

e estávamos no pino do Verão. Minha mãe aceitou o oferecimento feito com tanta

generosidade e mandou-me para lá. Como havia perto uma lagoa, onde o rebanho

podia ir beber, disse-me que era melhor passarmos lá a sesta, à sombra das árvores.

Pelo caminho, encontrámos os nossos queridos pobrezinhos e a Jacinta correu a

levar-lhes a esmola. O dia estava lindo, mas o sol era ardente; e naquela pregueira

árida e seca, parecia querer abrasar tudo. A sede fazia-se sentir e não havia pinga

d’água para beber! A princípio, oferecíamos o sacrifício com generosidade, pela conversão

dos pecadores; mas, passada a hora do meio-dia, não se resistia. Propus,

então, aos meus companheiros, ir a um lugar, que ficava cerca, pedir uma pouca de

água. Aceitaram a proposta e lá fui bater à porta duma velhinha que, ao dar-me uma

infusa com água, me deu também um bocadinho de pão que aceitei com reconhecimento

e corri a distribuir com os meus companheiros. Em seguida, dei a infusa

ao Francisco e disse-lhe que bebesse. – Não quero beber – respondeu. – Por quê?

– Quero sofrer pela conversão dos pecadores. – Bebe tu, Jacinta! –Também quero

oferecer o sacrifício pelos pecadores!


Memórias da Irmã Lúcia, Vol. I, (p. 136-137)


Se alguma das outras crianças porfiava em tirar-lhe alguma coisa que lhe pertencesse,

dizia: - Deixa lá! A mim que me importa? Recordo que [o Francisco] chegou,

um dia, a minha casa com um lenço do bolso, com Nossa Senhora de Nazaré

pintada, que dessa praia acabavam de lhe trazer. Mostrou-mo com grande alegria e

toda aquela criançada o veio admirar. De mão em mão, a poucos instantes, o lenço

desapareceu. Procurou-se, mas não se encontrava. Pouco depois, descobri-o no

bolso dum outro pequeno. Quis-lho tirar, mas ele porfiava que era dele, que também

lho tinham trazido da praia. Então, o Francisco, para acabar com a contenda,

aproximou-se, dizendo: - Deixa-o lá! A mim que me importa o lenço?

Memórias da Irmã Lúcia, Vol. II, (p.96)

Com certa frequência, vinham a perguntar se a Mãe tinha frangos que pudesse

vender-lhes um, porque tinham alguma pessoa de família doente que não comia

outra coisa. A Mãe dizia que sim. Com um pouco de milho, chamava as galinhas

e, enquanto que elas comiam, agarrava um frango que entregava às pessoas. Elas

perguntavam quanto custava. A Mãe, se eram pessoas que podiam pagar, respondia

que era como estivessem na praça; se eram pobres, que pediam para esperar

pelo dinheiro que naquela ocasião não tinham mas que vinham trazê-lo logo que o

tivessem, a estas a Mãe respondia: - Não vos preocupeis com o ter de pagar. A mim,

já Deus me pagará. Levai lá o frango e, se for preciso mais algum, vinde buscá-lo e

Deus permita que o doente melhore e se ponha bom.

Parecia que a Mãe conhecia o que nos diz S. Paulo: «Cada um dê como dispôs

em seu coração, sem tristeza nem constrangimento, pois Deus ama quem dá com

alegria. E Deus tem poder para vos cumular de toda a espécie de graça, para que,

tendo sempre e em tudo quanto vos é necessário, ainda vos sobre para as boas

obras de todo o género. Como está escrito: ‘Distribuiu, deu aos pobres; a sua justiça

permanece para sempre’» (2 Cor 9, 7-9).


Memórias da Irmã Lúcia (p.62-63)

De novo a Santíssima Virgem se dignou visitar a Jacinta, para lhe anunciar novas

cruzes e sacrifícios. Deu-me a notícia e dizia-me: – Disse-me que vou para Lisboa,

para outro hospital; que não te torno a ver, nem os meus pais; que, depois de

sofrer muito, morro sozinha, mas que não tenha medo; que me vai lá Ela a buscar

para o Céu. E chorando, abraçava-me e dizia: – Nunca mais te torno a ver. Tu lá não

me vais a visitar. Olha, reza muito por mim, que morro sozinha. Até que chegou o

dia de ir para Lisboa, sofreu horrivelmente! Abraçava-se a mim e dizia, chorando: –

Nunca mais te hei-de tornar a ver?! Nem a minha mãe, nem os meus irmãos, nem o

meu pai?! Nunca mais hei-de ver ninguém?! E depois morro sozinha! – Não penses

nisso – Ihe disse um dia. – Deixa-me pensar, porque, quanto mais penso, mais sofro;

e eu quero sofrer por amor de Nosso Senhor e pelos pecadores. E depois não me

importo! Nossa Senhora vai-me lá a buscar para o Céu. Às vezes beijava um crucifixo

e, abraçando-o, dizia: – Ó meu Jesus, eu Vos amo e quero sofrer muito por Vosso

amor. Outras vezes dizia: – Ó Jesus, agora podes converter muitos pecadores,

porque este sacrifício é muito grande! Perguntava-me, às vezes: – E vou morrer sem

receber a Jesus escondido? Se m’O levasse Nossa Senhora, quando me for a buscar!...

Perguntei-lhe uma vez: – Que vais a fazer no Céu? – Vou amar muito a Jesus, o

Imaculado Coração de Maria, pedir muito por ti, pelos pecadores, pelo Santo Padre,

pelos meus pais e irmãos e por todas essas pessoas que me têm pedido para pedir

por elas. Quando a mãe se mostrava triste por a ver tão doentinha dizia: – Não se

aflija, minha Mãe: vou para o Céu. Lá hei-de pedir muito por si.

Memórias da Irmã Lúcia (p.162)


Na doença, o Francisco mostrou-se sempre alegre e contente. Às vezes, perguntava-

lhe: - Sofres muito, Francisco? - Bastante; mas não importa. Sofro para

consolar a Nosso Senhor; e depois, daqui a pouco, vou para o Céu! - Lá, não te

esqueças de pedir a Nossa Senhora que me leve para lá também depressa. - Isso

não peço! Tu bem sabes que Ela não te quer lá ainda.

Nas vésperas de morrer, disse-me: – Olha: estou muito mal; já me falta pouco

para ir para o Céu. – Então vê lá: não te esqueças de lá pedir muito por os pecadores,

por o Santo Padre, por mim e pela Jacinta. – Sim, eu peço. Mas olha: essas coisas

pede-as à Jacinta, que eu tenho medo de me esquecer, quando vir a Nosso Senhor!

E depois antes O quero consolar.

Irmã Lúcia, Apelos da Mensagem de Fátima (p. 203)

Sabemos também que, no espaço, há muitos planetas que ainda não vimos,

muitas estrelas cuja luz ainda não chegou até nós. Ainda ninguém foi capaz de medir

a extensão do firmamento. Ora, Deus que criou esta extensão indefinida, também

pode ter criado um «lugar», um paradeiro, uma estadia a que deu o nome de Céu,

destinado a ser a morada de Deus e a dos Seus eleitos, pelos séculos sem fim.

Dizem que o Céu consiste na posse de Deus: não há dúvida de que Deus é o manancial

de toda a felicidade e que possuindo a Deus seremos eternamente felizes.

Irmã Lúcia, Como vejo a mensagem (p. 44)

Foi então que a celeste Mensageira, abrindo os braços com um gesto de maternal

protecção, nos envolveu no reflexo da Luz do imenso Ser de Deus. Foi uma graça

que nos marcou para sempre na esfera do sobrenatural.

Oh! Não fosse Ela o refúgio dos pecadores, a Mãe de misericórdia, o auxílio dos

cristãos, que A tenha feito descer até nós, para introduzir-nos, Senhor, no Oceano do

Teu amor, do Teu poder, do Teu imenso Ser, onde essa chama ardente nos fará viver

para sempre, esse mistério do amor dos Três por mim! É com esse amor, que heide

adorar-Te, agradecer-Te, amar-Te, transformada no cântico do Teu eterno louvor.

Beata Jacinta Marto (1910-1920)

A beata Jacinta Marto (1910-1920), a mais pequena das videntes de Fátima,


é um exemplo admirável da criança evangélica, isto é, de uma pequena

criatura em quem brilham de modo admirável os dons e as maravilhas de

Deus. Já por natureza, como testemunha a prima Lúcia, “tinha um coração

muito bem inclinado, e o bom Deus tinha-a dotado dum carácter doce e

meigo, que a tornava, ao mesmo tempo, amável e atraente”. Gostava de

brincar, de contemplar as estrelas, de colher e oferecer flores, de cantar e

dançar, o que não perdeu após as Aparições. Tinha também os seus caprichos

e amuos infantis, que foi superando com as graças do Céu.

Tendo sido agraciada com as aparições do Anjo e da Virgem Maria,

deixou-se cativar pela beleza e bondade dos mensageiros do Céu e penetrar

pelo encanto do amor e da graça que deles recebeu. Depois de ver

pela primeira vez a “Senhora mais brilhante do que o sol”, com o coração

a rebentar de alegria, não se conteve sem revelar à mãe o segredo que se

comprometera a guardar juntamente com o irmão e a prima, e exclamou:

“Ó mãe, vi hoje na Cova da Iria Nossa Senhora!”. A partir de então, a boa

notícia não mais parou. Por esta fragilidade, difundiu-se em todo o mundo

a oferta da misericórdia divina que a Mãe de Cristo veio comunicar aos homens,

fazendo-lhes o apelo a não ofenderem mais a Deus, que já está muito

ofendido.

A experiência das Aparições marca profundamente a pequena Jacinta,

que, com apenas sete anos, sente o impulso forte a amar. E fá-lo com grande

generosidade. Antes de mais, o amor a Deus e a Jesus, quer na sua presença

eucarística, quer na imagem e símbolo do seu Coração. Reconhece

que Jesus é muito bonito, mais do que as estampas em que é representado.

12

Mesmo assim, manifesta o seu afecto beijando uma que a prima lhe deu.

Desejava muito receber Jesus na eucaristia, o “Jesus escondido”, como lhe

chamava. E dizia: “Gosto tanto d’Ele!”. Visitava-O na igreja paroquial e não

se cansava de lhe dizer que O amava. Quando a prima regressava da igreja

e lhe dizia que tinha comungado, pedia-lhe com grande ternura: “Chega-te

aqui bem para junto de mim, que tens em teu coração a Jesus escondido”.

Ela tinha uma real percepção da presença de Jesus no seu íntimo, embora

não soubesse explicar bem o que experimentava. Dizia: “Não sei como é!

Sinto a Nosso Senhor dentro em mim. Compreendo o que me diz e não O

vejo nem oiço; mas é tão bom estar com Ele”. Tinha dentro do peito um fogo

ardente que a levava a amar Jesus e o seu Coração. Muitos dos sacrifícios

que sofria oferecia-os por amor de Jesus e de Maria. Detinha-se longamente

a pensar em Nosso Senhor e em Nossa Senhora, nos pecadores...como

forma de meditar e de lhes manifestar o seu afecto. Enquanto esteve no

Orfanato, em Lisboa, podia fazer companhia a Jesus escondido e receber

a comunhão.

Nada menos era o seu amor à Virgem Maria, especialmente sob a imagem

do seu Coração Imaculado. Exclamava: “Eu gosto tanto do seu Coração!

É tão bom!”. Pouco antes de ir para o hospital, recomenda à prima

que difunda a sua devoção: “Diz a toda a gente que Deus nos concede as

graças por meio do Coração Imaculado de Maria; que lhas peçam a Ela; que

o Coração de Jesus quer que, a Seu lado, se venere o Coração Imaculado

de Maria; que peçam a paz ao Imaculado Coração de Maria, que Deus lha

entregou a Ela”. O seu amor e devoção manifestava-se quer no cumprimento

das recomendações e apelos da Virgem quer na oração frequente

do rosário. E ainda na repetição frequente das jaculatórias: “Doce Coração

de Maria, sede a minha salvação! Imaculado Coração de Maria, converte os

pecadores, livra as almas do inferno!”.

A salvação dos pecadores foi a grande paixão da sua vida, como reconheceu

o Papa João Paulo II, na homilia da missa da beatificação, em Fátima,

no ano 2000: A pequena Jacinta sentiu e viveu como própria a aflição

de Nossa Senhora pelos seus filhos que se perdem por não haver quem se

sacrifique e peça por eles. Por isso, ofereceu-se “heroicamente” como vítima

pelos pecadores. Um dia - já ela e Francisco tinham contraído a doença

que os obrigava a estarem na cama - a Virgem Maria veio visitá-los a casa,

como conta a pequenita: «Nossa Senhora veio-nos ver e diz que vem buscar

o Francisco muito em breve para o Céu. E a mim perguntou-me se queria

ainda converter mais pecadores. Disse-lhe que sim». E, ao aproximar-se

o momento da partida do Francisco, Jacinta recomenda-lhe: «Dá muitas

saudades minhas a Nosso Senhor e a Nossa Senhora e diz-lhes que sofro

tudo quanto Eles quiserem para converter os pecadores». Jacinta ficara tão

impressionada com a visão do inferno durante a aparição de 13 de Julho,

que nenhuma mortificação e penitência era demais para salvar os pecado13

res. Bem podia ela exclamar com São Paulo: «Alegro-me de sofrer por vós e

completo em mim próprio o que falta às tribulações de Cristo, em benefício

do seu Corpo, que é a Igreja» (Cl 1, 24).

O amor à família era constante, bem como à prima e companheira da

aventura espiritual. Exprimia-o com vários gestos de ternura, como a oferta

de flores, a oração e o sofrimento que experimentava quando estava afastada

dela. A despedida para Lisboa, que sabia ser definitiva, custou-lhe muito

e fê-la chorar. Só a certeza de que estava a cumprir as palavras de Nossa

Senhora e a oferta de mais um sacrifício por amor atenuava a sua pena.

Ouviu um sacerdote falar do Santo Padre e recomendar a oração por

ele. Associado a isso, teve uma visão em que o via em sofrimento, insultado

por muitas pessoas. A Jacinta adquiriu então um grande amor pelo Papa e

desejava muito que viesse a Fátima. Quando a proclamou beata, João Paulo

II expressou-lhe publicamente a sua gratidão “pelos sacrifícios e orações

oferecidas pelo Santo Padre”. Também os sacerdotes mereceram particular

atenção e afecto da vidente. Se é certo que os interrogatórios de alguns a

incomodavam e deles fugia, encontrou outros que lhe deram conselhos e

ensinamentos que seguia com diligência. Quando, em Lisboa, se foi confessar,

saiu consolada do Sacramento e manifestava o seu contentamento,

exclamando: “Ai, mãe, que Padre tão bom, que Padre tão bom!...”. Nessa

ocasião, recomendava a oração pelos sacerdotes e dizia que eles “só deviam

ocupar-se das coisas da Igreja”, que deviam “ser puros, muito puros”

e que a sua desobediência aos seus superiores e ao Santo Padre ofendia

muito a Nosso Senhor.

Ela, que se prendia às suas coisas e gostava de atrair a atenção sobre si

mesma, após as Aparições, tornou-se desprendida e generosa. Tomou a iniciativa

e arrastou os companheiros para darem a própria merenda às outras

crianças pobres. E fazia-o “com tanta satisfação, como se não lhe fizesse

falta”. Tomou tão a sério a prática do sacrifício para oferecer pela conversão

dos pecadores que se tornou insaciável. Não lhe bastavam os que a vida

já lhe trazia, procurava outros modos de se sacrificar, que hoje podemos

achar exagerados e mesmo perigosos para a sua saúde. O seu amor apaixonado

tornou-se desmedido para alcançar a salvação dos pecadores. Mas

manifestava-se também na compaixão com as pessoas em sofrimento e

na oração com eles, obtendo-lhes as graças do Céu, pela sua intercessão.

Encara os sofrimentos como missão, oferecendo tudo a Jesus, por amor

a Ele, em reparação pelos pecados contra o Imaculado Coração de Maria,

pela conversão dos pecadores e pelo Santo Padre. Na doença, recebe de

novo a visita da Virgem Maria que lhe revela o que ainda deveria passar e

que a iria buscar para o Céu. Assim encontrava consolação e coragem para

tudo suportar. Às vezes beijava um crucifixo e, abraçando-o, dizia: “Ó meu

Jesus, eu Vos amo e quero sofrer muito por Vosso amor”. O médico que a

operou, em Lisboa, testemunha a sua impressão de que se deparou com

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“uma criança com muita coragem”, que deu prova de grande heroísmo no

quanto sofreu e no modo como o suportou. Nos últimos dias da sua breve

vida, Nossa Senhora apareceu-lhe e disse-lhe que lhe tirava as dores. E, de

facto, aliviada do sofrimento, falava e distraía-se à vontade, nomeadamente

vendo estampas religiosas.

Ao partir para Lisboa, na última fase da doença, sofre imenso e tem

consciência da proximidade da morte, mas conforta-a a promessa de que

iria para o Céu. Ali teria ocasião de “amar muito a Jesus e o Imaculado

Coração de Maria” e de pedir muito pelas mesmas intenções que tinha em

vida: os pecadores, o Santo Padre, os seus familiares e as pessoas que a

ela se encomendaram. Consolava a mãe, dizendo-lhe: “Não se aflija, minha

mãe: vou para o Céu. Lá hei-de pedir muito por si”. Faleceu, tranquilamente,

sozinha, como Nossa Senhora lhe tinha predito.

Sobre ela e seu irmão Francisco, o Papa João Paulo II, na referida homilia,

formulou o voto de “que a mensagem das suas vidas permaneça sempre

viva para iluminar o caminho da humanidade!” E disse que ambos se entregaram

“com total generosidade à direcção de tão boa Mestra (a Virgem

Maria) que subiram em pouco tempo aos cumes da perfeição”. Por isso,

louvou assim a Deus, dizendo:

«Eu Te bendigo, ó Pai, porque escondeste estas verdades aos sábios e

inteligentes, e as revelaste aos pequeninos». Eu Te bendigo, ó Pai, por todos

os teus pequeninos, a começar na Virgem Maria, tua humilde Serva, até aos

pastorinhos Francisco e Jacinta.

P. Jorge Guarda
 
Fonte site Santuario de Fátima.