segunda-feira, 7 de março de 2011

Adorai, em espírito e verdade

“Pater tales quaerit qui adorent eum in Spiritu et veritate”

« O Pai procura adoradores em espírito e verdade» Jo 4, 23



“Quando, por enfermidade, por doença ou por impossibilidade, não puderes fazer a Adoração, deixai que o vosso coração se entristeça por uns momentos e depois, uni-vos em espírito àqueles que adoram nesse momento; começai vós também a adorar. No leito de sofrimento, em viagem, entregues ao trabalho do momento, guardai nessa hora um recolhimento maior e o fruto será o mesmo que se tivésseis estado aos pés do Divino Mestre. Tal hora vos será contada, talvez até dobrada.



Apresentai-vos a Nosso Senhor tal qual sois. Seja a vossa meditação natural e, antes de recorrer ao livro, esgotai o fundo de piedade e de Amor que está em vós. Amai o livro inesgotável da humildade e do Amor. Acompanhe-vos – é justo – o manual de devoção para repor-vos no bom caminho quando o espírito se distrair ou os sentidos se afrouxarem. Lembrai-vos, no entanto, que o BOM Mestre prefere a pobreza do nosso coração ao pensar alheio, por mais sublime que seja.



Acreditai que nesse momento Nosso Senhor quer o nosso coração, e não o do próximo, e deseja que tanto o pensamento como a oração desse mesmo coração sejam a expressão natural do amor que Lhe temos. Não querer chegar-se a Nosso Senhor com a miséria que nos é própria, ou a pobreza humilhada, é muitas vezes fruto de um amor-próprio subtil, da impaciência ou do temor. E, todavia, Nosso Senhor prefere isto a tudo o mais, a isto ama e abençoa.



Na aridez, glorificai a Graça de Deus, sem a qual nada podeis. É o momento de abrir a alma ao Céu, como a flor o seu cálice ao sol nascente, a fim de gozar do orvalho benéfico. Na impotência radical do espírito, nas trevas, com o coração vergado sob o peso do seu nada, com o corpo a sofrer, fazei a adoração do pobre. Saí da vossa pobreza e ide permanecer em Nosso Senhor, ou então oferecei-Lhe a vossa pobreza para que a enriqueça. É obra-prima digna da Sua Glória.



Nas tentações e na tristeza, quando tudo em vós se revolta e vos leva a abandonar a oração, sob o pretexto de que ofendeis a Deus, que O menosprezais em vez de servi-Lo, afastai essa tentação especiosa. É a Adoração do combate, da fidelidade a Jesus contra vós mesmos. Não, não sois de modo algum desagradável a Jesus. O vosso Mestre está a olhar-vos e alegra-Se, Ele que permitiu ao inimigo perturbar-vos. De nós espera a homenagem da perseverança até ao derradeiro minuto do tempo que Lhe devemos consagrar. Que a confiança, a simplicidade e o amor vos levem à Adoração”.



(São Pedro Julião Eymard, "A Divina Eucaristia")

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