Uma das músicas mais ouvidas, hoje em Portugal, é o amor é mágico, dos Expensive Soul. Gostemos ou não da música em causa, esta é uma grande verdade: o amor tem uma grande magia.
O tempo de natal, a preparação (advento), o dia e o tempo de natal, são pautados pela magia do amor. Deus fez-se Emanuel, Deus connosco, tornou-se criancinha. Quem é pai sabe que um filho é uma grande magia.
Todos sabemos que celebramos o nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro. Mas terá ele nascido nessa data?
Desde já podemos adiantar a resposta: não. Jesus Cristo não nasceu a 25 de dezembro. Alguns poderão estar a pensar: mais uma vez a igreja enganou-nos. Não, a Igreja não enganou ninguém a este propósito. A data do 25 de dezembro é uma data simbólica. Então se esta é simbólica, qual o dia exato? Não sabemos (nem o escritor José Rodrigues dos Santos o encontrou). E o mês? Dezembro sabemos que não. É possível saber o ano? Possivelmente 7 a 4 anos antes de Cristo!
Razões para a impossibilidade do nascimento em dezembro. S. Lucas diz que na mesma região em que nasceu Jesus estavam uns pastores que guardavam rebanhos (Lc, 2,8). Como sabemos os invernos na Palestina são rigorosos, há geadas, chuvas intensas, pelo que dificilmente se pode pensar que nesse mês existissem pastores a guardar os rebanhos ao ar livre. Só a partir do mês de Março começam a melhorar as condições climatéricas.
S. Lucas, no primeiro versículo do segundo capítulo diz que por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto para ser recenseada toda a terra. Ainda este ano todos nós vivemos este acontecimento: uns de forma rápida, via internet; outros nem tanto: as imprecisões entre inquiridor e inquirido levou a mal-entendidos. Há vinte séculos atrás nem internet, nem inquiridores. Todos iam recensear-se, cada qual à sua própria cidade (Lc 2,3). Invernos rigorosos terá César Augusto castigado o seu povo? A pé. A cavalo. Com frio. Com neve. Tinham que deslocar às suas próprias cidades. Não é de crer.
Até ao séc. IV a festa do nascimento do Senhor manteve-se incerta, não era um acontecimento importante.
No séc. IV surgiu uma nova corrente, heresia, que dizia que Jesus foi extraordinário, mas não divino. O sacerdote Ário defendia que Jesus não era verdadeiro Deus desde o seu nascimento; só veio a sê-lo graças à sua missão cumprida na terra. Diríamos nós hoje: uma espécie de super-homem!
Esta doutrina agitou a Igreja. A 20 de maio do ano 325, em Niceia, com a participação de 300 bispos de todo o mundo, realizou-se o primeiro concílio universal, no qual foi redigido um CREDO, chamado credo de Niceia: cremos em um só senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado.
Mas como se chegou à datação, marcação, do nascimento de Jesus Cristo a 25 de dezembro?
Como sabemos os dias em dezembro vão-se encurtando, o dia 21 de dezembro é o dia mais curto do ano (em que há menos exposição solar). Parece que as trevas, a noite, querem vencer a luz, o sol. Contudo, os dias começam a aumentar paulatinamente a partir do dia 22 de dezembro. Isto significa que o sol vence, é invencível. Há que se fazer uma festa: uma festa que era celebrada a 25 de dezembro, comemorando o nascimento do sol invicto.
Sabemos que Jesus vence as trevas (ressurreição); Jesus é a luz do mundo, o novo sol invicto. Nesse dia os cristãos não devem celebrar o nascimento de um ser inanimado, mas sim o nascimento do redentor, o seu verdadeiro sol.
A igreja primitiva batizou e cristianizou a festa pagã do dia do sol invicto, convertendo-a no dia do Natal de Jesus. Assim, 25 de dezembro tornou-se o Natal cristão.
Esta festa celebrava-se inicialmente em Roma e no ano de 535, o imperador Justiniano decretou como lei imperial a celebração do Natal a 25 de dezembro.
A festa do Natal transformou-se num poderosíssimo meio para confessar e celebrar a verdadeira fé em Jesus, autêntico e verdadeiro Deus desde o dia do seu nascimento.
E se fosse descoberta a data real do nascimento de Jesus? Que deveria fazer a Igreja?
Para aprofundar mais o tema, Revista Bíblica (Franciscanos Capuchinhos), nº 337, pp. 4-11.
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