quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Relato das Aparições do Anjo e de N. Senhora



 Aparição do Anjo-1916

Ciclo das Aparições

As aparições estão contextualizadas em três ciclos muito bem definidos. O primeiro ciclo é marcado pela aparição do Anjo em 1916.

1ª Aparição do Anjo

Como que preparando as aparições de Nossa Senhora, em 1916, em plena Primavera, estando os três pastorinhos a brincar numa colina chamada Loca do Cabeço, Apareceu-lhes um Anjo. Um jovem que aparentava ter entre 14 a 15 anos, tão branco como a neve, e de uma beleza divina, disse:

“Não temais! Sou o Anjo da Paz. Orai comigo.

- E ajoelhando em terra curvou a cabeça até ao chão,

e fez-nos repetir três vezes estas palavras:

Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos.


Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram,


não esperam e não Vos amam.

- Depois erguendo-se, disse:

Orai assim. Os corações de Jesus e Maria estão atentos às vossas súplicas.

E desapareceu”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

2ª Aparição do Anjo


A segunda aparição do Anjo, já no verão do mesmo ano, deu-se no poço do quintal da família de Lúcia. Estando aí os três pequeninos pastores a brincar, tornaram a ver o mesmo Anjo, que lhes disse:

“ – Que fazeis? Orai, orai muito. Os corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei, constantemente,ao altíssimo, orações e sacrifícios.

- Como nós havemos de sacrificar? – Perguntou Lúcia. De tudo o que puderdes, oferecei a Deus um sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores.

Atraí assim, sobre a vossa Pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai, com submissão, o sofrimento que o Senhor vos enviar”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

3ª Aparição do Anjo

Em Outubro de 1916, na Loca do Cabeço, no mesmo lugar da primeira aparição, o Anjo de Portugal repete o gesto da face no chão, recitando a mesma oração ensinada na primeira aparição. De repente, viram brilhar sobre eles um grande clarão.

“Erguemo-nos para ver o que se passava e vimos o Anjo, tendo na mão esquerda um cálix, sobre o qual está suspensa uma Hóstia, da qual caem algumas gotas de Sangue dentro do cálix. O Anjo deixa suspenso no ar o cálix, ajoelha junto de nós, e faz-nos repetir três vezes:

- Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos
a conversão dos pobres pecadores.

Depois levanta-se, toma em suas mãos o Cálix e a Hóstia. Dá-me a Sagrada Hóstia a mim e o Sangue do Cálix divide-O pela Jacinta e o Francisco, dizendo ao mesmo tempo:

- Tomai e bebei o Corpo e Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.

E prostrando-se de novo em terra, repetiu conosco outras três vezes a mesma oração: Santíssima Trindade…, e desapareceu”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

Nossa Senhora-1917

Ciclo das aparições de Nossa Senhora em Fátima

O segundo ciclo resume-se nas aparições de Nossa Senhora em Fátima por seis vezes consecutivas, de Maio a Outubro de 1917. E o terceiro é reconhecido como o “Ciclo Cordimariana”, que vem do coração de Maria.

1ª Aparição de Nossa Senhora

Era Domingo, e os Pastorinhos estavam brincando na Cova da Iria. Por volta do meio-dia viram uns relâmpagos. Temendo que viesse trovoada, desceram pela encosta e contemplaram, sobre uma azinheira, “uma pequena árvore muito típica de Portugal”, uma Senhora vestida de branco, mais brilhante que o sol. Nossa Senhora, disse-lhes:

“Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.

- De onde é Vossemecê? Lhe perguntei (Lúcia)

Sou do Céu.

- E que é que Vossemecê me quer?

Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos,

no dia 13, a esta mesma hora.

Depois vos direi quem sou e o que quero.

- E eu também vou para o Céu?

Sim, vais.

- E a Jacinta?

Também.

- E o Francisco?

Também, mas tem que rezar muitos terços…

Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?

- Sim, queremos.

Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto

Por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente:

Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro.
Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.

Nossa Senhora acrescentou:

Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.

Em seguida, começou-se a elevar serenamente,subindo em direção ao nascente…”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

2ª Aparição de Nossa Senhora

Neste dia, a branca Senhora disse:

“Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que aprendais a ler. Depois direi o que quero.

Quando a Lúcia pede para os levar a todos para o Céu,


a Senhora responde:

Sim; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a Devoção ao Meu Imaculado Coração. A quem a abraçar prometo a Salvação, e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o Seu trono.

- Fico cá sozinha? Perguntei com pena.

Não filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O Meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá a Deus.

- Foi no momento que disse estas últimas palavras que abriu as mãos e nos comunicou, pela segunda vez, o reflexo desta luz imensa. Nela nos víamos como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco pareciam estar na parte desta luz que se elevava para o Céu e eu na que se espargia sobre a terra. À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora, estava um coração cercado de espinhos que parecia estarem-lhe cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

3° Aparição de Nossa Senhora

Rodeados por três a quatro mil pessoas, Nossa Senhora, disse:

“Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.

- Queria pedir-Lhes para nos dizer quem é, para fazer um milagre para que todos acreditem que Vossemecê nos aparece.

Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi quem eu sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver, para acreditar. Pouco depois acrescentou:

Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício:

Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.

A Senhora abriu as mãos, das quais saiu um farol de luz que pareceu penetrar pela terra dentro. Diante dos olhos aterrados dos Pastorinhos espraia-se um imenso mar de fogo em que estão mergulhados os demónios em figuras horríveis e asquerosas, e as almas dos condenados, em forma humana, flutuando sem peso, nem equilíbrio, no turbilhão de labaredas e nuvens de fumo, soltando gritos de dor e desespero.

- Assustados e como que a pedir socorro, levantamos a vista para Nossa Senhora, que nos disse, com bondade e tristeza:

Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores.

E ensina-lhes esta súplica humilde para intercalarem nos mistérios do terço:

Ó meu Jesus perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno: levai as alminhas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

Faremos aqui uma pausa explicativa, para assimilar o contexto de “tempo”, em que nesta aparição de Julho Nossa Senhora revela aos Pastorinhos o Grande Segredo de Fátima, que entende estar dividido em três partes distintas, sendo que parte deste segredo ficou guardada em silêncio nos cofres da Santa Igreja durante quase 83 anos, só revelado por João Paulo II, em Fátima, no ano 2000.

Na primeira parte deste segredo distingue-se a visão do inferno, onde os Pastorinhos aterrorizados com aquela visão, vêem mergulhados em um mar de fogo muitos demônios mas, também as almas dos condenados. Nisto implica, o castigo pelo pecado neste mundo de guerras, erros e fome que espalhados pela Rússia, tornam-se um grande inimigo da Paz.

Em sequência desta visão Nossa Senhora afirmou:

“Para Salvar as almas, Deus quer estabelecer no mundo a Devoção ao Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão a paz. A Guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de ofenderem a Deus… Começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e da perseguição à Igreja e ao Santo Padre.

Para impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração e a Comunhão Reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão a paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal conservar-se-á sempre o dogma da Fé, etc. Isto não o digais a ninguém.

Ao Francisco, sim, podeis dizê-lo”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

Portanto, neste trecho está contida a segunda parte do Segredo, que traduz m uma intervenção de Deus como um remédio espiritual, onde, por meio da devoção ao Imaculado Coração de Maria e da Comunhão Reparadora dos Primeiros Sábados, poderá evitar todos estes males das guerras.

Até então, a segunda parte do segredo ficou guardada na memória dos Pastorinhos durante alguns anos. Só em Dezembro de 1925, em Pontevedra – Espanha, é que Nossa Senhora autoriza Lúcia já a se preparar para a vida religiosa, a torná-la pública. Quanto à terceira parte do segredo, manteve-se em segredo por mais alguns anos, a pedido da própria Nossa Senhora.

 Porém o mais importante aqui, é percebermos que na segunda parte do Segredo, Nossa Senhora fala, não de forma conclusiva mas, ainda a lapidar a respeito das duas devoções; a Devoção ao Imaculado Coração de Maria e a Devoção Reparadora dos Primeiros Sábados.

Podemos dizer que, a primeira etapa da segunda parte do Segredo já foi cumprida, quando a Devoção ao Imaculado Coração de Maria correspondia em si à Consagração da Rússia e do Mundo ao Seu Imaculado Coração, concluída no dia 25 de Março de 1984, pelo Papa João Paulo II, em Roma.

Porém a segunda etapa está ainda em plena revelação, quando diz respeito à Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados, que só foi então esclarecida mais tarde, numa terceira sequência das aparições, na Espanha.

4ª Aparição de Nossa Senhora

Era de manhã quando o administrador de Ourém prendeu os Pastorinhos por três dias, exatamente no dia em que Nossa Senhora havia de aparecer.

Esta foi a única das aparições que não aconteceu no dia 13, conforme a Senhora Branca havia predito. As forças dominantes e políticas do governo naquela época dominavam Portugal, que por sua vez lançavam grandes perseguições religiosas. O Administrador do Concelho de Ourém, Artur de Oliveira dos Santos querendo arrancar dos Pastorinhos o segredo que Nossa Senhora havia lhes confiado nas aparições, mas também, com medo das manifestações de fé em massa que estavam a crescer mês a mês na pequena aldeia de Aljustrel, vendo ameaçar o seu governo, pondo em perigo sua liberdade democrática e temendo um descontrole socio-político, mandou prender os pequeninos Pastorinhos contagiados pela forte presença de Nossa Senhora nas aparições.

Nem mesmo as tortuosas ameaças do administrador, puderam impedir que Nossa Senhora voltasse a aparecer aos três videntes de Fátima, que no Domingo, dia 19 de Agosto, portanto, sete dias depois de estarem presos nas mãos do administrador, a Senhora mais branca do que a neve voltou a aparecer nos Valinhos aos três Pastorinhos, e disse:


“Quero que continueis a vir à Cova da Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês, farei o milagre, para que todos acreditem.

- Que é que Vossemecê quer que se faça com o dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?

Façam dois andores: um, leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas vestidas de branco; o outro, que o leve Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar é para ajuda de uma capela que hão-de mandar fazer.

E, tomando um aspecto mais triste, Nossa Senhora acrescentou:

Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.”

(Memórias da Ir. Lúcia)


Os Pastorinhos de Fátima eram tão convincentes no que se referia aos pedidos de Nossa Senhora que logo no ano seguinte, em Julho de 1918, foi realizada a festa de Nossa Senhora do Rosário, e em Agosto do mesmo ano começou a ser construída a primeira capela, conforme pedia a Santa Mãe de Deus.

5ª Aparição de Nossa Senhora

Rodeados por mais de 25 mil pessoas, e assediados por todos os lados com diversos pedidos, os Pastorinhos compareceram novamente na Cova da Iria, diante da típica azinheira, Nossa Senhora pousa os pés em meio a uma nuvem de luz, e diz:

“Continuem a rezar o terço para alcançarem o fim da guerra. Em Outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus para abençoarem o Mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda; trazei-a só durante o dia.

- Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas: a cura de alguns doentes, dum surdo-mudo…

Sim, alguns curarei; outros, não. Em Outubro farei o milagre, para que todos acreditem.”

E como de costume, começou a se elevar e desapareceu.

(Memórias da Ir. Lúcia)

6ª Aparição de Nossa Senhora

Debaixo de uma forte chuva e cercados por uma multidão de mais de 70 mil pessoas, a Cova da Iria tornou-se palco do mais belo espetáculo atmosférico, jamais visto até hoje.

“Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra,que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas.

- Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir: se curava uns doentes, se convertia uns pecadores, etc.

Uns, sim: outros, não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados.

E tomando um aspecto mais triste:

Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor,que já está muito ofendido.

E abrindo as mãos, fê-las refletir o sol, prometido três meses antes, como prova da verdade das aparições de Fátima. Pára a chuva e o sol por três vezes gira sobre si mesmo lançando para todos os lados feixes de luz e de várias cores. Parece a dada altura desprender-se do firmamento e cair sobre a multidão. Após dez minutos de prodígio, tomou o sol o seu estado normal. Entretanto, os Pastorinhos eram favorecidos com outras aparições.

Desaparecida Nossa Senhora na imensa distância do firmamento, vimos ao lado do sol, São José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul. São José com o Menino parecia abençoar o Mundo, com um gesto que fazia com a mão em forma de cruz. Pouco depois, desvanecida esta aparição, vi Nosso Senhor e Nossa Senhora que me dava a idéia de ser Nossa Senhora das Dores. Nosso Senhor parecia abençoar o Mundo da mesma forma que São José. Desvaneceu-se esta aparição e pareceu-me ver ainda Nossa Senhora em forma semelhante a Nossa Senhora do Carmo”.

(Memórias da Ir. Lúcia)

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