quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Oração aos santos arcanjos


Ajudai-nos, ó grandes santos, irmãos nossos, que sois servos como nós diante de Deus. Defendei-nos de nós mesmos, de nossa covardia e tibieza, de nosso egoísmo e de nossa ambição, de nossa inveja e desconfiança, de nossa avidez em procurar a saciedade, a boa vida e a estima.

Desatai as algemas do pecado e do apego a tudo o que passa. Desvendai os nossos olhos que nós mesmos fechamos para não precisar ver as necessidades de nosso próximos e poder, assim, ocupar-nos de nós mesmos numa tranquila autocomplacência. Colocai em nosso coração o espinho da santa ansiedade de Deus para que não deixemos de procurá-lo com ardor, contrição e amor.

Contemplai em nós o Sangue do Senhor, que Ele derramou por nossa causa. Contemplai em nós as lágrimas de vossa Rainha, que ela derramou sobre nós.


Contemplai em nós a pobre, desbotada, arruinada imagem de Deus, comparando-a com a imagem íntegra que deveríamos ser Sua vontade e Seu amor.

Ajudai-nos a conhecer Deus, a adorá-Lo, a amá-Lo e a servir-Lhe. Ajudai-nos no combate contra os poderes das trevas que, traiçoeiramente, nos envolvem e nos afligem.

Ajudai-nos para que nenhum de nós se perca e para que, um dia, estejamos todos jubilosamente reunidos na eterna bem-aventurança. Amém.
São Miguel, assisti-nos com vossos santos anjos;

Ajudai-nos e rogai por nós.

São Rafael, assisti-nos com vossos santos anjos;

Ajudai-nos e rogai por nós.

São Gabriel, assisti-nos com vossos santos anjos;

Ajudai-nos e rogai por nós.




Anjo santo, meu conselheiro,  inspirai-me; Anjo santo, meu defensor, protegei-me; Anjo santo, meu fiel amigo, pedi por mim; Anjo santo, meu consolador, fortificai-me; Anjo santo, meu irmão, defendei-me; Anjo santo, meu mestre, ensinai-me; Anjo santo, testemunha de todas as minhas ações, purificai-me; Anjo santo, meu auxiliar, amparai-me; Anjo santo, meu intercessor, falai por mim; Anjo santo, meu guia, dirigiu-me; Anjo santo, minha luz, iluminai-me; Anjo santo, a quem Deus encarregou de conduzir-me, governai-me.
Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, já que a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarde, me governo e me ilumine. Amém.



Suplica ao Anjo da Guarda

Ó meu anjo da guarda, príncipe celestial e meu amoroso tutor, alcançai-me o perdão dos desgostos que a Deus e a vós tenho dado, e imprimi na minha alma tão profundo respeito para convosco que nunca me atreva a fazer coisa que vos desagrade.

Pai Nosso

Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o Vosso nome, vem a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos daí hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, não nos deixei cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.

Ave Maria

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois Vós entre as mulheres, bendito é o fruto em Vosso ventre, Jesus. Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós, os pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.

Glória

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre. Amém.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O Arcanjo Rafael e a cura - Frei Elias Vella

Espero que você conheça, na Bíblia, o livro de Tobit e Tobias. Tobit era um homem muito bom e vivia numa terra estrangeira; neste lugar, os judeus não eram bem-vindos, por isso, quando morriam, seus corpos não podiam ser enterrados. Mas Tobit era um homem temente a Deus e, à noite, sorrateiramente, enterrava os judeus já mortos.
Um dia, Tobit ficou cego e sua esposa caçoou dele, perguntando-lhe: “Este é seu Deus, que o tornou cego?” Mas ele permaneceu fiel ao Senhor.
Alguém, de uma terra distante, devia dinheiro a Tobit. Então, ele mandou seu filho Tobias buscar essa quantia. Durante a viagem, Tobias encontrou-se com alguém que queria acompanhá-lo pelo caminho. Era o Arcanjo Rafael.
Rafael, que significa, a “medicina de Deus”, ajuda-nos em nossa cura. Ele disse a Tobias que fosse pescar um peixe, pegasse o intestino deste e o coloque sobre os olhos de seu pai. Deus, deste modo, recuperou a visão de Tobit. Por isso Rafael é chamado o “remédio de Deus”.
Se todos nós precisamos de Miguel, porque somos atacados pelo espírito do mal; se precisamos de Gabriel, pois ele nos traz a mensagem de Deus e nos ajuda na evangelização; também precisamos de Rafael, porque todos precisamos de cura, precisamos que Jesus coloque Suas mãos sobre nossas feridas e nos cure.
Podemos olhar para cura de diversos pontos de vista, inclusive a partir dos nossos problemas físicos. Mas alguns se perguntam: “Será que Deus tem interesse em minha cura física?” Pensar deste modo é um erro. O Senhor mandou Jesus para nos curar, para nos fazer íntegros: “Eu vim para que tenhais vida e a tenham em abundância” (cf. João 10,10). Portanto, Jesus não veio para salvar apenas a alma, mas também a nossa humanidade, para tocar no homem por inteiro.
O Senhor nunca disse a ninguém que não estava interessado nas curas físicas, mas impôs sua mão sobre as pessoas e curou a todas.
Quando mandamos “ide”, essa é a missão da Igreja, e quando falamos de Igreja, falamos de nós mesmos, portanto, cada um de nós é mandado para curar de modo diferente, seja com um sorriso ou uma mensagem. Às vezes, você pode curar alguém com um e-mail, um abraço que demonstre amor.
Jesus é a Boa Notícia da nossa vida, o Salvador. Não podemos guardar para nós essa Boa Nova, mas anunciá-la pelo mundo, curando uns aos outros, curando os enfermos. A cura é uma missão da Igreja, e se ela ignorar isso, estará traindo Jesus.

"Precisamos fortalecer os pontos fracos da nossa personalidade para não sermos atacados pelo inimigo." (Frei Elias Vella)

A evangelização sem cura e libertação torna-se uma bela teoria, mas ninguém vai se importar. Tenha cuidado, porque se nos mantivermos apenas na cura e libertação, sem usá-la para a evangelização, para trazer as pessoas a Jesus, seremos discípulos de Cristo, o qual cura e liberta.
Jesus estava interessado na cura de Tobit, por isso lhe enviou o anjo, a fim de que recuperasse a visão.

Talvez, você tenha câncer, doença do coração, pressão sanguínea alta ou baixa, diabetes, problemas no fígado, nos rins ou nos pulmões. E você acha que Deus não está interessado em você? O Senhor conhece todos seus problemas.
Há também a necessidade da cura psicológica. Jesus veio também para nos curar psicologicamente. Ele curou a samaritana, curou Pedro depois deste tê-Lo negado. Jesus olhou para o apóstolo com amor.
O Senhor curou Maria Madalena. Ele nos chama pelo nome, e essa já é uma cura psicológica.
Talvez, muitos de vocês tenham raiva de alguém e já tenham uma pedra nas mãos para jogar em seu inimigo, na sua sogra, no seu cunhado... Jesus não lhe pede para não atirá-la; Ele apenas lhe diz que você o faça se estiver sem pecado. O Senhor nos conhece por dentro e por fora; não podemos nos esconder d'Ele. Ele é o único que pode nos curar, perdoar nossos pecados.
A outra cura é a libertação. Todos nós, de alguma forma, somos atacados pelo espírito do mal. Não o somos da mesma forma, porque o demônio tenta sempre encontrar nossa área de fraqueza, e não somos fracos da mesma maneira. Como um general esperto, ele ataca as áreas da nossa fraqueza.
Precisamos fortalecer esses pontos fracos da nossa personalidade. Pode ser a inveja, a raiva, a agressividade, a violência, a luxúria, a perversão sexual, o ódio contra alguém, a falta de perdão. Podem ser tantas coisas! Mas se você for esperto, vai fortalecer esta área, pois é, nela, que o demônio vai tentar atacá-lo.

Muitas pessoas se sentem fracas, porque entram em pânico diante de uma situação.
Também no livro de Tobias, vemos que, durante a viagem, Tobias encontrou-se com a mulher de sua vida: Sara.
O Arcanjo também está presente na vida de Sara, esposa de Tobias, pois ambos estavam tentando encontrar a companhia adequada. O pai Tobit tinha muito medo de que seu filho encontrasse uma esposa de outra religião; por outro lado, Sara também estava com medo, porque já tinha tido sete esposos e todos haviam morrido na noite do matrimônio. Isso parecia ser um sinal de Deus, de que ela não deveria se casar. No entanto, o Senhor provê, por meio de Rafael, o encontro entre Sara e Tobias.
Deus também enviou Rafael para proteger Tobias durante sua viagem, diante de seu encontro com o devedor de seu pai. Muitas vezes, em nossa viagem, encontramos acidentes e percebemos que, facilmente, poderíamos estar envolvidos nele. É aí que percebemos o quanto Deus nos protege.
Hoje, queremos pedir que Jesus que desamarre as amarras que o demônio coloca em nós.

Transcrição e adaptação: Michelle Mimoso
Frei Elias Vella
Franciscano conventual, líder da RCC na Ilha européia de Malta (seu país de origem) e um dos maiores exorcistas da atualidade;



quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Namoro e castidade: divina combinação


- Os jovens cristãos que namoram e desejam viver a lei de Deus têm enfrentado um grande dilema. Transar ou se guardar para o amor maior, aquele que vai selar uma união duradoura diante de Deus? Muitas vezes, são os namorados que querem transar. Ainda é grande o número de meninas que não querem ter vida sexual no namoro e são pressionadas pelos namorados para dar uma “prova de amor”.

Mas transar durante o namoro está longe de ser uma prova de amor, seja lá o que isso possa significar. Amor não é sentimentalismo, romance e prazer. Amor é responsabilidade, é fazer os outros felizes. O verdadeiro amor espera, respeita. As coisas da vida somente são boas e nos fazem felizes se são usadas dentro de sua finalidade e no momento certo.

Para acalmar o coração e clarear o entendimento dos jovens enamorados, vale a pena deixar claro que o sexo só deve ser vivido no casamento por causa de sua finalidade e sua consequência. A dimensão unitiva tem em vista unir o casal que se comprometeu um com o outro a vida toda, diante de Deus e dos homens. A dimensão procriativa gera os filhos, que têm o direito de nascer em um lar constituído com pais preparados para acolher, amar e educar. E isso não pode acontecer ainda no namoro, porque o relacionamento é frágil.

O ato sexual é o selo de uma união definitiva, permanente, compromissada para sempre. Não é uma brincadeira, um passatempo, uma diversão. Na verdade, os casais que fazem sexo antes do casamento estão realizando um ato egoísta, não um ato de amor, por mais que tentem justificar dessa forma.

A última “entrega” ao outro deve ser a do próprio corpo, depois que os corações e as vidas estiverem unidos para sempre. Isso está longe de acontecer no namoro, que é um tempo de escolha. É o tempo de conhecer a pessoa do outro, seus valores e seus limites. Não é o tempo de viver a intimidade sexual dos casados.

Quantas jovens engravidam durante o namoro e têm de mudar totalmente o rumo de suas vidas? Às vezes, são obrigadas a deixar os estudos para trabalhar. São obrigadas a continuar morando na casa dos pais, já que não têm condições financeiras nem tampouco emocionais de terem suas próprias casas, como convém. Isso sem mencionar muitos abortos realizados por causa da vida sexual dos jovens no namoro.

Querer transar durante o namoro não é amor. É egoísmo. Infelizmente, ainda recai sobre as jovens uma decisão muito importante: de se guardar e direcionar o namoro. Afinal, os meninos não correm os riscos de uma gravidez. Se o namoro terminar, eles seguem em frente como se nada tivesse acontecido. Para as meninas ainda é diferente, porque elas jamais se esquecem do que aconteceu.

Por isso, quando os jovens casais não chegam a um acordo sobre guardar a castidade, é importante que a menina cristã aprenda a dizer "não" a seu namorado. Deus quer que toda jovem se guarde e se prepare para aquele homem que um dia vai ser seu marido, companheiro e pai de seus filhos. Cabe à menina, então, hoje em dia, “fazer a cabeça” do namorado e aproximá-lo de Deus. É importante estar certa de que Deus não deixa ninguém desamparado. E ninguém pode ser infeliz por cumprir a Sua lei e fazer a Sua vontade.

por Felipe de Aquino Professor

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A excelência da Castidade



Ninguém melhor que o Espírito Santo saberá apreciar o valor da castidade. Ora, Ele diz: "Tudo o que se estima não pode ser comparado com uma alma continente" (Eclo 26, 20), isto é, todas as riquezas da terra, todas as honras, todas as dignidades, não lhe são comparáveis. Santo Efrém chama a castidade de "a vida do espírito"; São Pedro Damião, "a rainha das virtudes"; e São Cipriano diz que, por meio dela, se alcançam os triunfos mais esplêndidos. Quem supera o vício contrário à castidade, facilmente triunfará de todos os mais; quem, pelo contrário, se deixa dominar pela impureza, facilmente cairá em muitos outro vícios e far-se-á réu de ódio, injustiça, sacrilégio, etc. A castidade faz do homem um anjo. "Ó castidade, exclama Santo Efrém (De cast.), tu fazes o homem semelhante aos anjos".

Essa comparação é muito acertada, pois os anjos vivem isentos de todos os deleites carnais; eles são puros por natureza; as almas castas, por virtude. "Pelo mérito desta virtude, diz Cassiano (De Coen. Int., 1. 6, c. 6), assemelham-se os homens aos anjos"; e São Bernardo (De mor. et off., ep., c. 3): "O homem casto difere do anjo não em razão da virtude, mas da bem-aventurança; se a castidade do anjo é mais ditosa, a do homem é mais intrépida". "A castidade torna o homem semelhante ao próprio Deus, que é um puro espírito", afirma São Basílio (De ver. virg.).

O Verbo Eterno, vindo a este mundo, escolheu para Sua Mãe uma Virgem, para pai adotivo um virgem, para precursor um virgem, e a São João Evangelista amou com predileção porque era virgem, e, por isso, confiou-lhe Sua santa Mãe, da mesma forma como entrega ao sacerdote, por causa de sua castidade, a santa Igreja e Sua própria Pessoa.

Com toda a razão, pois, exclama o grande doutor da Igreja, Santo Atanásio (De virg.): 'Ó santa pureza, és o templo do Espírito Santo, a vida dos Anjos e a coroa dos Santos!".
Grande, portanto, é a excelência da castidade; mas também terrível é a guerra que a carne nos declara para no-la roubar. Nossa carne é a arma mais poderosa que possui o demônio para nos escravizar; é, por isso, coisa muito rara sair-se ileso ou mesmo vencedor deste combate. Santo Agostinho diz (Serm. 293): "O combate pela castidade é o mais renhido de todos: ele repete-se cotidianamente, e a vitória é rara". "Quantos infelizes que passaram anos na solidão, exclama São Lourenço Justiniano, em orações, jejuns e mortificações, não se deixaram levar, finalmente, pela concupiscência da carne, abandonaram a vida devota da solidão e perderam, com a castidade, o próprio Deus!"

Por isso, todos os que desejam conservar a virtude da castidade devem ter suma cautela: "É impossível que te conserves casto, diz São Carlos Borromeu, se não vigiares continuamente sobre ti mesmo, pois negligência traz consigo mui facilmente a perda da castidade"

por

Do tratado da Castidade, São Maria de Ligório

O que ela vai pensar de mim se disser não à impureza


- Por Jason Evert

"Ela não vai pensar que há algo errado comigo se eu disser não"! Isso depende de que tipo de garota ela é. Uma jovem mulher me contou que chorou quando seu namorado disse que queria parar de fazer coisas sexuais, porque ela pensava que ele estava terminando com o namoro. Mas então, ela disse, “Ele me assegurou que esse não era o caso, e que ele ainda me amava e queria me amar pela minha personalidade e não só pelo meu corpo. Eu fiquei maravilhada com isso”.

É surpreendentemente raro para uma mulher menosprezar um rapaz que quer guardar a inocência do relacionamento. Para testar isso, eu perguntei a mil jovens mulheres em minha pesquisa a seguinte questão: “Se você está indo longe demais com um rapaz, e ele lhe dá um beijo na testa e diz, ‘eu acho que precisamos ir devagar, eu respeito demais você para fazer tudo isso com você, e eu quero me apaixonar com você pelos motivos certos’, você acharia ele mais ou menos atraente?”.

Quase 100 por cento das garotas – 995 – disseram que achariam o rapaz mais atraente. Uma garota disse que isso era “porque ele estaria pensando em nós e não somente nele”. Outra garota disse: “Eu não vou mentir. No primeiro momento eu ficaria pensando, ‘O que? Que tipo de homem diz isso?’ Mas depois naquela noite eu estaria pensando: ‘Eu realmente gosto desse rapaz’”.

Eu fiz uma última pergunta para essas garotas: “Alguns rapazes acham que ser virgem é embaraçoso. Como você se sentiria se um rapaz guardasse sua virgindade para você, sua noiva?”. De novo, as respostas na esmagadora maioria indicam a atratividade da pureza. Aqui estão algumas das respostas que elas deram:

- “Esse é o tipo de rapaz que eu tenho que pegar antes que o resto das bilhões de garotas pegue!”

- “Pare de se preocupar sobre o que os outros vão dizer. Significa tanto que você espere!”.

- “Isso é atraente!”.

- “Está tudo bem em ser virgem. Na verdade, a maioria das garotas prefere assim”.

- “É preciso muita força de vontade para permanecer virgem, e eu amo rapazes assim – que não se importam com o que as pessoas dizem”.

- “Ele é mais homem que muitos outros rapazes”

- “Eles não deviam ficar envergonhados, pois eu não estou”.

- “Essa noiva é uma sortuda”

- “Muitas garotas como eu acham estranho quando um cara fica com medo de ser virgem. Ele devia se orgulhar!”.

- Eu me sentiria uma princesa, porque é assim que eu quero me sentir na noite do meu casamento”.

- “Eu ia querer mais ficar perto dele!”

- “Essa é a coisa mais linda que um homem pode dar à sua noiva. Isso resume a essência do que é ser um homem, com uma só escolha. Ele prometeu à sua noiva sua vida inteira, inclusive seu corpo”.

- “Ele pode te respeitar mais se pode respeitar a si mesmo”.

Quase todas as garotas – 996 – disseram que se sentiriam amadas, honradas, e mais atraídas a um rapaz assim. Das 4 que sobraram, uma expressou descrença que possa existir alguém assim, e as outras três foram indiferentes, dizendo coisas como “Eu não o amaria mais nem menos se ele não fosse virgem”.

Toda garota deseja saber que é querida, desejada, amada, e que merece ser protegida. Quando uma garota chega à universidade, muitas vezes ela já perdeu a esperança por causa das coisas que ela viu (ou fez). Ela pode aceitar os “ficas” ou as relações casuais, mas no fundo de seu coração ela sonha com algo mais. Na verdade, mais mulheres do que eu posso contar chega para mim nas universidades em que dou palestras e me pergunta a mesma coisa: “Todos os rapazes só estão interessados em uma coisa. Onde eu posso encontrar um homem decente?”.

Imagine se você tivesse que falar para uma dessas mulheres que você não quer nada de sexual agora. Se ela lhe abandonar por você querer ser puro, então você já sabe que, para começo de história, ela nunca lhe amou, e você está melhor sem ela. Mas se ela continuar com você, então vocês vão se respeitar sempre. De qualquer modo, nós temos que enfrentar nosso medo de rejeição se é que nós queremos um dia amar de verdade.

Como essa pesquisa mostrou, a maioria das mulheres espera encontrar um homem seguro de si, capaz de auto-domínio. Mesmo se você já perdeu sua virgindade, você ainda pode escolher recomeçar e passar a viver a virtude da pureza. Não importa o passado, nunca é tarde para se tornar o homem que você quer e deve ser.

Trecho do livro: “Pure Manhood”, de Jason Evert. San Diego: Catholic Answers, 2008.

por

do blog vidaecastidade

Educar a afetividade. A importância da maturidade afetiva na vida a dois

Mais do que nunca, é preciso prestar atenção hoje à educação da afetividade dos filhos e à reeducação da afetividade dos adultos. Uma educação e uma reeducação que devem ter como base esse conceito mais nobre do amor que acabamos de formular: aquele que vai superando o estágio do amor de apetência – que apetece e dá prazer – para passar ao amor de complacência – que compraz afetivamente – e abrir-se ao amor oblativo de benevolência – que sabe renunciar e entregar-se para conseguir o bem do outro.

O amor maduro exige domínio próprio: ir ascendendo do mundo elementar – imaturo – do mero prazer, até o mundo racional e espiritual em que o homem encontra a sua plena dignidade. Reclama que se canalizem as inclinações naturais sensitivas para pô-las a serviço da totalidade da pessoa humana, com as suas exigências racionais e espirituais. Requer que se conceda à vontade o seu papel reitor, livre e responsável. Pede que, por cima dos gostos e sentimentos pessoais, se valorizem os compromissos sérios reciprocamente assumidos. Aaron Beek, no seu livro Só o amor não basta, insiste repetidamente que é necessária a determinação da vontade para dar consistência aos movimentos intermitentes do coração: o mero sentimento não basta.

O “amor como dom de si comporta – diz o Catecismo da Igreja Católica – uma aprendizagem do domínio de si (…). As alternativas são claras: ou o homem comanda e domina as suas paixões e obtém a paz ou se deixa subjugar por elas e se torna infeliz. Esse domínio de si mesmo é um trabalho a longo prazo. Nunca deve ser considerado definitivamente adquirido. Supõe um esforço a ser retomado em todas as idades da vida“.

Isso significa cultivar o amor. O maior de todos os amores desmoronará se não for aperfeiçoado diariamente. Empenho este que, na vida diária, traduz-se no esforço por esmerar-se na realização das pequenas coisas, à semelhança do trabalho do ourives, feito com filigranas delicadamente entrelaçadas a cada dia, na tarefa de aprimorar o trato mútuo, evitando os pormenores que prejudicam a convivência.

A convivência é uma arte preciosa. Exige uma série de diligências: prestar atenção habitual às necessidades do outro; corrigir os defeitos; superar os pequenos conflitos para que não gerem os grandes; aprender a escutar mais do que a falar; vencer o cansaço provocado pela rotina; retribuir com gratidão os esforços feitos pelo outro e, especialmente, renovar no pequeno e no grande o compromisso de uma mútua fidelidade que exige perseverança nas menores exigências do amor, uma perseverança que não goza dos favores de uma sociedade hedonista e permissiva, inclinada sempre ao mais gostoso e prazeroso.

O coração não foi feito para amoricos, dizíamos, mas para amores fortes. O sentimentalismo é para o amor o que a caricatura é para o rosto. Alguns parecem ter o “coração de chiclete”: apegam-se a tudo. Uns olhos bonitos, uma voz meiga e um caminhar charmoso podem fazer-lhes tremer os fundamentos da fidelidade. Outros parecem inveterados novelistas: sentem sempre a necessidade de estar envolvidos em algum romance, real ou imaginário, sendo eles os eternos protagonistas: dão a impressão de que a televisão mental lhes absorve todos os pensamentos.

Precisamos educar o nosso coração para a fidelidade. Amores maduros são sempre amores fiéis. Não podemos ter um “coração de bailarina”. A guarda dos sentidos – especialmente da vista – e da imaginação há de proteger-nos da inconstância sentimental, do comportamento volátil de um “beija-flor”.

Tudo isso faz parte do que denominávamos a educação afetiva dos jovens e a reeducação afetiva dos adultos. João Paulo II a chama “a educação para o amor como dom de si: diante de uma cultura que ‘banaliza’ em grande parte a sexualidade humana, porque a interpreta e vive de maneira limitada e empobrecida, ligando-a exclusivamente ao corpo e ao prazer egoístico, a tarefa educativa deve dirigir-se com firmeza para uma cultura sexual verdadeira e plenamente pessoal. A sexualidade, de fato, é uma riqueza da pessoa toda – corpo, sentimento e alma – manifesta o seu significado íntimo ao levar a pessoa ao dom de si no amor“.

Dom Rafael Llanos Cifuentes

Foi professor de Direito Matrimonial do Instituto Superior de Direito Canônico da Arquidiocese do Rio de Janeiro; responsável pelo Movimento Pró-Vida; presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família – CNBB (2003-2007). Obras publicadas: “Novo Direito Matrimonial Canônico”; “Noivado e Casamento”. Orientações para Solteiros e Casados”; “147 Perguntas e Respostas sobre o Casamento”; entre outras. por

Revista Shalom Maná

O mistério da sexualidade humana


Durante a adolescência e a juventude, acontece à busca da própria identidade em todos os aspectos, especialmente na sexualidade. Isso se deve às grandes e rápidas transformações físicas e emocionais, ocorridas, sobretudo na adolescência, momento em que a pessoa percebe que possui um corpo, masculino ou feminino, e passa a senti-lo de modo bem definido.

Convém lembrar que a sexualidade humana não é feita apenas de corpo, e não se situa exatamente nos genitais. O jovem e a jovem podem e devem estar atentos ao fato de que todo o seu ser dá sinais da própria sexualidade. Uma vez que a sexualidade é parte importante na sua identidade, é preciso que o jovem e a jovem conheçam exatamente o que a compõe, descubram sua sexualidade como um belíssimo dom de Deus, orientado para a doação de si mesmo na Caridade, e não como um objeto de consumo ou mero prazer.
A palavra “sexo” é particípio passado do verbo latino “secerno”, isto é, “seccionado”, “dividido”. Deus criou o ser humano, homem ou mulher, “sexuado” em todo o seu ser: no cabelo, na voz, na maneira de pensar e agir etc. Cada fibra do seu ser, o seu “eu” pessoal traz o caráter masculino ou feminino. Não são os órgãos genitais que definem a sexualidade. Esta é definida, na sua parte física, por glândulas de secreção interna – a hipófise, o hipotálamo, a glândula pituitária, tiróide, supra renal etc. –, pelo espírito e pela personalidade.

Mas tudo isso vai além do corpo: é definido por Deus no momento da criação de cada pessoa, e de modo definitivo, irrevogável. A sexualidade está dentro do plano único de Deus para a vida de cada pessoa. É algo que passa pelo corpo e o atinge, mas é mais do que o corpo, é a realidade total da pessoa.

A sexualidade foi e é muito confundida com a genitalidade, por isso é preciso compreender bem o que seja esta. A genitalidade é definida pelos órgãos genitais da pessoa, que existem porque Deus quis associar o ser humano ao mistério da multiplicação dessa espécie na terra – assim, todo ser humano é criado por Deus, através da paternidade e da maternidade humana –. Os órgãos genitais, portanto, são para geração de novas criaturas; não são meros instrumentos de prazer, nem seu uso é indispensável para comprovar a sexualidade da pessoa. Alguém que nunca praticou um ato genital não deixa de ser homem ou mulher, no verdadeiro sentido da palavra.

A genitalidade é apenas um aspecto da sexualidade da pessoa. Quando Deus cria cada pessoa, lhe dá órgãos genitais adequados para a sua sexualidade. Assim, não adianta tentar mudar a sexualidade através da mutilação dos órgãos, pois a sexualidade está definida, em todo o ser da pessoa, desde a sua criação. É por isso que, mesmo sem o uso da genitalidade, não se perde a sexualidade masculina ou feminina, pois esta jamais acaba.

A Palavra de Deus em Mc 12,18-27(leia) se refere ao exercício da genitalidade. No Céu não existe a necessidade de procriação, nem a necessidade de complementação sexual, porque Deus nos completará em tudo. Porém, cada um entrará na Vida Eterna como homens e mulheres, conforme Deus definiu na sua criação. Jesus e os santos são homens e estão no Céu como homens. Nossa Senhora e as santas estão no Céu como mulheres que são, e isso para sempre.

Quando a pessoa acredita que sua sexualidade depende exclusivamente do uso dos genitais, ela pode, para tentar afirmar sua sexualidade perante os outros, desordenar totalmente o uso dos seus órgãos sexuais, acabando por se tornar um escravo da própria genitalidade, sem jamais conseguir preencher suas verdadeiras necessidades, que certamente são outras. Ela pode se tornar uma pessoa doente, emocional e espiritualmente, pelo uso inadequado e fora de tempo da sua genitalidade. Isso se chama genitalismo.

A mulher é mulher em todo o seu ser: no corpo e na alma. O homem da mesma forma. Se um homem e uma mulher dizem que se amam, mas seu relacionamento consiste numa busca genitalista, isso não é amor, mas compara-se ao mero comportamento de animais. Daí é que nascem as grandes decepções, vazios e até desesperos.

O exercício da genitalidade foi ordenado por Deus para acontecer dentro do matrimônio. No matrimônio, há uma união total e exclusiva de duas pessoas. Elas uniram perante a Igreja não só seus corpos, mas seus espíritos. Sua vida inteira, com todos os aspectos do ser de cada um, estão definitivamente unidos perante Deus nesta vida. Há um pacto de doação mútua e uma disposição madura ao crescimento nesta doação. Assim, o exercício da genitalidade pode ser seguramente um dom e sinal do amor. Dentro do matrimônio, um cônjuge representa para o outro o sinal e instrumento do amor de cada um por Deus, que deve ser crescente, fiel e definitivo.

A outra forma de realizar esse amor crescente, fiel e definitivo por Deus é a opção pelo celibato. O celibato dispensa totalmente a prática da genitalidade, uma vez que não há uma opção exclusiva por uma esposa ou esposo. Mas não anula a sexualidade da pessoa que opta por ele. Jesus nunca se casou, entretanto, mesmo sendo Deus, é verdadeiro homem. Ele realizou plenamente sua sexualidade amando a Deus em todas as criaturas e todas as criaturas em Deus. Foi virgem e inteiramente casto, perfeitamente masculino, modelo de todo homem.

O uso sadio da sexualidade envolve todo o comportamento da pessoa. A educação sexual instrui sobre o correto comportamento masculino e feminino desde a infância. Apresenta a psicologia do homem e da mulher dentro dos padrões que a perfeição da natureza define. O ser humano jamais terá uma personalidade realizada sem a vivência correta da sua sexualidade, ou seja, comportando-se como mulher, quando é mulher, e como homem, quando é homem. Não como "macho", nem como "fêmea", porque não são animais; mas como homens e mulheres, pessoas.

A maneira mais sadia de viver a própria sexualidade é conhecê-la e aceitá-la. Muitos não aceitam a própria sexualidade talvez porque tenham-lhe sido passadas imagens deturpadas do que é ser homem ou mulher. Nesse sentido, o comportamento do pai ou da mãe é muito marcante. Mas mesmo que isso tenha acontecido, é preciso que o jovem supere, compreendendo que ele é outra pessoa, com história diferente. É preciso buscar em Deus a verdade sobre a própria sexualidade e vivê-la de modo casto, decente.

Assim como o genitalismo é a forma doentia de viver a própria genitalidade, o sensualismo é a forma doentia de viver a própria sexualidade. Ele consiste no uso despudorado do próprio corpo com o intuito desordenado de afirmar a própria sexualidade por esses meios. Hoje em dia, muitos homens e mulheres inventam mil maneiras de exibir seu corpo como mercadorias oferecidas em vitrines. Muitos fazem questão de ressaltar os genitais e as partes que mais despertam o desejo sexual. Isso denota falta de conhecimento de si mesmo e às vezes de segurança nos próprios valores interiores.

Primeiramente, é preciso conhecer que o nosso corpo nos foi dado por Deus para o exercício da caridade, única forma de alcançar realização plena e felicidade completa. Especialmente as partes mais íntimas, têm como função primeira a doação de si. Na mulher, as partes mais íntimas são ordenadas primeiramente à geração e à amamentação. Não são meras carnes e por isso devem ser respeitadas. No homem também. Os genitais devem ser cobertos de modo decente não porque sejam sujos ou desonestos, mas porque pertencem à intimidade pessoal. Eles participam do mistério pessoal do ser humano, do mistério da doação de si.

Maria é para toda mulher o perfeito exemplo de feminilidade, pudor, equilíbrio e realização plena na sexualidade. Na sua castidade, é a mulher mais feminina que a terra já conheceu. Perfeitamente casta na doação de si mesma, nunca necessitou dos artifícios que o sensualismo apregoa, iludindo e desvalorizando a figura feminina na sua expressão mais profunda.

Por fim, quanto à segurança nos próprios valores internos, esta vem do relacionamento com Deus, nosso Criador, único que nos conhece por dentro, nos ama e nos aceita incondicionalmente. Ele vê nossos valores mais profundos – tanto os que já aparecem quanto os que Ele colocou como semente em nós e ainda não desabrocharam –. Ele nos dá a segurança de nós mesmos e o senso de valor e importância que nós tanto necessitamos para viver com alegria.

Quem pergunta a Deus o que Ele acha da sua pessoa, encontra grande alegria e é capaz de se achar mais belo e desejado do que qualquer criatura pode imaginar contemplar ou desejar. E aí não precisa se mostrar ou tentar se afirmar por meios passageiros, inúteis ou humilhantes.

“Melhor que tudo que alguém possa ter ou saber, é poder ser um filho de Deus” (Ronaldo Pereira).
por Ana Carla Bessa, Comunidade de Aliança Shalom *

Shalom Maná

O que é ser casto? Por que ser casto? Como ser casto hoje?

Ser casto é muito mais do que ser virgem. No entanto, a pureza, ou castidade, inclui necessariamente a vivência da virgindade. Ser casto abrange toda a pureza de coração, de intenções e de desejo sincero de fazer a vontade de Deus. Inclui a determinação de não pecar (e isso não somente com relação ao sexo, mas em todas as áreas da vida). Inclui, ainda, uma compreensão madura do que seja a vida e a decisão de viver para cumprir a vontade de Deus.


Viver a pureza é uma grande graça, da qual hoje todos zombam abertamente. É correr o grande risco de ser incompreendido, chacoteado, caluniado, humilhado, maltratado. No entanto, vale a pena buscar esta graça. Vale a pena pedi-Ia a Deus e colaborar com toda a nossa vontade para que ela seja efetiva na nossa vida.

No meio do "Anti-tabu" do sexo, agressiva e desafiadoramente praticado nos dias de hoje como algo muito natural, a busca da vida pura é um desafio para jovens de têmpera. Os tolos e imaturos nem sequer o entendem. Aqueles, porém, que encaram a vida com a serena alegria dos que crêem em Deus abraçam o desafio com grande confiança de que a graça irá socorrê-los.

Falar de maneira genérica sobre a castidade nos levaria a todo um tratado sobre a vida santa, o que é muito além de nossas possibilidades e das desta revista. Como sabemos que o que mais questiona o jovem é a razão para a castidade com relação à vivência da sexualidade, é sobre ela que falaremos.

Baseando-se no texto de D. Rafael Cifuentes, vê-se que ele ressalta três pontos essenciais:

A pureza de vida é um mandamento evangélico.

Parece óbvio demais? Engano! Há educadores (desculpe, "educadores") que não mais entendem ou ensinam o sexto mandamento da lei de Deus. O "Não pecar contra a castidade" não faz parte de suas pregações ou é covardemente omitido. Conheço dezenas de casos de ensinos, pregações, aulas, debates, mesas redondas, onde o representante do pensamento cristão, de quem todos esperam respostas esclarecedoras e firmes, se perde em observações esquivas, omissões e relativismos. Com certeza, infelizmente, você conhece outras dezenas.

No entanto, a Palavra e a Doutrina continuam como antes. Não mudaram. Não mudou tampouco (ao contrário do que muitos meios de comunicação divulgaram) a visão da Igreja sobre o sexo pré-marital, a masturbação, o homossexualismo, o adultério, a fornicação, a luxúria. No Catecismo da Igreja Católica em língua francesa (sua língua original) estes conceitos continuam imutáveis. Pensando bem, quem se atreveria a mudar um mandamento da lei de Deus e, ao mesmo tempo, um mandamento evangélico ensidado por Jesus que diz: "bem-aventurados os puros porque verão a Deus?" (Mt 5,8).

Enganam-se os que pensam poder-se relativizar o que está bem claro tanto no Novo quanto no Antigo Testamento, tanto na Doutrina quanto na Tradição e Magistério da Igreja. O problema é que hoje tem gente que nem a isso dá importância.

Enganam-se, também, os que pensam que o casamento seria uma "'quebra" da castidade ou uma "concessão" feita quanto a este mandamento. Muito pelo contrário: a noção correta de castidade envolve o mandamento evangélico da pureza que deve, obrigatoriamente, estar presente tanto no matrimônio quanto no sacerdócio ou no celibato. O conceito evangélico de pureza ultrapassa o de estado de vida.

O segundo ponto ressalta que "o mandamento é muitas vezes recalcado devido à mentalidade de hoje".

De fato. Tem-se medo de pensar diferente, de ser diferente da imensa maioria das pessoas, sejam jovens ou adultos. Tem-se medo de testemunhar o que pensa Deus a este respeito, o que a Igreja ensina, o que todo nós, no fundo no fundo, temos desejo de viver, pois Deus nos criou para sermos santos. O medo e a covardia, sem falar na ingratidão, nos levam a calar, a sermos omissos, a preferirmos a mentalidade do mundo à vontade de Deus. Desta forma, "recalcamos" o mandamento evangélico da pureza, isto é, abafamo-lo, ignoramo-lo, tratamos de relativizá-lo para sermos mais "normais", mais bem aceitos. Corremos até o risco de achar que se fizermos isso vamos ter mais facilidade de nos aproximar dos jovens e levá-los a Jesus. Terrível engano! Como se pode levar alguém a Jesus deixando-o em seu pecado? O método de Jesus era bem diferente. Ele se aproximava amorosamente do pecador, mas não admitia seu pecado. Claro, não condenou jamais o pecador e, no entanto, nunca deixou de condenar o pecado abertamente e a ordenar com clareza: "Vai e não peque mais" . Quanto mais a gente conhece a beleza de alma que Deus deu ao jovem, mais a gente se convence que o que ele quer é Jesus. Jesus como Ele é: verdadeiro; radical quanto à perfeição de vida, mas extremamente misericordioso para com o pecador; absolutamente radical quando se trata de redimir ou retratar o pecado (veja-se Zaqueu), mas extremamente flexível quanto à regeneração do homem aviltado por seus pecados. Jovem quer Jesus. Um Jesus corajoso, radical, misericordioso, livre, como o jovem deseja ser.

O terceiro ponto é contundente: este recalque do mandamento, seja por medo e covardia, seja na ilusão do ser aceito para "evangelizar", "produz distúrbios espirituais e psíquicos".

Nada mais previsível. Se Deus criou o homem pua o amor a Ele, a seus irmãos e a si mesmo, tudo o que venha deturpar esta finalidade última de amor e santificação deforma o homem. A isto se dá o nome de pecado.

O recalque do princípio evangélico da pureza visto aqui principalmente como o princípio de castidade, traz enormes prejuízo espirituais, especialmente devido à intemperança e ao vício. E, veja, aqui não estamos falando somente de coisas "'fortes" como relações sexuais antes do matrimônio ou masturbação e homossexualismo masculino ou feminino. Estamos falando de toda uma caminhada de relacionamento também no namoro e no noivado, caso a vocação do jovem seja a do matrimônio. Estamos falando também dos pensamentos, das fantasias, dos filmes e revistas, dos programas de televisão (mesmo aqueles que parecem meros programas de variedades, mas contêm centenas de sentidos duplos em cada palavra dos apresentadores) das conversas; da maneira de vestir; do comportamento sensual ao andar, falar, sentar; das diversões;, da busca desenfreada de mais prazer, de mais emoções, de mais "coisas novas".

Tudo o que, no campo da sexualidade, for uma manipulação do meu irmão para o meu próprio prazer é contrário à castidade, seja fora, seja dentro do matrimônio, fora ou dentro do namoro, na amizade ou no relacionamento superficial. O que for uma manipulação do outro ou de mim mesmo (pois só sou manipulado, usado, se o permitir, exceto no caso do estupro) vai, obviamente, ser ultraje para a minha alma e para o meu psiquismo. Mais que isso, vai produzir distúrbios espirituais como o vício, a incontinência, a falta de auto-domínio, o afastamento de Deus e da Igreja, o afastamento da oração e da Eucaristia, o esfriamento da alma, a falta de temor a Deus, a relativização dos valores evangélicos, só para citar alguns.

No campo dos distúrbios psíquicos teremos a insegurança, a dependência emocional do outro, a dependência emocional de sensações, a culpa, o medo, o sentimento de ser sujo, de não servir mais para nada, entre muitos outros prejuízos, por vezes, irreversíveis.

Mas qual a vantagem de um jovem viver a castidade? Por que ser casto?

Perguntar isso de maneira genérica equivaleria a perguntar qual a vantagem de ser santo. No entanto, se a pergunta se refere especificamente à castidade quanto à sexualidade, dentre as inúmeras vantagens pode-se destacar duas: a fomentação do amor e a liberdade para discernir a própria vocação. É ainda D. Rafael Cifuentes quem nos ensina:

"O coração humano está destinado a amar. Só no amor ele encontra o seu alimento. Quando não se lhe dá amor, ele procura, esfomeado, o primeiro que encontra: a excitação sexual, a descarga hormonal que o levam a uma insatisfação afetiva e a uma frustração amorosa. O coração humano necessita de um amor à altura da sua dignidade. "

Bastaria esta última frase, não é verdade? O seu coração não necessita de um amor degradante, passional, quase animalesco. O seu coração humano necessita de um amor à altura de sua dignidade de filho de Deus. Este amor verdadeiro é o alimento do seu coração e é o único que o leva a Deus. A vivência de uma sexualidade deturpada, pelo contrário, afastam-no de Deus e deixam o seu coração cada vez mais inquieto e faminto em busca de ilusões que o farão cada vez mais fraco e escravizado. Tem razão a Palavra de Deus quando diz, em Jeremias: "Meu povo me abandonou a mim, fonte de água viva, para cavar para si cisternas, cisternas fendidas, que não retêm a água (Jer 2,13)

O seu coração pode descobrir, na vivência tranqüila e corajosa da castidade - seja você homem ou mulher o amor que corresponda ao preceito de "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Desta maneira, você está colocando todo o seu ser, seu espírito, suas forças, na vivência do amor autêntico e, nesta vivência, com toda a certeza, vai ter um ambiente mais propício para descobrir a sua vocação. E, entenda, seja ela celibato, sacerdócio ou matrimônio, seu coração estará muito melhor preparado para descobri-la se estiver livre por amor e para o amor, ainda que namorando, ainda que com inúmeros amigos, ainda que vivendo como o mais normal dos jovens cristãos.

Sendo casto, você fomenta o amor real em você, você se prepara para assumir a vontade de Deus em sua vida. Estas duas coisas são suficientes para garantir a "inteireza"' e a felicidade permanente, serena e madura de qualquer um. Feliz aquele que não se deixar iludir pelos inúmeros prazeres e ofertas do mundo e aceitar o desafio de trilhar a estrada do amor para um amor maior.

Como viver a castidade hoje

Encontro somente uma resposta: como Maria, tendo coragem e fazendo uma opção radical de vida por Jesus e inteiramente apoiada na graça.

A coragem de optar radicalmente por Jesus, como Maria. Na fé. A coragem sustentada pela convicção de que Jesus é a resposta e de que a Igreja fala por Ele, ainda que o mundo pense o contrário, ainda que meus colegas não me aceitem, ainda que o mundo inteiro espere outra coisa de mim.

A coragem de apoiar-se inteiramente na graça de Deus e de abandonar-se com toda a confiança em Deus, sabendo que, ainda que você sofra, d'Ele vem a recompensa, pois Ele é um Deus fiel e sustentará você constantemente.

Viver a castidade hoje exige coragem e determinação. Exige convicção para vestir-se, comportar-se e pensar diferente de todo o mundo. Exige a determinação de ser fiel à vontade de Deus.

Isto, porém, não depende somente de você. A fonte desta coragem e determinação é a graça de Deus. Somente um encontro pessoal com Jesus ressuscitado vai dar a você a coragem e determinação que você não encontra em si mesmo. Somente uma graça especial deste mesmo Jesus levará você a fazer d'Ele o Senhor de sua vida, entregando-se sem medidas e cumprindo a vontade de Deus não por voluntarismo e muito menos por moralismo, mas por amor. Amor a quem amou você primeiro, amor a quem o sustenta e conduz, amor Àquele que transformou sua vida. Um jovem que conhece e ama Jesus assim vive a castidade e as outras virtudes apoiado na graça e encontra n'Ele a coragem de ser luz na escuridão. Aquele que não encontrou Jesus, porém, vai achar tudo muito bonito e vai fazer uma força enorme para viver tudo isso, mas, infelizmente, sozinho ele não conseguirá. Precisará da graça, da força da oração, do poder da Palavra, da graça poderosa da reconciliação e Eucaristia.

Maria contou com a graça de Deus como ninguém. Disse seu "sim" incondicional e foi fiel. Viveu de maneira diferente de todas as pessoas de todos os séculos, enquanto durar a humanidade, pois nela refletia-se de maneira singular o próprio Deus. Ser diferente não a abalava. Era uma mulher de fé. Especialmente, era uma mulher que sabia amar, que viveu plenamente sua sexualidade feminina e a maternidade que dela decorre na pureza, na castidade, na fidelidade e obediência a Deus. Quem, de fato, crê, não tem medo de ser diferente. Pelo contrário, sem agressões e vivendo com toda a simplicidade a graça de Deus, é diferente pelo mero fato de ter-se entregue a Ele. Da mesma forma, para quem ama de verdade, ser aceito ou não pelo mundo tem muito pouca, mas muito pouca importância mesmo. Importa Aquele a quem ama e para quem vive e aqueles para quem Ele ama e vive.

Deixo você com esta reflexão de D. 'Rafael sobre o poder da graça e da virtude da castidade sobre o amor humano:

"O amor humano, que vem da natureza, e o divino, que provém da graça, entrelaçam-se e complementam-se: a graça fortifica, eleva, sublima a natureza. É um privilégio único do ser humano que a vida sexual, que deriva da natureza, esteja impregnada pelo amor de Deus que deriva da graça. Dito de maneira mais clara, a energia sexual, a libido, é banhada, é tonificada pelo amor de Deus. O amor de Deus eleva de tal modo o instinto sexual que muda profundamente a sua contextura. Assim, é possível viver de modo estável e gostoso a virtude da castidade".

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Comunidade Shalom

Namoro. Eu... Você... De repente, nós


Se existe algo que mexe como coração de um jovem que começa a descobrir a sua afetividade e a sua sexualidade, é o desejo de namorar. Cantada em verso e prosa, esta fase da vida faz parte do desenvolvimento humano e do plano de Deus para nos fazer crescer e amadurecer no relacionamento, sendo também um caminho (embora não o único, nem o maior) de exercitar a capacidade de amar.

Entretanto, para um jovem cristão, muitas interrogações se levantam: Por que namorar? Quando namorar? Como ter um namoro cristão?

Porque namorar?

Em primeiro lugar, é importante saber que o desejo de relacionar-se com o sexo oposto é algo natural e implica na forma como Deus nos criou.

A partir de um certo momento do desenvolvimento humano, sente-se a necessidade e a sadia curiosidade de relacionar-se com o sexo oposto, de descobrir parte da riqueza, da diversidade da obra criativa de Deus, uma outra pessoa que não é igual a mim, mas que em muitos pontos chega a me complementar. Neste ponto, o relacionamento com pessoas do outro sexo é enriquecedor e fonte de formação e edificação do meu crescimento como pessoa.

Entretanto, o que é belo e edificante pode-se transformar em situações que nem sempre nos edificarão ou contribuirão para o nosso crescimento. Devemos levar em conta que estamos vivendo em meio a uma sociedade hedonista, marcada pela sensualidade. A partir dos meios de comunicação, as próprias crianças, adolescentes e jovens vão sendo manipulados nos seus afetos e instintos para que, de maneira precoce e deformada, vejam na pessoa do outro sexo um objeto de prazer genitalista ou um meio de satisfação de suas carências afetivas.

Isto é fruto do pecado que marcou as faculdades do nosso ser e também das feridas de família, onde a fé e o desenvolvimento dos valores cristãos foram abandonados e a unidade e indissolubilidade do matrimônio e da família, na vivência do amor, são negligenciadas ou até atingidas de maneira irremediável, produzindo no meio de nós gerações marcadas pela dor, insegurança, desvios afetivos, psicológicos e sociais.

Por estes e muitos outros fatores, quando o (a) adolescente vai atingindo sua puberdade (e muitas vezes ainda como criança), a sociedade e, em muitos casos, a própria família, começam a exigir que este (a) jovem "arranje" seu namorado (a) para provar sua masculinidade ou feminilidade.

É preciso que entendamos que o processo natural e salutar de conhecimento do sexo oposto como pessoa não implica necessariamente em um relacionamento de namoro, quando, pelo contrário, a amizade é o passo fundamental e sadio aonde, pelo diálogo e a convivência, vamos podendo construir mutuamente a nossa personalidade de maneira sadia e equilibrada. Muitos jovens cristãos, como muitos que encontramos, se perguntam: Qual é a hora de iniciarmos o namoro?

Em primeiro lugar, é necessário que alguns tabus possam ser quebrados. Isto não significa que todas as pessoas tenham que namorar. Precisamos nos lembrar neste momento das Palavras de Jesus que dizem: "Há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Quem tiver capa¬cidade para compreender que compreenda." (Mt 19,2)



Devemos nos lembrar que há muitos são chamados para a virgindade como uma oblação espiritual e um serviço à Igreja e aos homens, e nisto encontram sua plena realização. Alguns, muito cedo podem descobrir este chamado no seu interior e, apesar de como pessoa experimentarem a complementariedade do sexo oposto na convivência comum e fraterna, não viverão esta complementariedade no plano da afetividade-genitalidade, próprio dos que são chama¬dos ao Sacramento do Matrimônio.

Alguns passam por relacionamentos de namoro antes de descobrir este sublime chamado, outros não precisam passar por esta etapa, pois a vocação já se faz manifesta no seu interior de maneira definida.

Para isso é necessário que o jovem cristão tenha sempre no seu interior este questionamento: - Qual é a vocação que Deus me chama a viver? – e uma reta e séria motivação de respondê-la. Sabemos que isso, para muitos, se constitui em um longo processo, onde graças a Deus vai iluminado, tirando a cegueira e apontando onde encontrar e aderir à sua vontade, pois aí está a felicidade.

Entrando no processo de namoro propriamente dito, falando para os jovens que acompanhamos, procuramos orientá-lo em algumas etapas para este discernimento:

A amizade

A amizade entre sexos opostos é benéfica e edificante. A amizade se constitui em uma identificação que, se baseada em Cristo Jesus e nos valores do Evangelho, caracterizando-se pela doação de si e respeito mútuo, muito contribuirá para o nosso amadurecimento e crescimento. Atenção, nem toda amizade precisa desembocar em um namoro. Pelo contrário, é perigoso confundir as coisas.

Às vezes a pessoa atrai fisicamente e afetivamente, mas isto não significa que seja da vontade de Deus e edificante para os dois um relacionamento mais profundo pelo namoro. Podemos acabar uma bela amizade se precipitarmos as coisas. É compreensível também que em um relacionamento entre um rapaz e uma moça que são atraentes, possam aparecer desejos e aspirações mais superficiais que, de uma maneira geral, pode jogar esses jovens em um relacionamento sem maiores bases. Ora, o aparecimento destes sentimentos só atestam a normalidade da afetividade e sexualidade de ambos e não deve ser ele, principalmente nos primeiros momentos, o ponto de discernimento de um compromisso de namoro.

Para evitar namoros precipitados (baseados só na atração física, carências ou sentimentos efêmeros), que fazem alguns mudarem de namoro como se troca de roupa e que, em vez de gerar crescimento, pode gerar tantas feridas, dores e marcas na pessoa e nos futuros relacionamentos, é preciso que se tenhamos um relacionamento de amizade. O momento é de aprofundar o conhecimento do outro e procurar ir à luz da oração e da convivência buscando alguns pontos de discernimentos.

Pontos de discernimento no plano psicológico:

Enquadramos aqui alguns pontos na maturidade humana e na identificação dos projetos e planos de vida, inclinações, aspirações, gostos, formação e educação que cada um teve e que não podem ser ignoradas, sob o risco de serem fonte de profundos desgastes e verdadeiros furos que farão naufragar o relacionamento. Não se trata de que o outro seja igual a mim, mas que se nestes pontos podemos nos completar, aceitar e nos construir mutuamente, e se há maturidade em ambos para isto.

Pontos de discernimento no plano espiritual:

Se queremos nos relacionar em Deus e com Deus, este plano não pode ser esquecido. É necessário, na convivência, perceber as aspirações espirituais e se o outro está disposto a colocar Deus como o centro de um relacionamento, para que o relacionamento não seja nada de egoísta, para a "minha", ou "nossa" satisfação, mas para que ele, apoiado na Graça de Deus, seja voltado para Jesus, seguindo os Seus ensinamentos de renúncia, pureza e abertura. Conhecer a espiritualidade do outro, suas aspirações de conduta moral e de compromisso com a Igreja é fundamental para evitar conflitos futuros, ou namoros onde Deus e sua Palavra estejam ausentes.

Pontos para discernimento no plano afetivo:

A afeição em um relacionamento afetivo é o primeiro passo, mas com certeza não se constitui em sinal de presença real de uma semente de amor. Se o que me faz afeiçoar-me ao outro é só sua aparência física, isto tem sua importância, mas não é tudo.

As aparências passam e o coração, mentalidade e forma de ser permanecem. É preciso descobrir se o sentimento que me move tem a maturidade de ENXERGAR e ACEITAR os limites, defeitos e fragilidades do outro. Pondo na balança o que pesa mais, é o que nos une ou o que nos divide? Neste momento, um certo realismo é salutar, para que a paixão não cegue, e evitemos dar um passo que depois vai nos ferir e ferir ao outro.

Também convém ter a sensibilidade para perceber se eu ou o outro estamos buscando um relacionamento para "minha" satisfação, fechado sobre nós mesmos e a nossa "fantasia romântica" ou se o relacionamento, mesmo com o tempero de romance, é voltado para Deus, para o outro e para as outras pessoas, numa perspectiva de abertura.

Permeando todas estas considerações e orientações, devemos encontrar a oração. É através dela, que a graça de Deus vai purificar as nossas motivações, iluminar a nossa cegueira, fazer-nos entender o que só humanamente não nos é possível, e perceber os reais sinais do Espírito que nos move ou nos detém para um relacionamento que, se quer ser cristão, deve buscar, em todos os sentidos, a maior glória de Deus.

A ajuda de uma pessoa mais amadurecida e vivida no campo espiritual e humano se constitui em ajuda indispensável para chegarmos a um discernimento claro e uma decisão conjunta e madura em nos comprometer em um relacionamento de namoro.

O namoro

Uma vez sedimentado no nosso interior o processo de discernimento (que exige tempo, pois não se resume a dias ou poucas semanas, mas a alguns meses de convivência e oração) e chegando a um discernimento positivo em relação ao namoro, alguns pontos não podem ser esquecidos:

A amizade

O namoro é, antes de tudo, uma amizade que se aprofunda e sedimenta uma caminhada a dois. É essencial que o tempo que os namorados passam juntos seja animado pelo diálogo e a abertura do seu ser que se deixa conhecer e revelar. Muitos namorados não sabem conversar e fogem em carícias, desagradáveis a Deus e destruidoras do relacionamento. O esforço do diálogo, conversar assuntos que unem e saber também conversar as divergências; revelar-se para o outro através da arte do diálogo é fonte de relacionamentos saudáveis e maduros.

A oração

A presença de Jesus dentro de um namoro cristão não pode ser decorativa ou em plano inferior. Ele tem que ser o primeiro para dar fertilidade ao relacionamento. Por isto, é necessário dar tempo e espaço para a oração, partilhar de experiências da vida espiritual, de leitura espiritual. É importante que se saiba que se tem a responsabilidade de levar o outro para Deus e para a Igreja, e não ser um obstáculo para a comunhão com Deus e o serviço na Igreja. A oração e os sacramentos serão também a fonte da graça para permanecer sob as orientações da Palavra e da Igreja, e nos capacitará a crescer na escola do verdadeiro amor, que é aquele que ama apesar dos defeitos e limites do outro.

A abertura

Os namorados cristãos não podem estar somente voltados para si mesmos, como se só o outro existisse, ou que este relacionamento, se não for o único, torne os outros opacos e insignificantes.

Os namorados cristãos sabem fugir do risco da dependência, que sempre é sinal de carência e não de verdadeiro amor, e se aplicam na abertura, amizade e dedicação aos outros (amigos, família), que também são fontes de complemento para a nossa vida, e esta abertura toma-se fonte de enriquecimento do próprio namoro.

Os carinhos

Especial cuidado devemos ter neste campo, pois, muitas vezes, mesmo em namoros cristãos, constatamos cenas de carícias que levam a estados de profunda excitação emocional e orgânica que, seguindo o modelo do mundo considera-se normal, quando na verdade estes atos são apropriados para a preparação do ato conjugal dentro do matrimônio.

O não se deter no físico, e o traçar limites bem definidos e claros para os dois, buscando a pureza e evitando o puritanismo, é ponto básico e que muito necessita da graça para não se deixar levar pelas "facilidades" mútuas, que o sensualismo deste mundo e a concupiscência da carne plantaram em nós.

Nós precisamos construir um Mundo Novo, baseado na Boa Nova de Jesus e da Sua Igreja. Entretanto, não haverá Mundo Novo se não houver Famílias Novas. Não haverá Famílias Novas se não houver Namoros Novos, baseados na graça e no poder do Espírito.

Se meditarmos nestas orientações, sentiremos que são superiores à nossa capacidade. Lembre-se de que “o Verbo se fez carne”, por isto a graça penetrou em todas as realidades da vida humana, e Pentecostes é a certeza de que o Espírito nos capacita a dar nosso sim integral a Deus.

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Comunidade Shalom

Identidade Masculina

Nunca se falou tanto em direitos humanos e dignidade da pessoa quanto nos tempos atuais. Porém, contrário a estes discursos, o cotidiano mostra, cada vez mais, o aumento do número de casos de crimes e violência de cunho sexual. É uma falsa ideia de liberdade que prega o uso do corpo para alcançar prazer, pois, na prática, os resultados têm se mostrado libertinagem e prejuízo próprio. As consequências de tudo isso são, em sua grande maioria, sentidas pelos mais fracos e indefesos, mulheres e crianças. Assim, fica óbvio atribuir ao ser masculino não só a autoria dos crimes, mas um desvio no comportamento dos homens desta geração.
Então, podemos nos perguntar: "O que está acontecendo com o homem – ser masculino? Porque tantos episódios de uso da força e autoridade para estupros e pedofilia? E ainda, porque vemos tantas esposas frustradas com o marido, e filhos com o pai?"
Para responder a tudo isso é preciso recorrer à essência do homem. O Beato João Paulo II disse, num de seus discursos, que “o mistério da masculinidade se revela em toda a profundidade no significado gerador e paterno”. Ou seja, a primeira e mais profunda vocação do homem é ser Pai. Seguindo nesta descoberta, encontraremos o sentido completo e a forma ideal de desenvolver a paternidade. Frei Raniero Cantalamessa, pregador oficial do Vaticano, comparou o amor de Deus ao amor humano de pai e mãe, distintamente. Dizia ele: “O amor paterno é feito de estímulo e solicitude; o pai quer o filho crescido e levado à plena maturidade”.
A paternidade é feita pela solicitude e pelo estímulo. O homem é aquele que ensina a realizar, trabalhar e, enquanto não vê seu aprendiz chegar à maturidade, ele se faz seu provedor. A realização pessoal masculina está em transformar os elementos do cosmos para si, para a família e para a sociedade. No início, Deus manda que o homem extraia sustento da natureza (Gn 3, 17).
Desde a época das cavernas, foi assim; então, o cérebro dos homens tem sido condicionado a desenvolver diferentes percepções à da mulher. O homem saía para caçar, o que lhe trouxe maiores aptidões em áreas específicas para cumprir esse seu ofício, como um maior senso de direção (localização, orientação, posicionamento), também de foco em um alvo (a presa), o que o tornou mais sensitivo aos apelos visuais, ainda, agilidade e força física.
Também o homem é mais inclinado ao ato sexual por uma razão biologicamente fácil de entender. Ele possui a semente (sêmen), então, a excitação nele diz respeito ao tempo para distribuir as sementes, diferente do organismo feminino que gera e amamenta. Então, buscando desde a troca de olhares, indícios de segurança e companheirismo para o tempo suficiente de criar os filhos, isso fez a mulher levar mais tempo para se convencer do sexo.
Essa erotização e insistente incidência de estímulos sexuais, quase em todos os ambientes em que estamos, podem acabar tirando todo ser humano do domínio de si, de suas forças vitais e, consequentemente, alterando o comportamento social, pois o dom da sexualidade não diz somente respeito aos órgãos genitais, mas de todos os aspectos da pessoa humana, inclusive em sua capacidade de criar vínculos afetivos, até mesmo em amizades (Catecismo da Igreja Católica, 2332).
Por isso, com a revolução sexual e massificação do sexo, o alvo mais suscetível foi o ser mais visual e propenso ao ato em si: o homem. “Quando um homem olha, repetidamente, para uma pornografia, ele encontra dificuldade em se relacionar com mulheres na vida real, pois se acostuma a ver as mulheres como 'objetos a serem usados'. O prazer acintoso toma o lugar do amor e a fantasia substitui a realidade” (O brilho da castidade, Prof. Felipe Aquino, Ed. Cleofas, pág 77).
Sendo tão subjugado por suas paixões, o ser masculino tende a esvaziar de suas capacidades o sentido e a forma plena de canalizar sua essência. Sua força agora será usada para satisfazê-lo, sua autoridade para impor. O vigor próprio do homem, sem estar direcionado para sua finalidade paterna, esvai-se, tornando o homem um indivíduo de mentalidade fraca, sem firmeza e decisão, com medo da vida e suas exigências.
Aprender e assumir ser "chefe de família" corresponde, antes de tudo, a uma responsabilidade e um serviço perante a mulher e os menores na sociedade. Mas, não raro, percebemos muitas famílias que carecem de presença e bom exemplo por parte do pai, tornando esposas acuadas e filhos revoltados. Ou, então, em casos cada vez mais crescentes, estupros e abusos de menores. Quem deveria proteger está sendo treinado a agredir pela indiferença verbal ou fisica. É a animalização do ser masculino. O feminismo também ajuda este processo, quando, declaradamente, toma o lugar do homem na sociedade ou, quando velado, inverte, sorrateiramente, os papéis de homens e mulheres, até fabricando o homem de hoje como um sujeito vaidoso em excesso.
É certo também que as mulheres, quando apelam para a sensualidade, ajudam que todo o nosso sentido visual desperte instintos primitivos. Mas não precisamos permanecer olhando. Homem, fuja do que lhe é tentador. Não estou buscando culpados, apenas alertando-os dos perigos. Algumas mulheres podem estar contribuindo, mas não são as culpadas. Enquanto não mudarmos o nosso foco e nos inspirarmos na castidade e na pureza da Sagrada Família, nada disto irá mudar. Para todos nós, seres humanos, - falando principalmente aos homens -, começando por aquilo que é visual e com o conteúdo que estamos absorvendo, devemos nos preencher de sentido existencial por meio dos exemplos dos santos e de Cristo Jesus.
Partindo da consciência do que precisamos ser: pais, estimuladores, provedores, presenças, companheiros, castos é que conseguiremos introduzir algo bom no lugar daquilo que é ruim, trocar a violência pelo amor mudando toda uma mentalidade e a sociedade para melhor. Acredito que o olhar puro de um homem é objeto de cura e restauração a muitas mulheres que nunca tiveram isso e é o que nossas crianças esperam de nós.

São José, valei-nos e rogai por nós!

Sandro Ap. Arquejada

blog.cancaonova.com/sandro



sexta-feira, 17 de agosto de 2012

22 - Nova Ordem Mundial by Padre Paulo Ricardo

22 - Nova Ordem Mundial by Padre Paulo Ricardo

A Face oculta da ONU - Entrevista de Michel Schooyans



Ao Il Mattino della Domenica - Lugano, 24 de junho de 2001

Por Luca Fiore

1. Durante o Congresso sobre Globalização, Economia e Família, realizado em Roma de 27 a 30 de novembro de 2000 pelo Pontifício Conselho para a Família, o senhor expôs a concepção da globalização segundo a ONU. Essa concepção é também longamente analisada no seu mais recente livro, A Face oculta da ONU, publicado pela editora Sarment/Fayard, Paris, 2001. Para o senhor, essa concepção tende a considerar que o meio ambiente tem mais valor do que a pessoa. Do que se trata? Qual é a sua preocupação?

Globalização, Mundialização: dois termos que entraram para a linguagem cotidiana; dois conceitos que se tornaram objeto de debates e discussões envolvendo o futuro da sociedade mundial. Esses termos significam antes de mais nada, que as sociedades humanas tornaram-se interdependentes: por exemplo, uma desvalorização do yen japonês repercute em toda a economia mundial. Isso significa também que as sociedades mundiais estão integradas: as viagens e a mídia ensinam os homens a se conhecer melhor; a informação científica é amplamente divulgada e discutida em fóruns virtuais abertos 24 horas por dia. Em princípio, devemos evidentemente nos alegrar com essa evolução e é claro que ela demanda novos instrumentos de condução das relações internacionais.

Tradicionalmente essas relações internacionais se organizam a partir de dois modelos. De um lado, um modelo encarnado hoje pelos EUA. O globalismo é aí concebido a partir do projeto hegemônico da nação dominante, cujo objetivo é impor uma organização do mundo de inspiração néoliberal. Esse projeto tem de início uma forte conotação econômica: seu objetivo é a globalização do mercado; mas comporta também, evidentemente, uma vontade de gerir politicamente o mundo. Não pode ser realizado senão com a conivência das nações ricas. O outro modelo é herdeiro do internacionalismo socialista e, se insiste sobre as necessárias reformas econômicas, coloca em primeiro plano um objetivo político: limitar a soberania dos estados e submetê-los ao controle de um poder político mundial. O método para atingir esse fim não é mais revolucionário; no espírito de Gramsci, é reformista.

Quando fala em globalização, a ONU incorpora os significados dessa palavra tais como viemos de recordar. Mas aproveita-se da imagem positiva associada ao termo para imprimir-lhe novo significado. A globalização é interpretada à luz de uma nova visão de mundo e do lugar do homem no mundo. Essa visão "holística" considera que o mundo constitui um todo dotado de maior realidade e valor do que as partes que o compõem. Nesse todo, o surgimento do homem não é senão um avatar da evolução da matéria.

2. 0 senhor igualmente manifestou sérias reservas quanto à Carta da Terra, um documento da ONU em preparação, a ser publicado próximamente. 0 senhor até afirma que nele encontramos a influência da New Age. Quais as ligações entre a New Age e esse texto?

Trata-se de um projeto de documento no qual um dos redatores não é outro senão o próprio senhor Mikhail Gorbatchev. O que frisa esse documento? Sendo apenas o produto de uma evolução material, o homem deve curvar-se aos imperativos de meio-ambiente, da Natureza, da ecologia. A influência do filósofo Thomas S. Khun, um dos grandes inspiradores da New Age, é aqui evidente e confirmada nos livros de Marilyn Ferguson sobre essa mesma corrente. O homem deve aceitar não ser mais o centro do mundo. Segundo essa leitura da natureza e do homem, a "lei natural", não é mais aquela que está inscrita na inteligência e no coração do homem; é a lei implacável e violenta que a natureza impõe ao homem. Os ecologistas tisnados de New Age até apresentam o homem como predador. E como todas as populações de predadores, afirma-se que a população humana deve ser contida, limitada imperativamente, dentro dos limites do desenvolvimento sustentável.

3. Qual a relação entre essa Carta da Terra e a Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948?

A Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, inclina-se diante de uma verdade que se impõe para todos. Reconhece que todos os homens tem direito à vida; que nascem livres e iguais em dignidade; que são livres para se associarem, para se atribuírem um regime político de sua livre escolha, de se organizarem em sindicatos, de criarem uma família, aderirem a uma religião, etc. Todos os homens têm o direito de participar da vida política e da vida econômica, pois todos têm alguma coisa de único a oferecer aos outros homens. Todos os totalitarismos do século XX nasceram do desprezo a esses direitos inalienáveis. Promover esses direitos por todo o mundo é barrar o caminho aos sistemas que reduzem o homem a não ser senão uma engrenagem do estado, um instrumento do Partido, um espécime de determinada raça. A grande originalidade dessa Declaração é conceber como fundamento das novas relações internacionais o reconhecimento, por todas Nações, dos direitos fundamentais de todos os homens.

A Carta da Terra abandona e mesmo combate o antropocentrismo judeo-cristão e romano, reforçado pelo Renascimento, e que foi levado a seu ponto de maior incandescência na Declaração de 1948. Ao documento caberia não somente superar a Declaração Universal, mas, para alguns, deveria mesmo suplantar o próprio Decálogo, modéstia à parte!

4. O senhor chegou a falar do projeto da ONU de instaurar progressivamente um "super-governo mundial" que suplantará os corpos intermediários, as nações, e imporá um pensamento único, através do controle da informação, da saúde, do comércio, da política e do direito. Não seria essa uma imagem do futuro muito à la George Orwell?

A argumentação ecológica desenvolvida na Carta da Terra, é na realidade um artifício ideológico para camuflar algo mais grave: entramos em uma nova revolução cultural. De fato, a ONU está em vias de formular uma nova concepção do direito. Essa concepção é mais anglo-saxã do que latina. As verdades fundadoras da ONU, referentes à centralidade do homem no mundo, são pouco a pouco desativadas. Segundo essa concepção, nenhuma verdade sobre o homem impõe-se a todos os homens: a cada um sua opinião. Os direitos do homem não são mais reconhecidos como verdades; são objeto de procedimentos, de decisões consensuais. Negociamos e ao termo de um procedimento pragmático, decidimos, por exemplo, que o respeito à vida se impõe em certos casos mas não em outros, que determinada manipulação genética justifica o sacrifício de embriões, que a eutanásia deve ser liberalizada, que as uniões homossexuais têm o mesmo direito que a família, etc. Daí nascem os assim chamados "novos direitos do homem", sempre renegociáveis ao sabor dos interesses daqueles que podem fazer prevalecer sua vontade.

Para tornar palatáveis esse "novos direitos" e sobretudo a concepção do direito que lhes é subjacente, dois eixos de ação devem ser privilegiados. É preciso inicialmente enfraquecer as nações soberanas, pois são geralmente as primeiras a proteger os direitos inalienáveis de seus cidadãos. Em seguida, nas assembléias internacionais, é preciso obter-se o maior consenso possível, recorrendo se preciso à corrupção, à chantagem ou à ameaça. Uma vez alcançado, o consenso pode ser invocado para fazer adotar convenções internacionais que adquirem força de lei nos estados que as ratificaram. Esse tipo de globalização, sustentado por uma concepção puramente positivista do direito, justifica as mais intensas apreensões.
5. O título de seu último livro é A Face oculta da ONU: que face é essa, e quem é que se esconde por detrás?

Em dossiês tão complexos quanto o da globalização segundo a ONU, a falta de transparência torna evidentemente difícil a prova direta e a demonstração matemática. A experiência recente, em França, das malversações e demais irregularidades confirma que nenhuma organização dispõe-se a reconhecer que está corroída pela ação de confrarias, pela presença em seu interior de "fraternidades" e de "redes". Contudo, tais realidades existem sem sombra de dúvida. Nós as conhecemos não somente por suas ações, mas também pelo que alguns de seus membros dizem a seu respeito publicamente, por exemplo na televisão. Evidentemente, sempre há pessoas prontas a negar fervorosamente as evidências, incluso quando nem sequer sabem onde encontrar os dossiês. Mas será preciso esperar que os membros da DGSE francesa (Direção Geral de Segurança Exterior) desfilem com uma braçadeira para saber que a DGSE existe?

Na realidade, a ideologia onusiana da globalização está plasmada em referências livre-exaministas, agnósticas, utilitaristas e hedonistas. Se analisarmos pacientemente as recente reuniões da ONU sobre questões tão diversas como saúde, população, meio-ambiente, habitat, economia mundial, informação, educação - para citar apenas esses exemplos, percebemos uma notável comunidade de inspiração e uma igualmente notável convergência de objetivos. É claro que sob instigação das nações soberanas que são seus membros, a ONU deveria proceder à uma auditoria interna, sem o que dará cada vez mais a impressão de estar sob influência de uma máfia tecnocrática. Tenho sobre outros a vantagem de chegar à essa conclusão após vários anos de pesquisa. Porém, se me perguntar se vi com meus próprios olhos a "mão invisível", devo lhe responder que ví somente sua sombra. Mas no caso, isso é suficiente.

http://perso.infonie.be/le.feu/ms/dpsom/psompr.htm



quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sofrer, amar, reparar - Beata Alexandrina de Balazar



A meio caminho entre o Porto e Braga, situa-se o povoado de Balazar, típico exemplar das encantadoras aldeias portuguesas, com casas de pedras rústicas, rodeada de vinhedos, trigais, figueiras e oliveiras.

O pequeno lugarejo não contava 2 mil habitantes em 1953, quando começou a receber milhares de visitantes por dia. Por exemplo, 6 mil a 10 de maio. O que atraía para lá essas multidões? - O brilho da santidade, refletido na vida de uma virgem heróica, prostrada há mais de 30 anos num leito de dor.

Infância iluminada pela Eucaristia

Ali veio ao mundo Alexandrina Maria da Costa, no dia 30 de março de 1904. Filha de camponeses devotos e laboriosos, ficou órfã de pai pouco após seu nascimento. Era uma menina muito alegre, atraente e vivaz. Mas nunca deixava levar-se por sua jovialidade e espontaneidade a ponto de prejudicar sua precoce vida espiritual.

Desde seus primeiros anos, fascinava-se com as procissões religiosas cheias de colorido, que percorriam a aldeia em dias de festa. Quando fez sua Primeira Comunhão, aos sete anos, já tinha adquirido um profundo amor à Eucaristia, visitando o Santíssimo Sacramento com inabitual freqüência e fazendo comunhões espirituais nas ocasiões em que não lhe era possível assistir à Missa.

Devido à difícil situação da família, viu-se obrigada, aos nove anos, a trocar os bancos escolares pelo trabalho no campo. Após três anos de serviço, um camponês de coração depravado quis atentar contra a castidade dessa frágil menina. Não teve êxito em seu intento, pois, segurando o Rosário em sua mão, foi ela dotada pelo Senhor de uma força inexplicável. Depois deste incidente, retornou Alexandrina para a casa materna. Nesse ano, 1916, adoeceu gravemente e recebeu a Unção dos Enfermos. Sua mãe dava-lhe o crucifixo a beijar, mas a jovenzinha movia a cabeça, murmurando: "Não é este que quero, mas sim Jesus na Eucaristia".

Não se recuperou inteiramente. Em precário estado de saúde, dedicou-se à costura, junto com sua irmã mais velha, Deolinda.

Castidade heróica
Essa tranqüila vida de trabalho em família foi interrompida de forma brutal em 1918, quando ela tinha 14 anos. Estava no andar superior da casa em companhia de Deolinda e outra jovem. Três homens aproximaram-se, exigindo com ameaças que os deixassem entrar. Assomando-se à janela, Alexandrina reconheceu um deles como aquele que havia tentado ultrajá-la anos atrás. Rapidamente, fechou a porta. Mas eles conseguiram entrar por uma portinhola. Deolinda e a outra jovem puderam escapar, porém Alexandrina ficou cercada por aquele bandido num canto do quarto. Ela gritava: "Jesus, ajudai-me!", ao mesmo tempo que o açoitava com o Rosário.

Atrás dela havia uma janela. Era sua única saída! Sem hesitar, lançou-se para baixo, preferindo arriscar a vida em defesa de sua virgindade. O golpe foi muito duro. Sentindo uma dor agudíssima que lhe fazia ranger os dentes, agarrou-se a um pedaço de madeira e arrastou-se para dentro da casa. Sua coluna ficou irreparavelmente prejudicada.

Os melhores médicos especialistas do Porto nada puderam fazer para evitar a trágica conseqüência da queda: após 5 anos de dores que aumentavam sem cessar, a heróica virgem viu-se, ainda na flor da juventude, condenada à paraplegia pelo resto de sua vida.

Descoberta de uma sublime vocação

Insondáveis e maravilhosos são os caminhos traçados pela Divina Providência para cada alma! No leito de dor a que estava reduzida, Alexandrina começou a pedir uma maior união com Jesus. E não tardou a surgir-lhe na alma a idéia de que sua vocação era a de aceitar amorosamente os sofrimentos.

À sua aldeia começaram a chegar notícias das aparições de Nossa Senhora em Fátima. A Santíssima Virgem - narravam-lhe - vinha pedir sacrifícios pela conversão dos pecadores e em reparação pelas ofensas cometidas contra o Imaculado Coração de Maria e seu Filho Divino. Certo dia, quase toda a população da pequena aldeia partiu para Fátima. Sozinha em casa, Alexandrina fechou os olhos e começou a orar, oferecendo a Jesus, nessas intenções, o sacrifício do abandono e da desolação.
Estando nessa oração, seus pensamentos e desejos voavam para o Santíssimo Sacramento, presente na igreja de Santa Eulália, a poucos passos de seu aposento. Estaria Ele, lá, abandonado como ela? Inesperadamente, teve uma iluminação da graça em sua alma: "Pude entender que Nosso Senhor também se encontrava prisioneiro no tabernáculo", declarou.A descoberta deste vínculo com Jesus Hóstia constituiu para ela um convite para ir visitá-Lo em espírito e permanecer constantemente em sua presença, adorando-O e amando-O sem interrupção, orando, oferecendo-se como vítima expiatória para consolar seu Sagrado Coração e obter a conversão dos pecadores.
Uma alta missão: sofrer, amar, reparar
Não pôde ir à Cova da Iria visitar a singela capelinha erguida no local onde aparecera a Mãe de Deus. Mas tornou-se uma das primeiras e mais ardorosas discípulas da Virgem de Fátima. Sumamente comovida, Alexandrina suplicava a Nosso Senhor que lhe permitisse sofrer até o limite de suas forças, para livrar do fogo do inferno os pecadores.
Não se fez tardar a aceitação dessa generosa súplica: suas dores começaram a agravar-se até ficarem quase insuportáveis. Noite após noite, permanecia ela desperta e com febre muito alta. Sempre com o Rosário nas mãos, repetia entre soluços a jaculatória ensinada por Nossa Senhora de Fátima aos pastorinhos: "Ó Jesus, é por amor a Vós, pela conversão dos pecadores e em reparação às ofensas ao Imaculado Coração de Maria!"
Na sagrada Eucaristia, que o Pároco de Balazar levava-lhe diariamente, obtinha ela novas forças para oferecer mais sofrimentos. Em 1931, começou a ser beneficiada por fenômenos místicos e definiu em três palavras sua missão: "Sofrer, amar, reparar". Segundo seus próprios relatos, ela teve, sob a forma de êxtases, mais de mil contatos com o Divino Redentor, normalmente às sextas-feiras ou nos primeiros sábados.
"Ajuda-me na redenção do gênero humano"

No dia 6 de setembro de 1934, Jesus falou com Alexandrina pela primeira vez, convidando-a a participar de sua Paixão. Ela nunca pôde esquecer esse dia em que sofreu sua "primeira crucifixão" e emitiu o voto de fazer sempre o que fosse mais perfeito. No mês seguinte, o Divino Redentor fez-lhe um convite para ser vítima expiatória: "Ajuda-me na redenção do gênero humano".

No dia 3 de outubro de 1938, Nosso Senhor convidou-a a submergir-se em sua Paixão: "Vê, minha filha, o Calvário está pronto, aceitas?" Alexandrina acedeu generosamente. As pessoas presentes sustinham a respiração enquanto ela entrava em êxtase e, recobrando momentaneamente o uso de seus membros paralisados, empreendia os movimentos da Paixão, desde a Agonia no Horto das Oliveiras até a morte no Calvário. "Tudo parecia estar presente diante de mim. Eu sentia o medo e o horror dessas horas amargas, a ansiedade de meu diretor espiritual a meu lado e as lágrimas de minha família aterrorizada", escreveu ela.

Esse fenômeno místico repetiu-se desde então todas as sextas-feiras, até 20 de março de 1942. O Pe. Umberto Pascoale - sacerdote salesiano, seu diretor espiritual e principal biógrafo - recomendou-lhe ditar às suas duas secretárias o relato desses êxtases, que duravam do meio-dia às 3 horas da tarde. Com isto, recolheu uma documentação abundante e de alta qualidade. Alguns desses êxtases foram filmados e incorporados ao processo de beatificação.

Vivendo exclusivamente da Eucaristia

Num dia de 1942 ouviu a voz do Senhor dizendo-lhe: "Não te alimentarás mais com comida nesta terra. Tua comida será minha Carne, tua bebida será meu Sangue, tua vida será minha Vida". Assim se fez. Durante os últimos 13 anos de sua vida, Alexandrina não comeu nem bebeu mais nada. Alimentava-se exclusivamente da Eucaristia. Sua fome e sede somente por Deus podiam ser saciadas.

Ela comunicou a seu diretor espiritual o que Nosso Senhor lhe havia dito: "Estás vivendo só da Eucaristia porque quero mostrar ao mundo inteiro o poder da Eucaristia e o poder de minha Vida nas almas".

Decorreram, assim, longos anos de vida de vítima expiatória, entre atrozes sofrimentos, graças místicas insignes e, por incrível que possa parecer, algumas atividades apostólicas.

Alexandrina tornara-se muito conhecida. No ano de 1952, o número de visitantes aumentou a ponto de o Arcebispo de Braga publicar uma circular, declarando proibidas essas visitas. Porém, poucos meses depois, declarou anulada a circular, e a afluência de pessoas cresceu ainda mais. Em 9 de maio de 1953, recebeu quase 2 mil visitantes. Em 5 de junho, perto de 5 mil. E no dia 10 do mesmo mês, cerca de 6 mil.

"Não chorem por mim ... por fim, vou-me para o Céu"

No dia 13 de outubro de 1955, pouco depois de receber a Sagrada Eucaristia, faleceu a privilegiada participante da Paixão de Cristo Jesus. Suas últimas palavras foram: "Não chorem por mim, hoje sou imensamente feliz... por fim, vou-me para o Céu". Aos sacerdotes, peregrinos e jornalistas que abarrotavam o lugar, deu uma recomendação na qual se reconhece o eco da Mensagem de Fátima: "Não pequem mais. Os prazeres desta vida nada valem. Recebam a Comunhão, rezem o Rosário todos os dias. Isto resume tudo!"

O corpo de Alexandrina repousa na igreja paroquial de Balazar, perto do Sacrário. Seu processo de beatificação, aberto pelo Arcebispo de Braga em 1973, está concluído. No dia 25 deste mês, ela será proclamada Bem-Aventurada pelo Vigário de Cristo na terra, em cerimônia na Praça de São Pedro.

Sua longa vida de sofrimentos foi uma contínua prece pela conversão dos pecadores. No Céu, será ela certamente valiosa intercessora junto a Jesus e Maria para todos quantos a ela recorrerem, pedindo essa preciosa graça para si ou para terceiros.

Por Eurico Monteiro.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

WebTVCN

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quarta-feira, 30 de maio de 2012

terça-feira, 22 de maio de 2012

Santa Rita de Cássia


Velada pelas montanhas dos Apeninos e banhada pelas águas do rio Tibre, encontramo-nos em território italiano, num lugar que, sem dúvida, podemos considerar um berço de grandes santos: Úmbria de tantas belezas naturais é, também, um lugar de beleza da fé! Do coração da Itália, ainda hoje, ressoam no mundo católico as vozes e o exemplo de seus grandes filhos: Ângela de Foligno, José de Leonissa, Bento de Núrsia, Escolástica sua irmã, Clara e Francisco de Assis, da Úmbria e do mundo!

Porém, Deus, em sua infinita bondade, quis acrescentar à história de fé da Úmbria ainda uma mulher que, desde muito cedo apontava sinais de santidade e que foi gerada em meio a tantas orações e súplicas a Deus, tendo em vista que seus pais, já de idade avançada, não tinham constituído herdeiros. Assim, no ano de 1381, a vila de Roca Porena, escondida entre os montes, viu nascer aquela que seria mais tarde a grande Santa Rita.

Filha de pais pobres, Rita não teve tantas oportunidades como tiveram alguns conterrâneos seus, porém seus pais levaram a filhinha à riqueza inapreciável de uma boa educação, fundada nos princípios da fé e da moral cristã.

Desde criança, a menina Rita demonstrava que a vida é só uma e por isso não pode ser desperdiçada em busca de tesouros que as traças corroem e a ferrugem destrói. Seu modo de viver apontava-nos um caminho que deveria ser a regra de todo aquele que foi enxertado na Videira Verdadeira: nossa vida deve estar a serviço exclusivo de Deus para alcançarmos o céu!

Se o grande Redentor, um dia ousou resumir toda a lei em apenas um mandamento: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”, não precisaria outra regra para direcionar a sua vida. Por esta razão, Rita procurava até mesmo fazer, dos trabalhos domésticos e da obediência aos seus pais, uma expressão de retribuição ao amor de Deus e, consequentemente, um caminho de amor concreto para com o próximo.

Apesar de os pais de Rita ficarem felizes pelo modo de vida que esta levava em busca da santidade, grande foi a contrariedade quando descobriram que sua filha desejava ingressar na vida religiosa junto às Agostinianas. Por diversos motivos, porém, antes que Rita viesse a fazer parte da família Agostiniana, muitos sofrimentos, ainda, teria que passar.

Para fazer a vontade dos pais, contraiu núpcias com o jovem Paulo Ferdinando. Este, porém, tornou-se um grande algoz, que espancava barbaramente a jovem Rita. Dessa união nasceram dois filhos que foram praticamente educados só pela mãe, pois o pai havia sido assassinado quando eles tinham apenas dois anos. Aos quatorze anos de idade morrem também os filhos, após calorosas súplicas feitas pela mãe, que preferia perdê-los a vê-los vingar a morte do pai e sujar as mãos com sangue.

A Terra é com razão chamada de “Vale de lágrimas!” Para todos, a vida é uma luta, é mesmo “um combate!” Quem poderá contestar que a vida de Rita foi um espinhal de sofrimentos desde a sua mocidade, a violência sofrida no lar, e o assassinato do esposo, a morte dos filhos, a recusa inicial de ingressar no Convento após a sua viuvez etc. E mesmo no Convento, muitos sofrimentos próprios do novo estado de vida que abraçou foram modelando aquela que se tornaria um dia um dos grandes nomes da Vila de Roca Porena. Até mesmo a ferida aberta pelo espinho cravado em sua testa foi motivo de grande sofrimento, tendo em vista o odor desagradável que dele exalava e que, consequentemente, afastava as pessoas.

O sem fé sofre estoicamente, ou em sua impotência levanta-se contra o seu destino. Não assim o cristão! Este se acostuma a conhecer a mão de Deus em todos os lances de sua vida, e mesmo quando não os compreende e por vezes não desejaria viver, prefere abandonar-se todo inteiro nas mãos do Senhor. Na vida de Rita esse foi o grande diferencial: abandonar-se nas mãos do Senhor! Com Jesus, a Terra deixa de ser um vale de lágrimas sem sentido e passa a ser caminho de “conformação da própria vida com a vida de Cristo crucificado”.

Após percorrer a sua via dolorosa, aos 22 de maio de 1457, o Senhor quis colher do jardim, que é a Igreja, a sua preciosa rosa. O Monastério de Santa Maria Madalena, em Cássia, entregava a Deus e ao mundo uma das suas mais belas flores – Rita de Cássia agora pertencia ao mundo!

A devoção à bem-aventurada da Vila de Cássia rapidamente se estendeu sobre toda a Itália, chegando posteriormente a Portugal e Espanha, onde, por causa dos milagres obtidos por sua intercessão, o povo lhe deu o nome de “Santa das causas impossíveis”. Sua beatificação se deu em 1628, pelo papa Urbano VIII, e foi, enfim, canonizada em maio de 1900, pelo Papa Leão XIII.

No Brasil, tendo em vista o grande patrimônio religioso herdado dos portugueses, a devoção a Santa Rita chegou muito cedo. Por meio de um indulto do Papa Bento XIII, antes mesmo da canonização e 99 anos após a beatificação, construiu-se o primeiro templo dedicado à Bem-Aventurada no Rio de Janeiro, o primeiro das Américas. Hoje, são inúmeros os santuários, paróquias, comunidades dedicadas a Santa Rita em solo brasileiro, uma expressão da grande popularidade, amor e devoção da irmãzinha de Cássia que subiu à honra dos altares.
Enfim, o que fez essa mulher para se tornar tão amada por uma numerosa multidão de pessoas nas mais diferentes épocas e nações? O que podemos aprender com Santa Rita? Rita abandonou-se em Deus e Ele fez “o tudo” nela. Sua vida de entrega a Deus apontou para todos nós o caminho para o céu. Caminho este que é o da oração, jejum, mortificação dos próprios desejos, confiança em Deus, amor à Virgem Maria que desde criança Rita nutria, busca dos sacramentos e contemplação da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas não uma contemplação passiva como quem observa de fora, mas uma contemplação vivencial de quem quer trilhar a vida junto a Jesus.

Não perder de vista o Cristo Crucificado é o grande ensinamento de Santa Rita para todos nós. Que todos nós possamos, no matrimônio ou na vida religiosa, caminhar sempre ir com Cristo, pois Ele jamais nos decepciona.

Santa Rita de Cássia, rogai por nós!

† Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Procuremos a intimidade com São José



E assim encontraremos Jesus

Tens de amar muito São José, amá-lo com toda a tua alma, porque é a pessoa que, com Jesus, mais amou Santa Maria e quem mais privou com Deus: quem mais O amou, depois da nossa Mãe. Ele merece o teu carinho, e a ti convém-te buscar o seu convívio, porque é mestre de vida interior e pode muito diante do Senhor e diante da Mãe de Deus (Forja, 554).

Nas coisas humanas, José foi mestre de Jesus; conviveu diariamente com Ele, com carinho delicado, e cuidou d'Ele com abnegação alegre. Não será esta uma boa razão para considerarmos esse varão justo, esse Santo Patriarca, em quem culmina a fé da Antiga Aliança, como mestre de vida interior? A vida interior não é outra coisa senão uma relação de amizade assídua e íntima com Cristo, para nos identificarmos com Ele. E José saberá dizer-nos muitas coisas sobre Jesus. Por isso, não abandonemos nunca a devoção que lhe dedicamos: Ite ad Ioseph, ide a José, como diz a tradição cristã, servindo-se de uma frase tirada do Antigo Testamento.

Mestre de vida interior, trabalhador empenhado no seu ofício, servidor fiel de Deus, em relação contínua com Jesus: este é José. Ite ad Ioseph. Com São José, o cristão aprende o que significa pertencer a Deus e estar plenamente entre os homens, santificando o mundo. Procuremos a intimidade com José, e encontraremos Maria, que encheu sempre de paz a amável oficina de Nazaré. (É Cristo que passa, n. 56)

A Igreja inteira reconhece em São José o seu protetor e padroeiro. Ao longo dos séculos, tem-se falado dele sublinhando diversos aspectos da sua vida, continuamente fiel à missão que Deus lhe confiou. Por isso, desde há muitos anos, agrada-me invocá-lo com este título muito íntimo: nosso pai e senhor.

São José é realmente pai e senhor: protege e acompanha no seu caminho terreno aqueles que o veneram, como protegeu e acompanhou Jesus enquanto crescia e se tornava homem. (É Cristo que passa, n. 36)

São Josemaría Escrivá



domingo, 29 de abril de 2012

Árvore do mal 2 - Padre José Fortea


“Conduziu-me então à entrada do templo. Eis que águas jorravam de sob o limiar do edifício, em direção ao oriente (porque a fachada do templo olhava para o oriente). Essa água escorria por baixo do lado direito do templo, ao sul do altar. Ao longo da torrente, em cada uma de suas margens, crescerão árvores frutíferas de toda espécie, e sua folhagem não murchará, e não cessarão jamais de dar frutos: todos os meses frutos novos, porque essas águas vêm do santuário. Seus frutos serão comestíveis e suas folhas servirão de remédio.” (Ezequiel 47, 1.12)

Veja como este texto tem ressonância com o texto de Gênesis que lemos na pregação anterior. Aqui o profeta fala de um 'novo rio', um rio que jorra de dentro do templo; um rio espiritual, ao mesmo tempo que este templo é um templo espiritual.

A árvore da vida, que é Jesus, tem suas folhagens que é a Igreja e seus frutos que são os pregadores que dão de comer aos outros. Estes pregadores são sacerdotes e leigos; pois existe leigos cuja árvore é maior e mais frutuosa que a árvore de um sacerdote, do que a de um bispo e até um Papa. Certamente aqui há leigos que são mais santos do que certos Papas da história da Igreja. Se um Papa quer ser santo ele tem os mesmos meios que vocês leigos.

Os sacerdotes deveriam ser santos porque tocam as coisas santas, mas não está escrito em nenhum lugar que eles devem ser mais santos do que os leigos. Portanto se vocês encontrarem um sacerdote que não leva uma vida digna isso não deve surpreender vocês, porque eles possuem os mesmos meios do que os leigos.

Na palavra diz que “ Ao longo da torrente, em cada uma de suas margens, crescerão árvores frutíferas de toda espécie”. Eu vejo muitas pessoas dizendo: “Se Igreja tivesse os padres de antigamente, se fossem os santos de antigamente eu me aproximaria deles, mas estes de hoje...” Muitos dizem: “a igreja de hoje já não tem a mesma santidade de antes”. Veja o que a Palavra diz: “ sua folhagem não murchará, e não cessarão jamais de dar frutos”. Esta folhas são as boas obras da Igreja, e para cada época existe uma folhagem nova.

Muitas árvores são as boa obras sacerdotais, outras são obras dos leigos que se comprometem com o Reino de Deus, outros são os crentes que sofrem enfermidades. Veja que as folhas desta árvore são folhas medicinais, as mesmas que também encontramos no Livro do Apocalipse:

“No meio da avenida e às duas margens do rio, achava-se uma árvore da vida, que produz doze frutos, dando cada mês um fruto, servindo as folhas da árvore para curar as nações.” (Ap 22, 2)

Este outro rio, que brota do Trono do Cordeiro, possui em ambas as margem, a árvore da vida. É quase palavra por palavra do livro de Ezequiel. E o que são estas folhas medicinais para os pagão e para os povos? Uma outra interpretação é que as folhas são as folhas da Palavra de Deus, e os frutos são os sacramentos.

Nós nos acostumamos com coisas extraordinária. Na leitura da Palavra de Deus, não busque coisas extraordinárias, busque as coisas simples. Você precisa sentar como um estudante que tem diante dele um professor e dizer para este professor: “nos ensine!”. São estas folhas que curam, que trazem o remédio de Deus
Não se trata de avançar com rapidez, nem ler muitos livros sobre a Sagrada Escritura, se trata de ir penetrando na Palavra de Deus aos poucos e tê-la como alimento espiritual. Os padres do deserto só levavam poucos livros da bíblia para o deserto e refletiam sobre aqueles poucos textos. Aqui não se trata de quantidade, mas qualidade da escuta da Palavra de Deus. As coisas extraordinárias atrapalham a verdadeira escuta da palavra.

Não pare na procura de coisas extraordinária na leitura da Palavra de Deus, avance nas coisas simples.

O importante é escutar. O discípulo é aquele que escuta mas do que aquele que fala. Eu me encontro com muitas pessoas que querem pregar muito, ter um apostolado para falar de Deus, mas muitas destas pessoas não falam com Deus.

O apostolado terá fruto na medida que você estiver com Deus. Quanto mais tempo com Ele mais fruto no seu ministério. A oração mais profunda é aquela onde o Pai pode se comunicar de forma mais silenciosa, e isto acontece quando estamos concentrados na solidão com Deus.

A fome pelo extraordinário faz com que erremos em nosso discernimento do que vem de Deus. Eu, por exemplo, não me importo com e-mails que dizem que a Virgem está aparecendo em tal e tal lugar. Aqui não estou dizendo que a Virgem não apareça, mas é preciso suspender o juízo sobre a veracidade destas mensagens, porque muitas vezes atrás destas mensagens que chegam por e-mails estão escondidas tentativas de ofuscar o que é simples.

Transcrição e adaptação: Daniel Machado

Padre José Antoneo Fortea

Sacerdote da Diocese de Madri (Espanha)